Pacajá, Marabá e Ananindeua lideram empregos em março

Município da Transamazônica é 47º do Brasil que mais criou postos com carteira assinada e em 12 meses corridos já empregou mais de 1.200 pessoas, segundo o Ministério da Economia.

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Esquecido no mapa e cortado pela Transamazônica, Pacajá está, há dois anos, mostrando a que veio. O município, mês ou outro, rouba a cena dominada por medalhões do Pará e vira o maior gerador de empregos do estado. Pacajá teve surtos assim em 2019 e 2020. Desta vez, no mês passado, voltou à cena com a criação de 768 postos líquidos com carteira assinada. No município de quase 50 mil habitantes, 799 pessoas conseguiram passaporte no mercado de trabalho local e apenas 31 foram demitidas em março.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) recém-divulgados pelo Ministério da Economia. Pacajá gerou um de cada cinco novos empregos celetistas criados no Pará no mês passado. Ao todo, o estado apresentou resultado líquido de 4.152 novas oportunidades.

De janeiro a março, Pacajá acumula saldo de 762 novas oportunidades e, em 12 meses corridos, já são 1.212 pessoas engajadas no mercado local. É, proporcionalmente, um resultado superior ao das estrelas da geração de emprego no Pará, como Parauapebas. Estatisticamente, é como se Pacajá tivesse aberto emprego para 3% de sua população adulta inteira durante apenas 12 meses — dos aproximadamente 50 mil pacajaenses, apenas 30 mil têm idade para trabalhar com carteira assinada.

O Blog investigou que esse surto de empregos ocorreu especificamente no setor de serviços. Linhão e intervenções de infraestrutura fazem com que não seja raro encontrar na internet anúncio de vagas para engenheiros e arquitetos com lotação em Pacajá.

Marabá é 2º no ranking

O número 2 no ranking paraense de geração de empregos estava sumido do topo nos últimos meses, após ter sido, em 2019, um dos campeões do país. Marabá contratou 544 novos trabalhadores em março, como saldo líquido, e foi o 73º maior empregador nacional, superando Parauapebas, que, aliás, não aparece entre os 100 municípios brasileiros que mais empregaram no mês passado. Em 12 meses corridos, Marabá criou quase 3 mil postos líquidos de trabalho com carteira assinada. Na cidade, comenta-se à boca pequena que só não arranja emprego quem não quer.

E a temperatura deve esquentar na já muito quente Marabá, por conta de obras que fatalmente terão de sair do papel. É o caso da nova ponte rodoferroviária que a mineradora multinacional Vale precisa fazer com urgência sobre o Rio Tocantins se quiser transportar mais minério no ritmo da voracidade com que a China demanda. A estrutura atual não dá conta, e a obra da nova ponte deve movimentar até 10 mil empregos direta e indiretamente, bem como fazer o preço dos aluguéis dispararem nas cercanias dos canteiros de obras, como o núcleo São Félix.

Além disso, se o Governo do Estado levar mesmo adiante a ideia de construção da ferrovia ligando Marabá a Barcarena, outros muitos milhares de emprego devem agitar o município, fazendo os núcleos São Félix e Morada Nova (eixo das obras) pegarem fogo. A população e as autoridades do município só observam tanto disse-me-disse que não sai do papel há anos.

3º e 4º: Ananindeua e Canaã

Os últimos dos moicanos paraenses na lista dos 100 maiores empregadores brasileiros de março são Ananindeua, que criou 501 oportunidades líquidas, e Canaã dos Carajás, que gerou outras 453. Ambos são figurinhas carimbadas nesse ranking — na rodada atual, em nível de Brasil, Ananindeua foi o 85º e Canaã, o 98º.

Ananindeua tem evoluído bastante e, aos poucos, gerado oportunidades e aberto novos negócios à medida que seus indicadores de violência dão para trás. Se resolvesse seu outro calo no sapato — o saneamento básico precário —, Ananindeua certamente seria um dos municípios mais atrativos para negócios no estado, devido, sobretudo, à proximidade estratégica com Belém.

Canaã dos Carajás, por seu turno, é o município que mais enriquece no país há dois anos consecutivos e bomba em empregos tanto por meio da iniciativa privada quanto pelas obras financiadas pela administração pública local, que hoje tem condições de equiparar a cidade àqueles modelos de lugarejos europeus com infraestrutura impecável. Só não se sabe se e quando isso irá acontecer.

Parauapebas, 5º do Pará a criar mais empregos, foi o 125º no país. A Capital do Minério, acostumada nos últimos meses aos holofotes por estar sempre entre as primeiras, fez uma “parada técnica” em março, ainda assim com a abertura líquida de 342 novas oportunidades. Seus resultados de abril, a serem divulgados pelo Ministério da Economia em maio, devem vir bastante graúdos, a julgar pelo vuco-vuco de empregos divulgados nos dias pela agência local do Sine. E o negócio deve explodir por conta de serviços em contratação pela prefeitura local para o programa municipal de saneamento e, também, em razão de frentes de trabalho da Vale para abertura de novas minas na Serra Norte de Carajás.

Má notícia para Belém, que registrou 564 demissões a mais que contratações e foi o 28º município do país com mais demitidos. Ainda há nove meses para a metrópole paraense se reerguer.