Vereador de Marabá estimula prefeitura a obrigar contratação de mão de obra local

De acordo com dados da Rais, cadastro administrativo do Ministério do Trabalho, Marabá tem 55,1 mil trabalhadores formais, bem menos que Parauapebas, que ostenta estoque de 71,5 mil.

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Um projeto de lei que tramita na Câmara de Marabá pode, se sair do papel, brecar o movimento de empresas que se instalam no município, mas insistem em contratar mão de obra de fora. O vereador Ronaldo da 33 quer, por meio do PL 106/2022, que o governo de Tião Miranda obrigue os estabelecimentos prestadores de serviços com mais de 15 empregados a ter ao menos 70% de seu quadro composto por pessoas nascidas e domiciliadas ou com título de eleitor da cidade. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.

A medida é polêmica, ainda assim não é novidade. Empresas como a mineradora multinacional Vale podem ser afetadas, uma vez que a gigante mantém operações em Marabá, como o projeto Salobo, mas considerável parte de seus trabalhadores reside em Parauapebas, dado o fato de que a mina é mais próxima a esta cidade do que propriamente da cidade de Marabá.

Ronaldo da 33 quer também que, pelo menos, 15% das vagas dos empregos sejam destinadas às mulheres marabaenses e que todas as oportunidades sejam oferecidas por meio da agência local do Sine. Entre as penalidades previstas para os estabelecimentos que descumprirem a obrigatoriedade, o parlamentar destaca a cassação do alvará de funcionamento.

Em justificativa, o autor da matéria destaca a intenção de criar a lei intitulada “Marabá Contrata Aqui”, similar a normas em vigor em outros municípios do Brasil, inclusive Parauapebas. O Blog do Zé Dudu foi atrás da lei parauapebense a que o vereador de Marabá faz referência e descobriu tratar-se da Lei Municipal nº 4.796/2019, originária de um projeto de lei (PL 18/2019) de autoria do vereador Joel do Sindicato e da então vereadora Joelma Leite.

“O projeto de lei visa assegurar percentual mínimo de vagas à população municipal, de forma a garantir equilíbrio entre a mão de obra importada e a local, bem como viabilizar a inserção da mulher no mercado de trabalho, reservando uma porção das vagas a elas”, argumenta o parlamentar, destacando que a iniciativa não se apresenta como “algo inovador no mundo jurídico”, mas responde a reivindicação dos marabaenses, que clamam por solução para a problemática do desemprego no município.

55 mil postos formais

Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu, por meio da mais recente Relação Anual de Informações Sociais (Rais), revelam que o mercado de trabalho formal de Marabá totaliza 55,1 mil trabalhadores, sendo 34,5 mil homens e 20,6 mil mulheres. Marabá é mais populoso que Parauapebas, mas tem menos trabalhadores formais: na Capital do Minério são, segundo a Rais, 71,5 mil trabalhadores formais, sendo 48,6 mil homens e 22,9 mil mulheres.

A média de remuneração do trabalhador marabaense devidamente registrado é de R$ 2.979, com as maiores médias na mineração (R$ 5.311) e na indústria (R$ 6.044) e a menor na agropecuária (R$ 1.761). Por outro lado, as mulheres (R$ 2.766) ganham sensivelmente menos que os homens (R$ 3.108), sendo que a diferença pode chegar a quase 92% na indústria.