Aumento de despesa com pessoal tira sono da Prefeitura de Marabá

Tião Miranda sabe bem o que é isso: ele recebeu, em 2017, um município que extrapolava teto de gastos com salários e demorou dois anos para tirar Marabá do fundo do poço e colocar nos trilhos do desenvolvimento. Mas, nos últimos anos, receita passou a crescer com morosidade

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O governo de Tião Miranda, que se despede da Prefeitura de Marabá e passará o bastão em 1º de janeiro para Toni Cunha, está a um ponto percentual de tocar no limite de alerta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para gastos com pessoal. E isso não é bom.

Demonstrando mãos de ferro durante oito anos como prefeito, com pouca sinalização positiva para o funcionalismo público, Tião Miranda pode passar o bastão ao sucessor com a gestão fiscal comprometida. A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou a prestação de contas do 2º quadrimestre que a Prefeitura de Marabá fez na semana passada a órgãos de controle externo. A apuração leva em conta 12 meses corridos, entre setembro de 2023 e agosto de 2024.

No Relatório de Gestão Fiscal (RGF), a administração de Tião Miranda reportou gastos com pessoal da ordem de R$ 682.187.911,45, o correspondente a 47,59% da arrecadação líquida, que totalizou R$ 1.433.578.621,90 para efeitos de cálculo — porque leva em consideração a dedução de R$ 4.501.981,76 repassada pela União para pagamento de salários dos agentes comunitários de saúde e de combate a endemias.

DILEMA FISCAL DA PREFEITURA DE MARABÁ | EM 12 MESES

GASTOS COM FOLHA — R$ 682.187.911,45

RECEITA LÍQUIDA — R$ 1.433.578.621,90

COMPROMETIMENTO — 47,59% (próximo ao limite de alerta, de 48,6%)

Marabá quase no limite

Do ponto de vista fiscal, o problema desses milhões gastos com pagamentos de salários é que o valor está praticamente no limite, mas o ano ainda não acabou e sabidamente a folha de dezembro, com o pagamento do décimo terceiro salário, é a mais pesada.

A Prefeitura de Marabá teria, hoje, possibilidade de gastar até R$ 696.719.210,25 com o funcionalismo. A partir daí, entra no limite de alerta (48,6%) e se candidata aos próximos pisos, que são os limites prudencial (51,3%) e máximo (54%). Quando uma prefeitura entra nessa espécie de “zona de risco” de gastos, passa anos para sair dela.

E Tião Miranda sabe bem o que é isso porque recebeu a Prefeitura de Marabá de seu antecessor, João Salame, em forma de terra arrasada. Salame passou para frente, ao final de 2016, uma prefeitura cuja receita líquida era de R$ 683.888.521,90, mas que gastava R$ 385.778.848,99 com salários, o equivalente a 56,41% — acima, portanto, do limite máximo (54%) da LRF.

Com severa política de congelamento de salários e arrocho fiscal, Tião Miranda conseguiu, ao final de 2017, fechar a despesa com pessoal em 49,26% da receita, abaixo dos limites máximo e prudencial. Mas foi só no final de 2018 que Tião conseguiu, enfim, tirar Marabá do fundo do poço e controlar as contas, herdadas destroçadas da gestão anterior.

A receita cresceu, Marabá voltou a prosperar e virou um canteiro de obras, com praças reconstruídas ou reformadas, pavimentação, drenagem e até uma nova ponte de interligação dos dois núcleos mais populosos da zona urbana.

Tião, contudo, nunca conseguiu agradar os servidores públicos municipais, que se queixam em voz quase uníssona dos salários baixos pagos pela prefeitura. Mas também ele jamais deixou que os pagamentos atrasassem, sendo conhecido pela pontualidade em honrar compromissos, acima de quaisquer críticas e suspeitas.

Arrecadação fadigada

Há dois anos, a receita de Marabá — que vinha na velocidade de guepardo — cansou-se de crescer. Num passado não muito distante, a prefeitura local arrecadava mais que capitais como Rio Branco e Macapá e ameaçava deixar Palmas para trás. A Prefeitura de Marabá chegou a ser uma das 80 mais ricas do Brasil, mas agora deixou o pelotão das 100 mais endinheiradas. Na verdade, até houve crescimento da receita, mas em ritmo mais lento em relação à grande parte dos demais municípios.

Agora, a corrida contra o tempo do governo Tião é para entregar uma prefeitura com as contas saneadas ao próximo gestor. Ele não quer, em hipótese alguma, passar para frente o município tal como recebeu, endividado, sem crédito e sem reputação na praça. Como um homem de grandes realizações, pouco político, mas administrador pé no chão, Tião Miranda certamente conseguirá suportar as despesas que crescem no Natal e enxugar as contas de Marabá. Resta saber onde e quem serão alvos da tesourada.

8 comentários em “Aumento de despesa com pessoal tira sono da Prefeitura de Marabá

  1. MESSIAS ASSIS Responder

    Marabá poderia está muito a frente se o TURISMO fosse visto como fonte de emprego e renda para população. O setor de Turismo em Marabá está atrasado uns 20 anos por conta de políticos sem idéias e péssimos gestores. Esperamos que Toni Cunha mude essa realidade e Marabá possa explorar essa atividade econômica lucrativa que é o Turismo.

  2. DIRCEU CAVALCANTE NEVES Responder

    Desenvolvimento da onde, Marabá parou no tempo, do que adianta Marabá ter 2 bilhões nos cofres públicos se a gente não tem nada, o prefeito não busca nada pra Marabá, construiu uma ponte, aí quando eu precisar de emprego eu vou pra cima da ponte, se precisar de saúde vou pra cima da ponte, educação, ponte e praça. O governo do Tião se resume a isso e gari nas ruas, fora isso temos nada, se a cidade tivesse tão bem assim a gente não teria perdido população para Parauapebas e canaã.

  3. Carlos Borromeu Responder

    Não é fácil assumir a prefeitura de Marabá depois do Tião Miranda.

    Criticar Tião por não ter investido no social, de não ter incentivado a economia, isso é fato.
    Mas temos que reconhecer que Marabá está bem melhor do que antes do Tião Miranda.

    Marabá também tem um grande problema com a saúde, que já vem de muito tempo, e vem crescendo com o passar dos anos .

    Todos os municípios ao redor de Marabá, é socorrido pelo hospital municipal de Marabá.
    Seria bom que os municípios investissem na saúde de seus municípios ao invés de comprar ambulância para trazer seus pacientes à Marabá.

    Seria importante que em Marabá tivesse um programa econômico social, para fazer crescer a renda, e gerar impostos no município.

    O Cred Cidadão do município, seria de grande importância para atender a camada que tem um poder aquisitivo menor, tanto na cidade como na área rural na agricultura familiar.

    Que a próxima administração venha governar com amor ao povo marabaense, sabendo que em Marabá tem uma população que precisa muito da gestão pública.

    Por fim, quero dizer, o que prejudica o município, é a sonegação, a corrupção, e as obras que dão despesas, mas que não são prioridades para a população, não a folha de pagamento.

    Vejam que cada R$1,00 que um funcionário gasta quando recebe seu salário, esse R$1,00 circula na economia, e volta para o fisco R$1,70.
    Os funcionários públicos não dão prejuízo ao município, dão lucros.

    Carlos Borromeu

  4. Edevaldo Silva Responder

    O caro amigo só esqueceu de citar em sua reportagem que os gastos com pessoal está nessa magnitude, por conta dos cabides de emprego de vereadores e só próprio Tião Miranda, que pós a família inteira na prefeitura!!! Enquanto esses recebem bem e incham a folha, o servidor público concurso ao qual Tião Miranda não faz questão nenhuma de esconder que tem raiva recebem um salário de miséria!!!

    • ROMEU JOSE EVANGELISTA FILHO Responder

      □□□ esse @Zédudu.com.br já está tirando o do Tião da reta, quando o Toni abrir a caixa preta, vai dar muita cadeia !!!! Zé babão

      • Carlos Borromeu Responder

        Meu caro, essa fala de caixa preta é velha, assim o Bozo dizia do BNDES, e a caixa foi aberta e não tinha nada de errado.
        O próximo governo tem que baixar a guarda e correr atrás de verbas para o município.
        Verbas não cai do céu como Maná.
        E as verbas estão no governo federal e estadual.

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