Aliança não sai do papel e Bolsonaro será filiado no Patriota

Presidente só poderá disputar a reeleição se for filiado a partido político
Presidente só poderá disputar a reeleição se for filiado a partido político

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Brasília – Pressionado pela legislação eleitoral que estabelece prazo até o final do mês de março deste ano para que esteja apto a disputar a reeleição de 2022, e diante da inviabilidade de criar o seu próprio partido, o Aliança, que nunca saiu do papel, e sem partido desde novembro do ano passado, quando deixou o PSL, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que pretende se filiar a uma nova legenda até o final do prazo obrigatório. Ele contou ter recebido vários convites, tanto de partidos maiores, como o Progressistas e o PTB, quanto de inexpressivos, mas, ao que tudo indica, o presidente deve se filiar ao Patriota, antigo PEN Partido Ecológico Nacional, para “loucura” dos ecologistas que o acusam de “abrir a porteira” do desmatamento no país.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abriu há meses as conversas e negociações para se filiar a um partido para chamar de seu. Entretanto, a tarefa não será tão simples, mesmo no nanico Patriota, que estendeu o “tapete vermelho” para receber o presidente, embora a cúpula do partido esteja em plena guerra intestina. No popular, os caciques do partido “estão se comendo”, num fratricida “banquete antropofágico.”

É nesse clima que agendado para essa sexta-feira (12), o encontro entre o presidente Jair Bolsonaro com sete membros do Conselho Político do Patriota, iniciando oficialmente as negociações para que o líder da Nação engaje nas fileiras do partido. O compromisso não consta na agenda oficial do presidente, mas foi confirmada por integrantes da sigla. Bolsonaro diz estar de “namoro” com o partido pelo qual não esconde a preferência para disputar a reeleição em 2022. A intenção do presidente e de seu grupo é assumir o controle do Patriota, mas um racha na cúpula da legenda ameaça os planos do chefe do Executivo.

Despistando, o presidente do Patriota, Adilson Barroso, não esconde o desejo de ter Bolsonaro no partido, mas insiste que, apesar de o presidente falar em “namoro”, nada avançou. O dirigente da legenda, que está em Brasília, confirmou a reunião com os conselheiros, entre eles o líder do Patriota na Câmara, Fred Costa (MG), mas negou sua participação, dizendo que não foi convidado.

“Ele (Bolsonaro) pode estar paquerando. Não é namoro ainda. Se ele chamar para namorar, vamos conversar” disse o presidente do Patriota.

Barroso diz querer retomar a história interrompida em fevereiro de 2018. No ano anterior, ele havia mudado o nome da sigla de Partido Ecológico Nacional (PEN) para Patriota para receber o então deputado federal como candidato à Presidência. Após interferência do advogado Gustavo Bebianno, ex-ministro morto em 2020, Bolsonaro se filiou ao PSL.

“Agora, se der certo, não tem essa de namoro mais não. Tem que ir direto para o cartório. Já conhece, então tem que casar logo de papel passado”, disse Barroso.

Na segunda-feira (8), em entrevista à TV Band, Bolsonaro disse que quer definir sua nova legenda em março e que está “namorando alguns partidos, dentre eles, um tal de Patriota”. O presidente, disse então, que não poderá ir para um partido que não seja “autoridade”, como ocorreu no PSL.

Na época, Bolsonaro e Bebianno só negociaram ficar no comando do PSL durante o período eleitoral. Após a disputa, o partido nanico virou a segunda maior bancada federal com um fundo partidário que pode chegar a R$ 500 milhões até 2022. A briga pelo controle do caixa culminou na saída do presidente do partido em novembro de 2019.

A filiação de Bolsonaro, no entanto, não depende apenas de Barroso, que atualmente não tem maioria na sigla. Em 2018, o Patriota, para cumprir a cláusula de barreira e ter direito ao fundo partidário, anunciou a fusão com o PRP, controlado por Ovasco Resende. Barroso, embora se mantenha na presidência, tem apenas cerca de 30% da sigla, enquanto Resende domina 50%. Os cerca de 20% restante estão nas mãos de parlamentares.

Vice-presidente do Patriota, Resende sinaliza que não está disposto a entregar o controle da legenda para Bolsonaro. Em entrevista à revista Época, o dirigente afirmou que tudo deverá ser decidido pelos integrantes do partido, mas não cogita entregar o poder.

“Trabalhamos com construção e com o tempo, que vai alinhavando uma relação. Não existe possibilidade nenhuma de qualquer liderança vir para tomar o comando do partido. Isso é fora de qualquer mesa de conversa. Ou se confia no partido para o qual você vem ou não. Somos um partido sério”, disse Ovasco Resende.

Histórico de filiações

Vereador
O presidente Jair Bolsonaro começou a sua carreira política em 1988, elegendo-se vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão. Segundo seu filho Flávio Bolsonaro, senador pelo Republicanos do Rio de Janeiro, o presidente “foi candidato a vereador porque calhou de ser a única opção que possuía no momento para evitar que fosse vítima de perseguição por parte de alguns superiores. Seu ingresso na política aconteceu por acaso, pois sua vontade era dar continuidade na carreira militar”. Assumiu seu mandato em 1989, ficando apenas dois anos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Deputado Federal
Na metade do mandato como vereador, Bolsonaro arriscou uma candidatura à deputado federal nas eleições de 1990, elegendo-se pelo PDC. Viriam em seguida outros seis mandatos sucessivos. Além do PDC, foi filiado a outros oito partidos ao longo de sua carreira política: PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-2017)[28] e o PSL (2018-2019),[31] Em 2017, declarou que já havia pensado em se filiar ao Prona, também chegando a conversar sobre sua filiação ao PEN, atual Patriota, mas nada se concretizou. E é justamente no Patriota que Bolsonaro pode ter guarita para concorrer à reeleição em 2022.

Segundo as últimas pesquisas de institutos de opinião pública, o presidente Jair Bolsonaro é o único pré-candidato, mesmo não declarado, com assento garantido caso haja 2º turno nas próximas eleições gerais do Brasil em 2022.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.

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