A prefeitura de Canaã dos Carajás, por meio do Fundo Municipal de Meio Ambiente — gerido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, sob a responsabilidade do engenheiro Marcus Vinicius — anunciou a revitalização da primeira etapa do Parque Ambiental Raimundo Duarte Frota – Raimundo Feijão, até as proximidades da Avenida Minas Gerais.
Criado pela Lei Municipal nº 818/2018, de autoria do então vereador Júnior Garra e sancionada pelo prefeito em exercício Alexandre Pereira dos Santos, o parque possui aproximadamente 17 hectares de área. Sua maior parte localiza-se no bairro Parque dos Carajás, porém ele possui áreas nos bairros Santana, Bela Vista III e Paraíso das Águas, em plena área urbana do município. Desde sua criação, esta será a primeira revitalização ampla, aprovada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, com investimentos estimados em até R$ 4 milhões.
O processo licitatório será aberto nos próximos dias. A empresa vencedora e o valor final da obra serão divulgados em breve. O projeto arquitetônico, validado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, prevê:
- reforma e modernização da iluminação pública;
- construção de calçadas acessíveis com piso tátil;
- novas trilhas internas iluminadas;
- instalação de bancos;
- construção de guarita de segurança;
- implantação de pórtico de entrada;
- substituição do alambrado por gradil e mureta.

Quem foi Raimundo Feijão
Raimundo Duarte Frota, conhecido carinhosamente como Raimundo Feijão, nasceu em Sobral (CE), em 28 de junho de 1943. Filho de José da Frota Duarte e Maria José Duarte, mudou-se para o Pará no início da década de 1980, onde trabalhou em fazendas da região, como Rio Vermelho (Sapucaia) e Umuarama, permanecendo nesta última por oito anos.
Em Canaã dos Carajás, Feijão teve atuação marcante na luta pela emancipação político-administrativa, ajudando a mobilizar trabalhadores no dia do plebiscito que deu origem ao município. Sempre presente nos bastidores da política, apoiou diferentes candidaturas ao longo dos anos.
Reconhecido como o primeiro defensor da causa ambiental em Canaã, foi proprietário da empresa Duarte Jardinagem, responsável pela arborização da Avenida Weyne Cavalcante e prestadora de serviços à prefeitura. Tornou-se figura popular: sempre visto em sua bicicleta, de chapéu na cabeça e sorriso no rosto.
No dia 28 de julho de 2015, sofreu um acidente de trânsito ao ser atingido por um veículo de empresa terceirizada da Vale, quando pedalava na rua Sucupira, no centro da cidade. Após complicações, morreu em 2 de agosto de 2015, no Hospital Regional de Marabá. Seu velório reuniu uma multidão e foi um dos mais marcantes da história de Canaã. Feijão deixou esposa, cinco filhos e dez netos. Hoje, descansa no cemitério do Novo Brasil, em frente ao Parque que leva seu nome.
Depoimentos
O secretário de Meio Ambiente, Marcus Vinicius, destacou o simbolismo do projeto: “A determinação da prefeita Josemira Gadelha em revitalizar o Parque Raimundo Feijão representa o resgate da história de um homem que foi pioneiro na defesa ambiental de Canaã. No ano em que o Pará se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém, o município reafirma seu compromisso com a preservação ambiental. Já temos o Parque Veredas e o Bosque Gonzaguinha, e em breve teremos também o Parque Raimundo Feijão revitalizado e à disposição da população”.
A filha do homenageado, Maria da Cruz Duarte Lima, a Maria do Feijão, emocionou-se ao falar da memória do pai: “Meu pai foi meu melhor amigo e companheiro. Um exemplo de pessoa e de homem. Deixou um legado de amizade e respeito que ficará para sempre. Essa homenagem imortaliza o nome dele e permitirá que as futuras gerações conheçam sua história”.
O jornalista Carlos Magno, autor desta matéria e amigo de Raimundo Feijão, relembra momentos especiais: “Na gestão do prefeito Anuar Alves, Feijão estava sempre no gabinete, preocupado em manter os caminhões-pipa aguando as praças em tempos de estiagem”.
“Outra lembrança marcante foi em 2004, quando cobri meu primeiro jogo do Campeonato Brasileiro, entre Santos e Corinthians, na Vila Belmiro. Sabendo que ele era santista, levei de presente minha credencial da partida. Feijão era presença constante em minha casa, trazendo orientações e até adubos orgânicos para o jardim. Ele deixou uma história de amizade, simplicidade e dedicação a Canaã dos Carajás. O Parque Ambiental que leva seu nome é uma homenagem mais que justa”, conclui.
Por Carlos Magno
Jornalista – DRT/PA 2627