Adepará e entidades da cadeia pecuária discutem retirada da vacina contra aftosa

Avanços e desafios foram discutidos durante o V Fórum de Vigilância para a Febre Aftosa, realizado na Faepa, em Belém

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Em 2023, mais de 100 milhões de animais do rebanho brasileiro deixarão de ser vacinados contra a febre aftosa. É que seis seis estados (Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins), mais o Distrito Federal (DF), evoluíram nas medidas sanitárias e foram considerados zonas livres da febre aftosa sem vacinação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O Pará é um dos estados da região Norte que pleiteiam a retirada da vacina, junto com o Amapá, Amazonas e Roraima. Ele integra o Bloco II do Plano Estratégico Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) e tem realizado esforços no sentido de também obter o reconhecimento de zona livre.

Com mais de 25 milhões de cabeças de gado (25.393,591 milhões, ao todo), o estado tem o terceiro maior rebanho do país, sendo reconhecido, desde 2018, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como ‘estado livre de febre aftosa com vacinação’.

Pelo que representa para a pecuária nacional, o Pará, por meio da sua Agência de Defesa Agropecuária (Adepará) e instituições parceiras, tem atuado em conjunto com o Mapa para substituir gradualmente a vacinação por outras medidas sanitárias de controle da doença, mas isso depende do aprimoramento dos mecanismos de vigilância e o fortalecimento do sistema de prevenção e detecção precoce da aftosa.

O assunto foi tema central do V Fórum de Vigilância para a Febre Aftosa, realizado nesta segunda-feira (7), no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), pela equipe gestora do Plano Estratégico Estadual de Erradicação da Febre Aftosa (EGE-PA), formada por diversas instituições do setor público e da iniciativa privada.

As ações do Plano Estratégico 2017-2026, que prevê a retirada da vacina no Pará, e os desafios para a vigilância sanitária do serviço veterinário oficial foram abordados em três palestras e uma mesa redonda, que contaram com a participação de exportadores de gado.

Diretor geral da Adepará, o médico veterinário Jamir Macedo ressaltou que, na última etapa de vacinação, em maio, o Pará obteve índice de cobertura vacinal histórico, acima de 98%. “Nós alcançamos um índice nunca antes atingido, o que demonstra o trabalho realizado pela Adepará e a conscientização do produtor rural que adquire a vacina e imuniza o seu rebanho e também demonstra toda ação conjunta realizada pelas instituições parceiras que apoiam e estão diretamente relacionadas à produção agropecuária,” explica.

O evento, sediado na capital do estado, contou com a participação do diretor do Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Geraldo Marcos. O veterinário Márcio Petró, da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron), compartilhou a experiência do seu estado no processo de retirada da vacina, em palestra intitulada “Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação: Desafios e Perspectivas”. Ele enfatizou a informação como instrumento vital para que os produtores entendam a responsabilidade que têm em um cenário de febre aftosa sem vacinação.

O Fórum contou com a parceria da Adepará, Mapa, Faepa, Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca (Sedap), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), Conselho Regional de Medicina Veterinária do Pará (CRMV/PA) e Associação de Criadores do Pará (Acripará).

Também foi possível acompanhar o evento ao vivo pelo canal do YouTube da Federação, o que mobilizou mais de cem pessoas de forma remota. Os participantes destacaram a importância do Fórum para o andamento do plano estratégico nacional e a situação do Pará, frente ao cenário futuro de status sanitário e perspectivas de ampliação de mercados.

“Nós já somos livres da febre aftosa, mas com vacinação. Vamos discutir agora a possibilidade da suspensão da vacina. Se conseguirmos esse objetivo, isso vai trazer uma economia de mais de 200 milhões de reais por ano e nós vamos atender no mercado internacional algumas nações que não importam carne de países que ainda utilizam a vacina da febre aftosa,” afirmou o presidente da Faepa, Carlos Xavier.

Qualidade

Em maio de 2018, o Pará deu um passo importante na garantia da qualidade da carne paraense e na eficácia da preservação da sanidade dos animais, quando recebeu o reconhecimento internacional de área 100% livre da febre aftosa, durante a programação da 86ª Assembleia Geral da OIE, em Paris, na França. A entrega ocorreu em conjunto com outros estados brasileiros que também alcançaram a certificação, como Amapá, Amazonas e Roraima.