Rocinha: sem tiros e em menos de 2 horas, Estado retoma 3 favelas e restabelece serviços a 100 mil moradores

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Em menos de duas horas, e sem um único disparo, os morros da Rocinha, do Vidigal e Chácara do Céu deixaram de ter como donos traficantes armados que há décadas tiranizavam mais de 100 mil moradores. Desde 6h de ontem, os três territórios voltaram às mãos do Estado e de todos os cariocas, sem exceções.

O dia ainda não tinha amanhecido quando os blindados da Marinha, com homens do Bope e fuzileiros navais, começaram a subir as três favelas da Zona Sul com a missão histórica. Superaram ladeiras encharcadas de óleo derramados pelos últimos traficantes, que não enfrentaram as forças de segurança.

Os moradores, tanto das favelas quanto do asfalto, foram dormir preocupados e acordaram aliviados. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que o trunfo da operação Choque de Paz era a libertação da população do crime organizado. Depois do choque de paz, o desafio agora da prefeitura e do estado será o choque de ordem urbana e serviços básicos.

A partir de amanhã, a Conlurb mobilizará equipes de emergência para recolher montanhas de lixo acumuladas nas comunidades, e a Cedae fará vistoria nas redes de água, além de assumir a manutenção das redes de esgoto de todas as favelas pacificadas a partir de 2012.

Poucas armas e uma agenda do ‘delivery’
Apesar de ter apreendido menos armas do que se esperava (15 fuzis, 20 pistolas, duas espingardas, uma submetralhadora e três granadas) a polícia prendeu cinco pessoas, entre elas Aureliano de Oliveira Neto, o Edu, que coordenaria o delivery de drogas da quadrilha. Ele tinha uma agenda telefônica com números de supostos consumidores de drogas. Foram apreendidos 112 quilos de maconha e 60 quilos de pasta-base de cocaína. As casas dos chefes do tráfico, de luxo, tinham poucos móveis.

O silêncio do morro
As noites de sábado na Rocinha são barulhentas. Mas anteontem o silêncio imperava, e só foi quebrado pelos galos da madrugada. Às 4:09 horas, chegaram os blindados da Marinha, testemunhou Vera Araújo. De dia, havia uma felicidade no rosto de moradores, relata Jorge Antônio Barros, que em 1988 escapou de morrer na favela, fazendo uma reportagem. É a primavera da Rocinha.

Fonte: O Globo

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