Mulher passa mal ao ingerir medicamentos vencidos para tuberculose

Ela diz ter recebido os comprimidos no Posto de Saúde. A prefeitura afirma que os medicamentos que a mulher diz ter ingerido, há dois anos não são mais distribuídos

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Ivonete de Sousa Alves, 40 anos, foi diagnosticada há três meses como portadora do vírus da tuberculose e, imediatamente, começou o tratamento da doença, com medicamentos fornecidos gratuitamente pelo SUS: Rifampicina 150mg mais Isoniazida 75mg. De acordo com a enfermeira Maria Natalina, o tratamento tem duração de seis meses e todos os medicamentos são oferecidos nos postos de saúde ao paciente diagnosticado.

Com Ivonete não foi diferente, ela fez todos os procedimentos necessários e já estava no seu terceiro mês em busca da cura, porém, segundo ela, todas as vezes que ingeria o medicamento, passava mal.

“Sempre que eu tomava os remédios, eu ficava sonolenta, minha pressão caía, meu corpo ficava trêmulo e meu coração disparava. Às vezes, eu tinha que beber leite para melhorar” conta a mulher.

Na última quarta-feira (18), Ivonete estava fraca, sentia fortes dores no peito e escarrou sangue. “Quando escarrei sangue fiquei com medo, chorei, meu corpo estremeceu, corri, chamei a vizinha e ela me levou para o posto de saúde”, narra ela.

Ivonete foi até o Posto de Saúde “Maria Francinete Lima da Silva”, no Setor Atila Douglas, onde foi atendida pela enfermeira Jeanne Martins Costa. “Quando cheguei à unidade de saúde, falei dos sintomas para a enfermeira. Ela me encaminhou para outro posto de saúde. Porém, lá não tinha médico. Daí retornei para casa” relata.

Já em casa, Ivonete na companhia de sua vizinha, Naiza Barbosa, decidiu procurar uma farmácia para saber o que estava acontecendo, no estabelecimento, elas foram informadas que o medicamento fornecido pelo município estava com a validade vencida.

Preocupada, Ivonete procurou novamente o Posto de Saúde do Atila Douglas, que lhe fornece o medicamento. “Cheguei e falei para enfermeira, percebi que ela ficou preocupada, ou desconfiada, e me disse que isso nunca havia acontecido”.

Ainda segundo Ivonete Alves, a enfermeira ligou para outra enfermeira e explicou da situação e, logo após, Ivonete foi encaminhada até o Hospital Municipal “Dra. Iraci Machado Araújo”, para realizar novos exames. “Perguntei o médico o porquê das dores, ele me disse que era consequência dos medicamentos vencidos”, relatou a mulher.

Das quatro cartelas do medicamento, três tinham vencido em janeiro deste ano e uma em julho do ano passado, outras três cartelas tinham vencido no mês de março passado.

“Quando descobri que estava tomando remédios vencidos, fiquei com medo, tenho duas filhas para criar, meu Deus. Isso não pode acontecer”, disse Ivonete, emocionada.

Na manhã de quinta-feira (18), ela se submeteu a vários exames, inclusive a raios-x, porém, os resultados que seu organismo não foi afetado pelos medicamentos vencidos. O estado clínico dela segue em evolução para a cura da tuberculose.

Ivonete de Sousa Alves disse que vai procurar seus direitos. “Eu recebi medicamentos vencidos do município. Isso não se faz, é vergonhoso para Redenção. E se eu tivesse morrido? Como ficariam minhas filhas? Eu vou procurar meus direitos”, desabafou.

Outro lado

Procurada, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Redenção, respondeu que a Secretaria Municipal de Saúde abriu processo administrativo para averiguar o caso da paciente Ivonete de Sousa Alves, “que alega ter recebido medicamentos vencidos”.

A nota segue dizendo que, “de antemão, a Secretaria informa que a medicação apresentada nas reportagens [Rifampicina 150mg mais Isoniazida 75mg] já não é mais utilizada na rede municipal há mais de dois anos”.

Nova droga

De acordo com a Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz), todos os anos surgem aproximadamente 70 mil novos casos de tuberculose no Brasil, levando aproximadamente 4,6 mil pessoas a óbito, de acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2017.

Porém, em novembro de 2014 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro de uma nova associação de fármacos para o tratamento da tuberculose no país. O novo medicamento combina em um só comprimido, rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, e é indicado para tuberculose pulmonar e extra pulmonar, na fase inicial intensiva do tratamento.

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) já disponibilizou mais de 7 milhões de comprimidos do 4×1, gratuitamente, no Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão é distribuir um total de mais de 24 milhões de unidades farmacêuticas.

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