Parque Zoobotânico de Marabá recorre a financiamento coletivo

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Em tempos de crise e necessitando manter sua estrutura funcionando, o parque da Fundação Zoobotânica de Marabá resolveu buscar na comunidade o apoio para ajudar a adquirir alimentos para os 380 animais de 30 espécies diferentes abrigados ali. E a estratégia utilizada está em moda e é conhecida no mundo como crowdfunding (financiamento coletivo).

Com isso, a família marabaense ganhou uma opção a mais de lazer e educação ambiental aos finais de semana. Depois de relutar por algum tempo, a Fundação Zoobotânica de Marabá (FZM) abriu as portas para visitação pública aos sábados e domingos. Antes, as visitas estavam restritas às escolas e, sempre, durante a semana.

Ao abrir as portas para a comunidade, inclusive aos finais de semana, a direção da FZM passou a receber uma taxa de R$ 2,00 por criança e R$ 4,00 por adulto. E esse dinheiro tem sido essencial para ajuda na manutenção do espaço, principalmente na aquisição de alimentação dos animais, que demanda muito recurso. “A partir do momento em que as pessoas conhecem a fundação e o trabalho que desenvolvemos, com várias espécies de animais, algumas acabam voltando depois para trazer animais silvestres que mantinham em cativeiro em suas casas”, conta o médico veterinário Alci de Assis.

Em geral os animais chegam à Fundação Zoobotânica de Marabá via Ibama, Semma ou Corpo de Bombeiro, geralmente apreendidos com traficantes ou encontrados em situação de risco.

Inicialmente, a Fundação Zoobotânica atuava apenas como mantenedora de animais, recebendo doentes, cuidando e devolvendo à mata os que conseguiam. Depois, passou a receber estudantes de escolas públicas e privadas  e membros de igrejas de Marabá para desenvolver um trabalho de educação ambiental. Agora, em 2016, com mais estrutura, abre as portas para o grande pública, que passa a contribuir, também, na manutenção, através de financiamento coletivo. “Abrimos ao público de quarta-feira a domingo, de 8 às 16 horas”, explica.

Manoel Ananis, biólogo da Fundação, explica que atualmente há 380 animais de 30 espécies diferentes em cativeiro. Alguns são raros, como onça parda, arara vermelha, gavião real e jandaia. Por outro lado, o que se reproduz mais são os quatis e macacos pregos, os quais sobrevivem com alimento humano.

Ananis diz que 2016 está sendo um ano especial para a entidade, porque ganhou de presente um hospital construído pela Celpa dentro da fundação e que tem contribuído para melhorar o tratamento dos animais que precisam de ajuda médica. “O Raio X chegou e deverá ser montado nos próximos dias para que possamos fazer diagnóstico com mais celeridade”, conta.

Desde que abriu as portas para os visitantes em fevereiro deste ano, segundo Ananis, a FZM já recebeu mais de 4.800, um número que ele considera surpreendente.

Alimentação

E o dinheiro arrecadado até agora tem sido valioso para adquirir alimentos para os mais de 380 animais que estão aos cuidados da Fundação Zoobotânica de Marabá. Os alimentos são dados aos animais nos horários adequados aos hábitos de cada espécie.

O balanceamento da alimentação e feito pelo biólogo e o veterinário do Parque. A alimentação inadequada de um animal em cativeiro pode comprometer a saúde do mesmo, podendo ocasionar sua morte por complicações como obesidade, diarreia, problemas cardíacos, diabetes, entre outras doenças.

Uma das mais recentes moradoras da Fundação Zoobotânica de Marabá atende pelo nome de Belinha. E não ache graça quando souber que se trata de uma porquinha. Ela é um filhote de porcão queixada branca que chegou à FZM com seis dias de vida e agora vai fazer aniversário de um mês. Criada praticamente solta, ela acompanha Edna por todos os cantos da fundação, inclusive na visita aos outros animais que vivem em cativeiro. Da altura da bota de Edna, Belinha é uma fofura e não fica intimidada com a presença de visitantes. “Por ser um animal bem pequeno ainda, ela é cobiçada pelo Gavião Real, que deseja comê-la”, conta Edna.

Mas também há um filhote de carcará que requer cuidados especiais dos tratadores. A ave chegou ao parque há semana e, segundo a gestora ambiental Edna Rodrigues da Silva, as patas estão danificadas e ele não consegue andar e pode ser que nunca consiga voar.

O animal foi levado por um mototaxista e tem entre 15 dias a um mês de vida. Quem o entregou disse que, provavelmente, a ave caiu de uma castanheira, o que pode ter causado a lesão nas patas. “Mas há casos, também, em que o filhote nasce com defeito e os pais o derrubam do ninho porque ele não terá condições de sobrevivência”, diz Edna, revelando que ele ainda não ganhou nome de batismo.

Para se alimentar, o carcará precisa de ajuda. Edna lhe dá pedaços de fígado com uma pinça e coloca em sua boca. Ele não para até que esteja satisfeito.

A Fundação Zoobotânica recebe contribuição de algumas empresas, como Vale, Sinobras e Unimed Sul do Pará.