Mulher presa acusada de tentar matar o marido diz que agiu em legítima defesa

Ele disse em depoimento que o companheiro foi quem a atacou com uma faca. A sogra dela conta outra história. A Justiça é que vai decidir quem está com a razão

Continua depois da publicidade

Encontra-se presa na cela de transição da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, desde a última quarta-feira (15), Doriane Sousa Pacheco, 35 anos. Ela aguarda uma decisão da Justiça, após ter sido acusada de ter tentado matar o marido Francisco Vieira Pessoa Neto, 36, e queimado as roupas e o carro dele. A tentativa de homicídio ocorreu por volta das 18h30 de terça-feira (14), na casa do casal, na invasão Nova Carajás. Essa história, entretanto, tem duas versões.

No Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela mãe de Francisco Neto, Francisca Maria Rodrigues Pessoa, consta o filho estava na casa dela, por volta das 18h, quando recebeu uma ligação da mulher para que ele fosse até a casa do casal.

Chegando ao local, ainda de segundo o BO, Doriane, armada de faca, disse ao homem “Você é o próximo”. Neto reagiu e entrou em luta corporal com a mulher, que o furou à altura do abdômen. Ferido, ele correu para a casa da mãe gritando que havia sido furado. Logo em seguida Doriane chegou atrás dele, ainda armada de faca. Francisca, segundo narra no BO, pediu calma, mas Doriane disse “Vou matar você e o Francisco” e começou a danificar o carro do homem.

Nesse momento a sogra se atracou com Doriane e conseguiu desarmá-la e trancou a casa por fora com Francisco dentro do imóvel, enquanto a nora continuava furiosa. Porém, ao perceber que a voz do filho estava ficando fraca, Francisca pediu que a mulher o deixasse sair para ir ao hospital.

Doriane concordou, mas, quando a porta foi aberta ela tornou a entrar em luta corporal com Francisco. Francisca entrou em desespero e ligou para a Polícia Militar, mas ninguém atendeu à ligação. Pediu ajuda aos vizinhos, mas ouviu que ninguém se meteria em briga de marido e mulher.

Por fim, no meio da confusão, Francisco Neto foi levado por um vizinho ao Hospital Municipal, enquanto Doriane tocava fogo nas roupas dele e no carro do casal, um automóvel Fiat Grand Siena, cor branca, placas OPFD0D64/Parauapebas (PA), e, ainda armada de faca disse “Quem se aproximar eu mato”, indo embora em seguida.

Acusada conta versão bem diferente da apresentada pela sogra

Doriane Sousa Pacheco, mãe de três filhos, de 15, 17 e 18 anos, que foi presa no dia seguinte pela Polícia Civil, contou no Auto de Qualificação e Interrogatório, que, na terça-feira, por volta das 18h, ligou para o companheiro, Francisco Vieira Pessoa Neto, com quem convive há dois anos, pedindo que, quando ele voltasse para casa, levasse carne moída. Ao que Neto respondeu que, se ela quisesse carne moída que fosse comprar, enviando-lhe um áudio dizendo que iria tirar o couro dela.

A mulher conta que, ao chegar em casa, Francisco a segurou por trás e pelos cabelos, armado de faca, tentando feri-la. E ela, para se defender, bateu na mão dele, vindo a faca a furá-lo no abdômen. Ela negou que tivesse ameaçado o companheiro e a sogra de morte e disse que agiu em legítima defesa, afirmando que o ferimento no homem foi acidental.

A mulher confirmou que, em meio a acesso de fúria, tocou fogo no carro do casal e contou que Francisco Neto já lhe espancara em várias ocasiões, mas sempre procurou contemporizar, nunca procurou a polícia porque queria poupar a sogra, que sofre de hipertensão. Ao final do interrogatório, Doriane reafirmou que não tem a intensão de matar Francisco.

(Caetano Silva)