Acadêmicos de Biomedicina da Uepa em Marabá reclamam da falta de professores

A turma de 2017 teme ter a formação prejudicada pela ausência de um professor supervisor do estágio obrigatório. Em resposta ao Blog, reitoria diz que um profissional será contratado nesta sexta

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Acadêmicos do Curso de Biomedicina – Turma de 2017, do Campus da Uepa (Universidade Estadual do Pará) em Marabá, temem ter a formação prejudicada pela falta de professor supervisor de estágio obrigatório, uma das matérias da reta final do curso, além dos TCCs (Trabalhos de Conclusão de Curso) I e II.

O alerta é da coordenadora-geral do Centro Acadêmico do Curso de Biomedicina – Turma 2017, Amanda Beatriz Adriano da Silva, e do acadêmico João Alphonse Apóstolo Heyembeeck. Segundo eles, para os dois TCCs já há professores, mas para estágio supervisionado, parte importante e indispensável para a formação, até a tarde desta quinta-feira (17), não havia professor contratado, apesar das inúmeras solicitações enviadas para a reitoria e para a vice-reitoria da instituição, em Belém.

João Alphonse e Amanda Beatriz

O estágio deveria ter iniciado em 23 de novembro passado e a vice-reitoria já tinha conhecimento do problema, mas não deu etorno aos pedidos. “A vice-reitoria tinha tem ciência antes mesmo do início das aulas. Até 18 novembro, o curso estava com 11 matérias pendentes, porque não havia professores para as disciplinas. No dia 18, em uma reunião, o coordenador-adjunto conseguiu lotar professores para seis matérias”, conta Amanda Beatriz.

Edital beneficiou só o curso de Medicina

Segundo ela, os acadêmicos do curso fizeram “um mutirão de e-mails” para a vice-reitoria da Uepa. Em 27 de novembro, o vice-reitor respondeu aos e-mails, afirmando que daria um retorno no dia 30, mas até ontem não havia respondido.

“Uma coisa nos deixou indignados: o lançamento de um edital, em 3 de dezembro, oferecendo vagas para professores substitutos do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde), mas, para o curso de Medicina e não para supervisor de estágio. Isso coloca em xeque a nossa formação”, reclama a acadêmica de Biomedicina.

Não é de hoje, segundo a estudante, que há ausência de resposta. Para ela, isso coloca em xeque o lema da Uepa: Ensino, Pesquisa e Extensão. “Se não há professor para fazer projetos de extensão nem para pesquisar, a demanda para que isso seja realizada é como se [o lema] fosse uma mentira”, desabafa, Amanda que defende a coordenação do Campus e a coordenação-adjunta do curso, que, segundo ela, não vêm medindo esforços para regularizar a situação.

Apelo ao Ministério Público Federal

No último dia 14, Coordenação-Geral do Centro Acadêmico do Curso de Biomedicina – Turma 2017 – chegou a protocolar no Ministério Público Federal um documento de quatro páginas, intitulado “Necessidade Urgente de Professores para o Curso de Biomedicina, Campus VIII, Uepa-Marabá”, no qual relata o problema e pede a ajuda do órgão.

“Concluímos que não queremos ser esquecidos como nos anos anteriores, queremos crescimento para o curso, além de desenvolvimento profissional e científico. Lembramos também que sem oportunidades não há inclusão, e sem inclusão, há aumento da desigualdade social. Com desigualdade social a luta por um ensino público de qualidade continuará ainda mais difícil, e a ciência não poderá ser utilizada com o real potencial de transformação social que possui”, encerra o documento com um apelo.

João Alphonse lembra que pressões foram feitas, pela reitoria da Uepa e pelo governo do Estado, para que as aulas fossem retomadas, e indaga: “Mas como pensar que eles seriam capazes de garantir condições sanitárias básicas para que as aulas voltassem em segurança?”, acrescentando que nem essencial havia: professores.

Faltam equipamentos e materiais no Campus

O acadêmico de Biomedicina ressaltou ainda uma declaração do governador Helder Barbalho (MDB), no Twitter, na qual ele anuncia a implantação do curso de Medicina no Campus de Castanhal.

“Fazer isso seria negligenciar os problemas existentes nos demais campi do interior. Aqui, por exemplo, o laboratório não tem os reagentes nem equipamentos suficientes para realizar pesquisas e ter as aulas práticas previstas. Hoje temos o espaço físico, mas não existem os materiais necessários para trabalhar. Não há professor para orientar, não há nem EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)”, afirma.

Sobre os EPIs, Amanda Beatriz diz que até o momento esse material não foi repassado ao Campus de Marabá e lembra que existem laboratórios de Biomedicina na Uepa local, cujo orientador tira dinheiro do bolso para comprar máscaras e luvas.

“Isso é responsabilidade do governo, da Uepa. Já estamos pensando nisso na hora do estágio, ainda mais nesse período de pandemia, indagando se teremos luvas, máscaras, viseira? Já ouvimos de turmas passadas que eles tiveram de tirar do próprio bolso pra comprar caixa de luvas”, lamenta.

Reitoria promete contratar professor nesta sexta-feira (18) 

Questionada sobre a falta de professores na Uepa, por meio da Assessoria de Comunicação, a reitoria da instituição respondeu:

“A Universidade do Estado do Pará (Uepa) informa que, para atender à demanda do Curso de Biomedicina em Marabá, contratou neste mês de dezembro uma docente para a área de conhecimento “Patologia/Tópicos Especiais em Patologia / Imunologia”. A profissional já integra o quadro docente e assim dará continuidade às disciplinas.

Já em relação ao Estágio Supervisionado, está em fase final a contratação de um professor, em caráter de urgência. A previsão é que até a próxima sexta-feira,18, seja efetivada a admissão.

A Uepa reafirma o compromisso com a educação e empenha esforços para solucionar a contratação de professores, sem prejuízos à continuidade do calendário acadêmico no Campus VIII”.

Por Eleuterio Gomes – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Marabá