Número de roubos e homicídios vem caindo vertiginosamente nos últimos quatro meses na região do CPR II

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Um dia após ter assumido o CPR II (Comando de Policiamento Regional II) da Polícia Militar, em 11 de outubro do ano passado, o coronel Mauro Sérgio Marques da Silva, em entrevista a este Blog, disse que, para combater o crime na região, que na época mostrava índices alarmantes, iria otimizar os recursos, trabalhar com índices e fazer com que a PM se antecipasse aos criminosos. Deu certo. As estatísticas de fevereiro passado apontam que nos últimos quatro meses o número de roubos caiu 34% e o de homicídios, 28%.

Ouvido novamente nesta sexta-feira (16) pela nossa Reportagem, Mauro Sérgio diz que, sob seu comando, o foco são as operações pontuais de acordo com o que ele chama de mancha criminal. Ou, um perfil da criminalidade, traçado a partir de informações como: tipos de crimes, locais em que são mais cometidos e horários e dias da semana preferenciais, entre outros detalhes.

“Isso traça o cenário de um setor, de uma cidade. E mostra os locais onde devem acontecer as operações pontuais. Por exemplo, no caso de roubos de veículos: a mancha mostra horários preferidos pelo bandido, locais mais propícios, dias da semana preferidos, tipos e marcas de veículos que mais interessam a quem comete esse crime”, detalha ele.

Resolutividade

A partir daí também é possível traçar um ranking dos crimes mais cometidos em cada núcleo da cidade, em cada bairro. E as operações, então, são efetuadas de acordo com cada situação.

Mas não é só isso. O comandante do CPR II vem conseguindo esses resultados por meio da ferramenta que chama de resolutividade, “que é o número de operações versus o número de resultados positivos”.

“Por exemplo: se nós fizermos 10 operações, em quantos por cento diminuiu o roubo? A partir daí se pode medir a efetividade e, também, a partir dessa resolutividade a gente passa a atribuir, responsabilidade ao policial que está naquela área”, explica.

Coronel Mauro Sérgio lembra sempre há uma viatura em uma determinada área com um comandante, no caso um sargento. E esse sargento sempre tem um oficial comandante dele. Então, o comando passa a fazer um histórico dos eventos criminosos, no serviço de cada policial.

Atribuindo responsabilidades

Em seguida, compara o número de operações com o número de resultados bem sucedidos. “Se um oficial teve o mesmo número de operações do outro, mas obteve menos efetividade, vamos saber o motivo. Reunimo-nos de 15 em 15 dias, sentamos e fazemos uma análise de todos os comandos da região, apresentamos os números para eles, que vão saber qual oficial e qual praça está tendo maior e também menor resultado”, conta o oficial. Segundo ele, nesse momento, o comando afere tanto o lado positivo quanto o lado negativo do servidor público e vai atacar nos pontos fracos. Ou seja, atribui responsabilidade para todos.

Mauro Sérgio reconhece que o Estado não tem estrutura suficiente para combater o crime na sua totalidade, mas afirma que o policial não pode usar isso como justificativa no seu trabalho, dizendo que tem pouco recurso e nada pode fazer. “Você tem de provar ao seu comandante o que está fazendo com o seu recurso. A partir daí eu consigo medir se você está fazendo ou não o máximo”, assevera ele, arrematado: “A justificativa de não ter, hoje em dia já não é mais válida”.

“Por isso nós temos bons resultados, nos quatro meses de comando reduzimos, em toda a região, em 28% o homicídio, e, em 34% o roubo. É um resultado muito expressivo. E tenho certeza de que esse programa, rodando agora a parir de março, os resultados serão melhores”, comemora.

Apelo ao cidadão

Indagado se a população tem ajudado nesse trabalho denunciando, o comandante do CPR II afirma que sim, mas diz que é necessário que ela se envolva muito mais. “Como dizia o presidente norte-americano John Kennedy, não pergunte o que o seu país pode fazer por você e sim o que você pode fazer pelo seu país. Então, o que eu posso fazer, como cidadão, pela minha cidade? A única coisa que a gente pede é que o cidadão denuncie”, apela Mauro Sérgio.

Ele justifica que, no momento em que o cidadão denuncia a PM otimiza seus recursos, identificando, qual é a característica da região do denunciante e que tipo de crime acontece, entre outras informações importantes para o combate à criminalidade. “A sociedade tem de se mover, isso é um apelo. Denuncie mesmo, toda denúncia é anônima e vai favorecer o seu ambiente social”.

Retorno à ativa

Sobre o chamado de policiais da reserva de volta à ativa, mas para exercer funções burocráticas nos quarteis, liberando assim mais policiais para reforçar o efetivo das ruas, Mauro Sérgio afirma que isso já está acontecendo em Marabá.

“Já temos vários policiais da reserva nos quarteis, nas partes administrativas. É um projeto muito bom e reforça o efetivo, resgata o policial militar, que quando vai para a reserva não se acostuma imediatamente, por abandonar uma profissão pela qual é apaixonado. A região só tem a ganhar com isso”, avalia.

Por Eleutério Gomes – Correspondente em Marabá