Parauapebas: Empresa investe em tecnologia de incineração de ponta

O incinerador é o segundo a ser instalado no Pará e conta com alta tecnologia, colocando o município de Parauapebas entre os pioneiros do país nesse tipo de procedimento, que elimina a contaminação biológica do resíduo, de contaminantes químicos, promove a alteração física de resíduos que seriam encaminhados ao aterro, evitando, assim, risco de contaminação ambiental

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Parauapebas em breve vai entrar para o seleto grupo de municípios do Brasil e do mundo que contam com tecnologia de ponta em incineração de resíduos sólidos. A empresa Cindertech já está em fase de teste para a licença de funcionamento do primeiro incinerador do município e o segundo do Pará com esse tipo de tecnologia.

De propriedade dos empresários Leonardo Pinheiro, Carlos Correia e Kaio Henrique, a empresa está instalada no Distrito Industrial e há quatro anos vem trabalhando nos procedimentos técnicos e ambientais para a instalação do incinerador, que será um passo gigantesco no processo de tratamento de resíduos sólidos com alto grau de contaminação, como o lixo hospitalar. Esta semana, a empresa iniciou a fase de teste do equipamento, para entrar com o pedido de Licença de Funcionamento do incinerador junto a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

Os testes estão sendo feitos pelo engenheiro sanitarista, ambiental e químico, Mackson Ronny D’Anunciação, da empresa Analítica Ciência & Tecnologia, com sede em Cuiabá (MT). Mackson é mestre em Química Analítica e doutor em Química Analítica.

Ele explica que após os testes, avaliando todo o processo de incineração, incluindo a análise da fumaça dispersada no ar, será emitido um laudo e com esse laudo é será dado entrada no pedido de licença de funcionamento do incinerador. Os empresários Leonardo Pinheiro e Carlos Correia acreditam que até o início de fevereiro de 2021 o incinerador esteja com a licença concluída, para começar a operar.

O incinerado é um RGL 600, da fabricante Luftech, que conta com tecnologia alemã. Ele é o 465º instalado no Brasil. Os próximos semelhantes serão instalados em Palmas (TO) e São Luís (MA).

O equipamento possui uma plataforma de alimentação, incinerador, sistema de ar, câmara de pós combustão, câmara expansora, torre de resfriamento, abatedor de partículas, sistema de resfriamento, neutralização e polimento particulado, plataforma de amostragem e monitoramento contínuo e  chaminé.

De acordo Mackson, o equipamento tem capacidade de incineração de 200k por hora. “É um equipamento considerado top de linha, dentro da tecnologia dos incineradores, porque vem com um scrubber, que é um lavador de gases para fazer todo o processo de tratamento das substâncias tóxicas geradas na combustão”, explica o engenheiro.

Ele detalha que a partir da combustão é gerada uma fumaça (gás). Esse material precisa atender a legislação Nº 316 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) de 2002, que trata sobre a incineração de resíduo da área da saúde, industrial e químico.

“Ou seja, é preciso fazer a diminuição do volume de contaminantes e faça corretamente e com eficiência a destruição e remoção desses agentes contaminadores. Então, eu como engenheiro químico da Analítica, vim fazer a certificação do equipamento, para realmente respaldar a eficácia da máquina na combustão e tratamento desses resíduos”, detalha.

Ele explica que nos testes está sendo usada uma CIPA – Coletor Isocinético de Poluentes Atmosférico-, que é um padrão universal para esse procedimento. “O que eu estou fazendo aqui, eu faço na Alemanha e em qualquer país do mundo. Esse aqui é o teste 1.486 que faço”, ressalta Mackson, que também é professor do Departamento de Química Analítica da Universidade Federal do Matogrosso.

Ele detalha que a CIPA segue a norma 17025, que atende toda a parte de metodologia analítica para determinação de tratamento térmico e destinação de resíduos sólidos. Os testes começaram na segunda-feira (7).

No total, serão 90 horas de testagem, avaliando passo a passo todo o processo incineração dos resíduos periculosos, principalmente do serviço saúde. Mackson observa que, desde 1998 existe uma política nacional de resíduos sólidos, mas que não é cumprida corretamente no país.

“Por isso, Parauapebas está de parabéns por ser uma das poucas cidades que agora vai tratar corretamente esse tipo de resíduo, reduzindo de forma extraordinárias os impactos ao meio ambiente, porque esse equipamento trata 98% esse material, restando apenas 2% de cinza. Ou seja, de 100 quilos de resíduos, 98% vão virar fumaça sem poluentes e só 2% cinzas. Isso vai acabar com os bolsões de lixo que existem hoje e que contaminam o meio ambiente”, frisa Mackson.

Ele enfatiza que, agora, é importante que os órgãos fiscalizadores e reguladores entendam a importância disso para o município, que traz ganhos extraordinários na área de saúde e educação ambiental. Mackson salienta que os resíduos de serviços de saúde englobam hospitais, consultórios odontológicos e clínicas veterinárias.

“Por exemplo, materiais de cirurgias, animais que morrem ou são sacrificados por alguma doença, que eram jogados em lixões ou levados para aterros sanitários, agora podem ser trazidos para cá [incinerador] para a incineração correta”, exemplifica o engenheiro, alertando que é preciso que se comece a obedecer às legislações nacional, estadual e municipal, que determina o tratamento térmico desses resíduos.

Ele ainda lembra que, em tempo de pandemia, o correto é a incineração de todos os materiais, incluindo resíduos domésticos, como máscaras e luvas, para eliminar a circulação viral.         

A incineração é um processo de tratamento de resíduos cujo maior objetivo consiste em eliminar a periculosidade dos resíduos, destruindo contaminantes e possibilitando a segura disposição das cinzas. Processo com baixo consumo energético, a incineração não requer a utilização de combustível auxiliar quando em autocombustão.

A outra vantagem, é que reduz 98% do volume de resíduo a ser destinado ao aterro sanitário. Diferentemente de processos alternativos — autoclave e micro- ondas —, o diferencial da incineração é que além da eliminação da contaminação biológica do resíduo, de contaminantes químicos, promove a alteração física de resíduos que seriam encaminhados ao aterro, evitando, assim, risco de contaminação ambiental.

A incineração é um tratamento ideal para resíduos contaminantes ou tóxicos de hospitais, portos, aeroportos, lixo industrial perigoso, resíduos da agropecuária, dentre outros.

A tecnologia dos incineradores Luftech, como o que está sendo instalado em Parauapebas, foi inicialmente desenvolvida na Alemanha para tratamento de resíduo perigoso e radioativo. No Brasil, a empresa aprimorou esse processo e continuou desenvolvendo a tecnologia através de parcerias com universidades, empresas e instituições. (Tina Santos)

Fotos: Tina Santos

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