Parauapebas, Canaã e Marabá já respondem por 40% da mineração; MG leva taca

Reis do ferro, Parauapebas e Canaã não têm rival à altura; Marabá, rei do cobre, engoliu Itabira (MG); Itaituba, príncipe do ouro, busca coroa de Paracatu (MG); Paragominas, Oriximiná e Juriti lutam entre si pelo trono do alumínio; e Curionópolis virou “desastre” sem precedentes.

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Dos R$ 24,9 bilhões que a indústria extrativa mineral produziu em recursos minerais nos primeiros 60 dias deste ano, em 2.124 municípios brasileiros, 78% estão concentrados em 25 localidades, com destaque para os municípios paraenses localizados no complexo minerador de Carajás, produtores de minérios de ferro e cobre. Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá produziram, juntos, R$ 9,7 bilhões em operações minerais de 1º de janeiro a 29 de fevereiro e respondem por quase 40% da movimentação financeira mineral do país. Esses municípios são o paraíso da mineradora multinacional Vale, onde ela espalha seus tentáculos comerciais e de onde retira seu maior lucro global.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou o comportamento da produção mineral neste início de ano e observou que o Pará aumentou a presença entre as 25 principais praças minerais brasileiras, emplacando atualmente sete representantes. Minas Gerais segue líder, com 15 municípios. No confronto entre estados, o Pará se consolidou como maior minerador nacional, com R$ 11 bilhões operados em apenas dois meses, enquanto Minas vem em segundo, com R$ 9,3 bilhões. Fora do circuito Pará-Minas, os estados de Goiás e Bahia têm as maiores contribuições de municípios e faturamento.

O pódio da produção mineral é dividido entre Parauapebas, que produziu até o momento R$ 5,35 bilhões, e Canaã dos Carajás, que surge com R$ 3,29 bilhões. A distância entre o primeiro, detentor das operações de minério de ferro na Serra Norte de Carajás, e o segundo, que tem ferro na Serra Sul de Carajás e cobre na Serra do Sossego, nunca foi tão pequena. Em maio do ano passado, pela primeira vez na história, Canaã chegou a produzir mais minério de ferro que Parauapebas (relembre aqui), e a partir do ano que vem a guinada de Canaã sobre Parauapebas será questão de tempo.

Marabá, maior produtor nacional de cobre e de manganês, ocupa hoje o 5º lugar, mas até 2022 deve disputar o 3º lugar, em razão do aumento da capacidade nominal de sua mina de cobre Salobo, que se encontra em segunda expansão. Quando Salobo estiver com capacidade operacional ampliada, Marabá deve rivalizar com Conceição do Mato Dentro e Congonhas, ambos localizados em Minas Gerais.

Outro que também está crescendo e entrou para o pelotão dos dez mais importantes é Itaituba, em razão da lavra de ouro. Em 2019, o município paraense encerrou como o 3º maior produtor nacional de ouro, muito atrás dos mineiros Paracatu e Sabará, mas este ano está em 2º, pressionando o líder Paracatu, de quem está relativamente próximo. Enquanto Paracatu rendeu R$ 560,08 milhões em ouro até o momento, Itaituba vem na cola com R$ 394,42 milhões. Se mantiver o pique, Itaituba consegue encerrar 2020 na liderança.

Também tem representantes paraenses na liderança nacional da produção nacional de minério de alumínio. O trio Paragominas (R$ 234,07 milhões), Oriximiná (R$ 221,24 milhões) e Juruti (R$ 185,14 milhões) vêm juntos e misturados, lutando pela melhor posição no ranking, numa disputa que, muito mais comercialmente, envolve as gigantes Mineração Rio do Norte, Mineração Paragominas e Alcoa.

Curionópolis tem maior tombo

Apesar da boa performance do Pará entre os gigantes da mineração, uma ausência é sentida: Curionópolis. Entre 2017 e 2019, o município era presença constante nas principais rodinhas de produtores de commodities minerais, mas bastou a mina de ferro da Vale localizada na Serra Leste de Carajás paralisar para que Curionópolis caísse no ostracismo, desnudando sua dependência extrema — e perigosa — da atividade mineradora e, principalmente, da empresa.

A perda de importância no cenário mineral também foi desastrosa e fatal. Em 2020, Curionópolis, que chegou a ser o 18º município minerador mais importante do Brasil, está apenas na 94ª colocação. A produção de R$ 15,93 milhões nestes primeiros 60 dias do ano — 99% de autoria da mineradora Avanco, que explora cobre e ouro na região — é um consolo perto dos R$ 150 milhões que o município movimentava a cada 60 dias. Curionópolis perdeu nome, moral e dinheiro, dentro e fora de si.