Áreas agrícolas têm maior avanço do Brasil em Santarém e Paragominas

Microrregiões desses municípios são puxadas pelo crescimento acelerado da soja. Santarém é movido pela produção do norte do Mato Grosso e Paragominas, pela intensidade do Maranhão.

Continua depois da publicidade

A expansão da soja no Pará levou as regiões de Santarém, no oeste, e Paragominas, no sudeste do estado, a ocuparem o topo nacional do crescimento das áreas agrícolas em 2018. Naquele ano, 665 mil quilômetros quadrados do território nacional já estavam comprometidos com lavouras, o equivalente à soma das áreas dos estados da Bahia e de Pernambuco, ou pouco mais da metade do território paraense.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou um estudo divulgado na manhã de ontem, quinta-feira (26), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa monitora a cobertura e o uso da terra no país no período entre 2000 e 2018. Segundo o instituto, a região de Santarém é margeada pela expansão da soja no norte do Mato Grosso, enquanto a região de Paragominas faz divisa com o estado do Maranhão, que tem na região de Imperatriz o grande carreador do desenvolvimento agrícola e da silvicultura naquela Unidade da Federação. Maranhão também faz parte do cinturão do “Matopiba”, sigla que comercialmente o une ao Tocantins, ao Piauí e à Bahia por causa da fronteira agrícola comum.

De acordo com o IBGE, houve “aumento de 45% das áreas destinadas à produção agrícola”, com destaque para os períodos de 2000 a 2010 e de 2012 a 2014. No caso específico do Pará, o Blog do Zé Dudu identificou que houve redução na área de vegetação florestal, que ocupava 1,004 milhão de quilômetros quadrados do Pará em 2000 e foi reduzida a 888 mil quilômetros quadrados em 2018, enquanto o crescimento de pastagens mais que dobrou no período, saltando de 74 mil quilômetros quadrados para 158 mil. Já a área agrícola saltou 736%, passando de 1,1 mil quilômetros quadrados para 9,2 mil quilômetros quarados.

Comparativamente, o Pará perdeu quase três estados do Rio de Janeiro em florestas em quase duas décadas ao mesmo tempo em que ganhou praticamente dois Rio de Janeiro em pastagens. A tendência é de que o estado, até 2050, torne-se um grande pasto a céu aberto, ampliando sua participação na produção agrícola nacional, ao passo que elimina a cobertura vegetal natural e ecossistemas diversos.