Parauapebas vai construir Centro Psicossocial para crianças e adolescentes

Prédio orçado em R$ 2 milhões será erguido no Bairro União e vai atender um público que vem sendo fisgado pela depressão. “A maior obra de um governo é cuidar das pessoas”, diz Semsa.

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O mundo vive a era das tecnologias, das redes sociais e da depressão. E a depressão não escolhe rosto, cor, título, posição social, condição financeira, idade. A pandemia da depressão é, no mais das vezes, silenciosa, profunda e letal. Crianças e adolescentes são presas fáceis, e em Parauapebas as escolas estão lotadas de estudantes menores de idade que enfrentam problemas familiares, emocionais, financeiros e os quais, frequentemente, tentam dar cabo à própria vida. A Capital do Minério também tem um triste histórico de muitos casos de suicídio infanto-juvenil.

Para frear todas as formas possíveis de ameaça à vida de tantos garotos e garotas que sofrem, a Prefeitura de Parauapebas acaba de anunciar uma importante licitação para construir um moderno Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) exclusivo para atender crianças e adolescentes, também conhecido como CAPSi. A conferência das propostas comerciais para execução da obra está prevista para ser realizada de hoje a exatamente um mês, no dia 25 de maio.

Orçado em R$ 1,967 milhão, o prédio do CAPSi deve ficar pronto em até dez meses, a partir da assinatura da ordem de serviço. A obra deve gerar 50 postos de trabalho com carteira assinada na construção civil. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), organizadora da licitação, deve fiscalizar o contrato.

A título de informação, os CAPS são pontos de atenção estratégicos de serviços de saúde, de caráter aberto e comunitário, constituídos por equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e às pessoas com sofrimento ou transtorno mental em geral, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. É uma espécie de ponte para reabilitação psicossocial e substitutivo ao modelo asilar.

De acordo com o governo municipal, a construção do Centro de Atenção Psicossocial, que será instalado no Bairro União, é essencial para o atendimento à comunidade e vai fortalecer a convivência com as famílias, possibilitando melhorias na qualidade de vida e no bem-estar da população de crianças e adolescentes acometida por transtornos mentais. “A maior obra de um governo é cuidar das pessoas”, sintetiza a Semsa, em nota para justificar a licitação que acompanha o edital da concorrência.

Pandemia elevou estresse mental

O confinamento e o isolamento social impostos pelos períodos mais duros da pandemia de coronavírus fizeram com que a saúde mental de crianças e adolescentes piorasse. É o que revela pesquisa feita pelo Instituto Gallup e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O Brasil foi um dos 21 países que participaram do levantamento.

A entidade afirma que subiram os casos de transtornos mentais nesse período, e as sequelas nesses grupos podem reverberar por muitos anos. Por isso, a entidade faz um apelo para que governos, educadores e familiares criem cultura de escutar as crianças e adolescentes com mais empatia.

“Crianças e adolescentes viram a renda familiar sendo diminuída, sentiram insegurança alimentar e o luto de perder alguém próximo. Passaram, então, a ter dificuldade de planejar o futuro”, avalia Gabriela Goulart Mora, oficial do Unicef do Brasil na área de desenvolvimento de adolescentes.