A arte de fazer política

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No ano passado, enquanto fazia sua campanha para deputado federal, em uma entrevista à rádio Arara Azul FM, o ex-deputado estadual, ex-prefeito e ex-vereador Faisal Salmen disse que não deveria existir Câmara de Vereadores em Parauapebas e pelo Brasil.

Particularmente discordo, em parte, deste que foi quem primeiro sentou na cadeira de prefeito de Parauapebas e, mesmo passados vinte anos, ainda detém uma boa gama de simpatizantes na capital do minério.

Charge Carajás O jornalSem querer generalizar, adepto que sou de que toda regra tem exceção, acredito que a culpa de boa parte da população pensar como Faisal é dos próprios vereadores, que não cumprem seu papel de forma correta e em muitas das vezes se deixam levar pelo poder aparente do cargo, quando bastaria dizer um NÃO à um pedido de favor do eleitor ou mostrar a esse “pedinte” não ser esse o seu papel. Como não conseguem fazê-lo, por puro medo de uma possível perda de confiança, alguns se vestem de um personagem que aparentemente tem mais poder do que a realidade apresenta.

Em virtude deste papel, e para que ele seja mostrado com louvor, o edil força situações, faz acordos, interfere no executivo, recebe pastas pra chamar de sua, vira aliado de primeira hora e consequentemente refém do poder que aparentemente tem. Com tantas atribuições extra-mandato, esquece-se de seu principal dever: fiscalizar o executivo e legislar em favor da população.

Talvez por conhecer bem os meandres da política (a local em particular), Faisal tenha dado essa declaração um tanto quanto antiética, já que ele próprio já fez parte daquela casa. Dentre os 15 vereadores da atual legislatura existem pelo menos dois que podem ser chamados de “macacos velhos da política”. Estes, sabiamente, não colocam a mão na cumbuca. Preferem escalar os “jovens” para assumir cargos e, com sutileza, harmonia e desprovidos de vaidade, pautá-los de forma conveniente para que estes não sejam politicamente duros a ponto de derrubar o que se precisa construir, nem moles demais a ponto de se tornarem capachos do executivo.

Em Parauapebas isso pôde ser observado claramente quando da fundação do Solidariedade, partido que conta hoje com nada menos que sete dos quinze vereadores. Na época, isso se deu sob o discurso de que juntos teriam poder de barganha maior. Não foi o que se viu, ou o que se vê. As velhas raposas continuam nomeando asseclas de seus terreiros políticos enquanto colocam os jovens para pressionar o executivo em busca de espaços, de poder ou simplesmente por algumas migalhas.

Isso existe desde que o mundo é mundo e chama-se política. Quem sabe fazer faz, quem não sabe é usado como massa de manobra sem se dar conta disso. Está aí a arte de saber fazer, e isso nossas raposas conhecem como poucos.

É de conhecimento geral a pouca experiência política do prefeito Valmir Mariano. Eleito pela maioria esmagadora de votos, e tendo a mudança como mote principal da campanha vitoriosa, Valmir se vê acuado. Não pela Câmara, mas pela astúcia de um pequeno grupo que usa da velha política do “toma lá, dá cá”  para manipular os “menos experientes” e a estes se junta o prefeito.  Se a mudança comprometida pelo prefeito ainda não veio, uma boa parcela de culpa se deve à Câmara de Parauapebas. Fechá-la, como quer o ex-prefeito Faisal, não me parece a melhor solução, já que mudá-la seria o mais certo. Mas para isso é necessário que alguns vereadores acordem, repensem suas atitudes e assumam seus papéis de legisladores, tendo a absoluta certeza que o peso de seus cargos não é maior ou menor que o de nenhum outro colega de tribuna mais rodado.

O francês Voltaire, conhecido pela sua perspicácia na defesa das liberdades disse certa vez: “ Existirá alguém tão esperto que aprenda pela experiência dos outros?” A resposta é sim! Só se aprende com o tempo e adquirindo experiências, sejam elas próprias ou dos outros, desde que isso nos seja conveniente!

8 comentários em “A arte de fazer política

  1. gade oliveira de almeida Responder

    Concordo com o comentário do Valter, Acompanhei através da RADIO ARARA AZUL FM em junho ou julho de 2013 que o prefeito atual de Parauapebas, solicitou aos senhores vereadores uma assembleia extraordinária que aconteceu no sábado, onde o senhor prefeito pediu aos senhores vereadores uma aprovação de um valor aditivo de 315.000.000.00, valor este que não tinha um desmembramento, e que foi aprovado em uma seção de 10 minutos.

  2. Anonimo Responder

    O mais intrigante é que se diz que os poderes são independentes.
    Como pode quem não da conta de fazer aquilo que se propôs a fazer (Legislar) querer executar!
    Ja começam mentindo e errando quando em campanha candidato a vereador promete aos seus possíveis eleitores que vai fazer asfalto, casa, escola etc! E O POVO ACREDITA!
    Depois de eleito eles já não olham para seus eleitores com os mesmos olhos que mentiram na promessa ou seja agora já sou AUTORIDADE
    Em Parauapebas é mais fácil encontrar um vereador na PREFEITURA do que na CÂMARA.
    Tomara que em 2016 possamos ser mais conscientes com nosso voto.

  3. sandra marques Responder

    É uma realidade triste. É muito jogo de interesses, muita ambição e muito dinheiro. Se eles não tivessem acesso tão facil a tanto dinheiro, tantas regalias, tantos beneficios, com certeza seria diferente. Agora o que fazer pra mudar isso? Eu não sei, se alguem souber, vamos a luta…

  4. tucano Responder

    A HORA DESSA CORJA DE LADRÃO ESTÁ CHEGANDO ,O POVO DE PARAUAPEBAS NÃO QUER MAS ESSE VELHOTE E NEM O SEU BANDO DE LADRÃO DE DINHEIRO PUBLICO ,A ELEIÇÃO ESTÁ PERTO VAMOS ESTIRPAR ESSA QUADRILHA DE LARAPIOS

  5. Valter Responder

    Li um comentário recente em um blog(não me lembro qual)dizendo que Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores são uma anomalia da Democracia e não deveria existir. Essa afirmativa é do Faisal e sempre eu o ouvi dizer, embora tenha ele se tornado vereador. Tudo que o Governador manda é aprovado de imediato na Assembleia sempre submissa, assim acontece com os envios dos Prefeitos para as Câmaras de Vereadores. É realmente um mal desnecessário. Um modelo já passado da hora de mudar, mas quase impossível, já que não interessa aos legisladores.

  6. Anônimo Responder

    “Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa” – Vítor Hugo.

    Os maiores culpados somos nós mesmos, pela nossa omissão. Nos dão apenas o que merecemos.

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