Sobre as manifestações Brasil a fora…

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Ontem parte da população saiu às ruas para se manifestar contra o governo Dilma Rousseff, contra a corrupção instalada no Brasil desde o descobrimento, contra a falta de segurança, a falta de saúde de qualidade, a falta de educação, desvios na Petrobras, etc.., teve até quem se manifestou favoravelmente a uma intervenção militar, à volta da ditadura e ao impeachment de D. Dilma, a presidente.

É bonito ver o povo nas ruas dos mais longínquos municípios brasileiros em busca de melhorias para o país, ainda mais como aconteceu ontem, de forma educada e pacífica.

Como já disse aqui em outras oportunidades, sou governista. Não concordo com o impeachment nesse momento porque acredito que não há amparo legal para tal. D. Dilma foi reeleita pela maioria dos brasileiros há cinco meses.  Foram 43 milhões de votos, quase 10 milhões a mais que seu concorrente no segundo turno, o senador tucano Aécio Neves.

Guardadas as devidas proporções de alguns pseudos-intelectuais que apontam, de forma preconceituosa e jocosa, as regiões norte e nordeste como fiel da balança para a reeleição de D. Dilma, afirmo que ela foi eleita por um conjunto de brasileiros que melhoraram de vida durante os 12 anos que o Partido dos Trabalhadores governa esse país.

Sobre o impeachment,  o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto disse ontem ao global “Fantástico”: “pedir o impeachment enquanto manifestação livre de vontade, tudo bem. Agora, concretamente, vamos convir, a presidente da República, no curso deste mandato que mal se inicia, não cometeu nenhum crime – que é pressuposto do impeachment, seja à luz do artigo 85 da Constituição, seja à luz da lei 1079, de 1950, versando sobre crimes de responsabilidade e, por consequência, impeachment. Não há a menor possibilidade de enquadramento da presidente da República nessas normas, sejam constitucionais, sejam legais”,

Não sou petista. Nunca fui e dificilmente serei. Mas não concordo com o flagrante desrespeito a Constituição que seria afastar a presidente nesse momento apenas porque a população fez uso do seu direito constitucional de se manifestar, e, diga-se de passagem, grande parte dela formada por aqueles que não votaram nela nas eleições passadas.

Bom seria se a população saísse mensalmente às ruas em busca de melhorias para esse país. Quem sabe todas essas entidades e instituições que programaram o 15 de março não possam se unir e construir uma agenda para tais eventos. Em abril manifestaríamos por uma reforma política; em maio por segurança; em junho por educação; em julho por impostos mais justos… De uma maneira que não daríamos folga aos políticos. D. Dilma, tão logo concluídas as manifestações de ontem, já sinalizou que enviará ao Congresso Nacional medidas emergenciais para combater a corrupção. Quem sabe essa reação ocorra também com um novo cronograma de propostas para o país!

O importante de tudo que aconteceu ontem é que o país aprendeu a protestar sem quebrar  patrimônio público e privado, a polícia aprendeu a acompanhar as manifestações sem limitar áreas e sem usar balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. Ficou a certeza de que houve um grande avanço na democracia. Temos hoje governantes que vieram da luta armada e que sabem que as coisas mudaram para melhor, que as armas de hoje são faixas e cartazes, caras pintadas, bandeiras e, acima de tudo, o desejo de ver, em um futuro bem próximo, esse país crescer, se fortalecer política e financeiramente, e com seu povo feliz, seja qual partido for que o governe.     

Ulisses Guimarães, sem dúvida um dos maiores políticos desse país, deve estar feliz onde estiver por ver que resquícios do “Diretas Já” ainda alimentam o coração do brasileiro. É bom ver que toda aquela luta não foi em vão.

Fica aqui a frase do jornalista Afonso Lopes, que mostra a força das manifestações:

Para aqueles que ainda pensam que manifestação boa deve ser violenta… A geração anterior (caras pintadas) cassou um presidente. Na paz.

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