Pará emplaca recorde de municípios entre 100 que mais geram empregos

Em 2020 intrigante, Parauapebas, Belém, Canaã, Marabá, Pacajá, Ananindeua, Barcarena, Castanhal e Oriximiná bombam em oportunidades com carteira assinada; Altamira é “do contra”

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Ele nem terminou, mas já entra para a história como o tempo mais controverso do Pará. O ano de 2020 tinha tudo para ser um fiasco, no que diz respeito à geração de postos de trabalho com carteira assinada, por conta dos impactos agressivos sobre a economia da pandemia do coronavírus, mas o resultado é bem diferente do que as previsões — inclusive as mais otimistas — poderiam especular.

De janeiro a outubro, o Pará bateu recorde com a criação de impressionantes 32 mil vagas líquidas formais celetistas, 9.480 delas apenas no mês passado. As informações são do Ministério da Economia, que divulgou ontem o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) com dados referentes a outubro e segundo os quais o estado nortista é, hoje, o 3º maior gerador de empregos do país, atrás apenas de Santa Catarina (35,2 mil) e Paraná (33,6 mil).

Em 2020, pela primeira vez, o Pará consegue emplacar três municípios de uma vez entre os 20 que mais geram empregos no Brasil. Parauapebas puxa a fila, com saldo de 8.635 oportunidades acumuladas em dez meses, posicionando-se, também, em 2º lugar nacional, atrás apenas da capital maranhense São Luís (9.314). Diga-se de passagem, desde o segundo trimestre Parauapebas e São Luís vêm em confronto tête-à-tête pela liderança da geração de empregos no país, revezando-se mensalmente.

Por conta das obras de construção civil do Programa de Saneamento Ambiental de Parauapebas (Prosap), o município acumula entre janeiro e outubro 5.199 empregos líquidos no setor, o 3º melhor resultado isolado do país, só superado pelas cidades de São Paulo (12.427) e Belo Horizonte (9.828). A construção civil de Parauapebas sozinha gerou duas vezes e meia mais empregos com carteira assinada que todo o estado da Bahia (1.996), o que demonstra a força e a pujança do município paraense que lidera a produção de minério de ferro.

Metrópole do Pará entre líderes de emprego

Belém, capital paraense, também vem apresentando desempenho histórico em meio ao caos da Covid-19, com saldo de 2.822 empregos com carteira assinada, 18ª posição nacional. A metrópole é, no momento, a 3ª capital que mais abre vagas de trabalho, atrás de São Luís e Manaus (6.004). Belém é seguida de perto por Canaã dos Carajás, que, com 2.606 novos postos de saldo, é o 20º maior empregador brasileiro.

Quando a lista é estendida até a 50ª posição, também aparecem em destaque os municípios de Marabá (2.080 oportunidades, 33ª colocação) e Pacajá (1.760, 48ª). Nas posições seguintes, até a 100ª, aparecem Ananindeua (1.396 empregos líquidos, 63ª), Barcarena (1.240, 74ª), Castanhal (1.215, 79ª) e Oriximiná (1.036, 97ª). No cômputo geral, entre os 100 municípios que mais empregaram no país de janeiro a outubro, o Pará teve aproveitamento de 9%, contribuição épica, visto que o máximo que conseguira emplacar em outras ocasiões foram cinco localidades.

No extremo oposto, o município paraense com o pior desempenho em dez meses é Altamira, que registra até o momento 1.981 demissões a mais que contratações, sendo o 60º que mais desemprega. Dos 144 municípios paraenses, apenas 42 registram mais demissões que contratações ao longo deste ano, de acordo com dados levantados com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu. Seis outros estão com saldo zerado, registrando empate entre número de contratados e demitidos, enquanto 96 estão no azul, com contratações em alta.

Pará é líder em informalidade e perde renda

Um outro recorte de emprego divulgado nesta sexta-feira (27), mas de autoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a taxa de desocupação no Pará subiu do 2º para o 3º trimestre deste ano, passando de 9,1% para 10,9%. Os dados foram apurados com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que, no entanto, esclarece que o levantamento de mensuração de emprego do IBGE, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua Trimestral (PnadC-T), utiliza técnica e método diferentes da contagem do Caged, que é um cadastro administrativo que computa estritamente vínculos com carteira assinada informados pelas empresas empregadoras.

Pelos dados da PnadC-T, que abarca também o mercado informal e aqueles em idade de trabalhar, mas não ocupados, o Pará segue como campeão em informalidade, tendo 60,9% de sua mão de obra ativa nessa situação. Para piorar, entre os trabalhadores que estão lotados no setor privado, 53,9% não têm carteira assinada, o 2º mais grave percentual do país, só não superado pelo Maranhão, onde 51,3% dos trabalhadores não têm vínculo empregatício com carimbo em carteira como manda o figurino. Em números absolutos, de 1,194 milhão de trabalhadores da iniciativa privada paraense, 551 mil não têm registro.

O Blog também identificou que o rendimento médio do trabalhador do Pará desabou de R$ 1.849 no 2º trimestre deste ano para R$ 1.701 no 3º trimestre, uma queda da ordem de 8%, o maior tombo do país e que o distancia ainda mais da sonhada igualdade social.