Analfabetos ainda humilham graduados no Pará

Batalha numérica é de 640 mil analfabetos ante 628 mil com superior completo. Batalhão de pessoas sem instrução no estado revela face da desigualdade puxada pela educação precária.

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Estado com um dos piores indicadores de desenvolvimento do país e com extrema dificuldade em virar o jogo em várias áreas basilares para turbinar a qualidade de vida da população, o Pará segue sendo um dos maiores bolsões de cidadãos sem instrução do país. As informações provêm da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T), assinada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Pará contabiliza, em pleno século 21, uma população de 640 mil pessoas que estudaram menos de um ano ou de jeito algum. É uma caravana que daria para erguer do nada três cidades do tamanho de Parauapebas só com analfabetos e cidadãos sem instrução. Infelizmente, essa é a 8ª maior população de desinstruídos do Brasil, à frente dos volumes registrados no Paraná (625 mil) e no Rio Grande do Sul (472 mil), estados bem mais populosos que o Pará.

Segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo do estado nortista está em 8,1%. Ela é superior à taxa de pessoas com ensino superior completo, de 7,9%. Atualmente, o Pará tem 628 mil habitantes com diploma de ensino superior. É bem menos que os volumes de Santa Catarina (998 mil), Goiás (807 mil) e Distrito Federal (740 mil), Unidades da Federação com muito menos habitantes.

2º pior em nível superior

A maior economia da Região Norte é um dos poucos lugares do país onde, ainda hoje, os analfabetos são maioria. Nos vizinhos Amazonas, Amapá e Tocantins, por exemplo, enquanto o analfabetismo gira em 8,1%, 8,6% e 9,8% respectivamente, a taxa de população com nível superior alcança 10,3%, 11,3% e 12,1%.

Além do descompasso, o Pará também possui a 2ª pior proporção de população com diploma universitário. Os 7,9% de paraenses com curso superior só não perdem para os 6,4% de maranhenses. Em Alagoas e Piauí, considerados estados “atrasados” como o Pará, as taxas são de 8,2% e 9%. A melhor situação é registrada no Distrito Federal, onde 25,8% dos moradores têm ensino superior completo. Em seguida vêm São Paulo (17,8%) e Rio de Janeiro (17,5%).

Em termos de analfabetismo, as maiores taxas são verificadas em Alagoas (14,1%), Piauí (12,6%), Maranhão (12,2%) e Bahia (12,1%). Por outro lado, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (4,4%) ostentam a menor taxa do país, seguidos de perto por Rio de Janeiro (4,5%) e São Paulo (4,7%). O Brasil registrava até março 13,898 milhões de cidadãos sem instrução (7% da população), mas praticamente o dobro com ensino superior completo, 26,187 milhões (13,3%).

Entre as capitais, Belém tem a 9ª menor taxa de analfabetismo do país, 4,1%, a melhor da Região Norte e que supera capitais como Goiânia (GO), 4,8%, e Recife (PE), 4,7%. São 58 mil analfabetos na capital paraense ante 252 mil pessoas com canudo de faculdade nas mãos. Nesse critério de ensino superior, entretanto, Belém é a 10ª pior capital, com apenas 17,9% de sua população diplomada. É praticamente metade da taxa de Vitória (ES), onde 34,1% dos moradores concluíram curso superior.