Em cerimônia realizada nesta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para contribuintes que recebem até R$ 5 mil mensais. A legislação também estabelece descontos no imposto para rendas de até R$ 7.350, beneficiando diretamente cerca de 15 milhões de brasileiros.
A medida, uma das mais aguardadas de 2025 na área econômica, passa a valer já na próxima declaração anual. Segundo o governo federal, 10 milhões de contribuintes deixarão de pagar o tributo e outros 5 milhões terão redução no valor devido. “Temos todas as condições de dar um salto de qualidade”, afirmou Lula.
Durante seu discurso, o presidente ressaltou o caráter social da nova política tributária: “Esse país não pode continuar sendo desigual do jeito que é. Não pode, não precisa e não deve. Temos todas as condições de dar um salto de qualidade. Eu não posso dormir com a consciência tranquila se eu posso comer do bom e do melhor sabendo que, do meu lado, há pessoas que não podem comer nada”.
Lula destacou que isentar trabalhadores de baixa renda é uma forma de garantir mais dignidade e condições básicas previstas na Constituição. “O povo pobre não quer muita coisa. Quer comida todo dia, um lugar para morar, que os filhos estudem e tenham emprego. É isso que está na Constituição”, disse.
Equilíbrio fiscal e taxação de altas rendas
Para compensar a renúncia fiscal, a lei cria um mecanismo de tributação mínima sobre rendimentos anuais acima de R$ 600 mil. Aproximadamente 140 mil contribuintes de maior renda serão afetados. A cobrança será gradual, com alíquota máxima de até 10%. Quem já paga esse percentual ou mais não sofrerá alteração.
Segundo o Ministério da Fazenda, não haverá impacto fiscal adicional nem necessidade de cortes de gastos públicos. Serviços oferecidos à população também não serão afetados.
A legislação exclui da nova tributação rendimentos como ganhos de capital, heranças e doações, rendimentos acumulados, aplicações isentas, poupança, aposentadorias por moléstia grave e indenizações.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que a medida corrige distorções acumuladas nos últimos anos. “Toda vez que se fez ajuste nas contas públicas, foi no lombo dos mais pobres. O salário mínimo ficou sete anos sem aumento real; a tabela do Imposto de Renda também ficou sete anos sem correção”, disse. “Isso fez com que 20 milhões de brasileiros passassem a pagar IR pelo simples congelamento da tabela”.
Ele ressaltou ainda os resultados econômicos obtidos desde 2023: “Vamos entregar a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego e o melhor Índice de Gini da nossa história. E, com essa lei, vamos colher frutos ainda maiores em 2026”.
Voz do trabalhador: “Mais dinheiro e mais comida na mesa”
Presentes à cerimônia, trabalhadores celebraram o impacto direto da mudança. Antônio Marcos Mancilla, metalúrgico de São Bernardo do Campo (SP), disse: “Com essa isenção, sobrará mais dinheiro e mais comida na mesa. Antes, o leão comia quase tudo. Agora poderemos investir em lazer, educação e alimentação”.
Já a metalúrgica Ângela Pinho de Oliveira enfatizou o escopo da medida. “Essa isenção beneficia milhões que não precisarão mais declarar IR. Isso vai ajudar na economia e permitir que cada família se organize melhor”, afirmou.
Compromisso de campanha
A isenção para quem ganha até R$ 5 mil era uma promessa de campanha do presidente Lula. O projeto foi enviado ao Congresso em março e recebeu aprovação unânime na Câmara e no Senado.
Para a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a sanção representa “um compromisso do presidente Lula com o povo brasileiro”. “O processo foi de intenso debate na sociedade e no Parlamento, até se consolidar um consenso amplo em torno dessa medida de justiça”, resumiu.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, celebrou a conquista como histórica: “A isenção para quem ganha até R$ 5 mil é um passo gigantesco. Vai significar, para milhões, um mês a mais de salário no ano — um verdadeiro 14º salário. Em fevereiro, o trabalhador receberá o primeiro pagamento sem o desconto do IR. Será uma festa nas fábricas”.
Repercussão no Congresso
Relatores da proposta, o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), também comemoraram a sanção.
“Será dinheiro de volta no bolso de quem mais precisa. Um avanço concreto para um sistema tributário mais justo e progressivo”, disse Lira. Calheiros complementou: “É uma semana histórica, pedagógica para a democracia. Essa medida vai melhorar a vida de muita gente e movimentar a economia”.
O governo estima que, entre 2023 e 2026, aproximadamente 25 milhões de contribuintes terão sido beneficiados com isenção total ou redução do Imposto de Renda, consolidando uma das maiores mudanças tributárias da última década.
Carlos Magno, com informações do Palácio do Planalto
Jornalista – DRT/2627







