Marabá tem melhor março da história na balança comercial

Suecos, poloneses e alemães disputam cobre do município, que é considerado um dos metais do futuro para atender metas de sustentabilidade. Parauapebas e Canaã caíram acima de 30%

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Pela primeira vez na história, o município de Marabá ultrapassou a marca de 200 milhões de dólares exportados em commodities em março, desde que suas estatísticas de transações internacionais passaram a ser computadas pelos órgãos oficiais, em 1997. No mês passado, o principal município do sudeste paraense registrou 230 milhões de dólares, 15,8% acima dos 198,66 milhões de dólares transacionados no mês período de 2021, quando o então recorde havia sido consolidado.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os microdados da balança comercial por município liberados nesta sexta-feira (8) pelo Ministério da Economia. Só em duas outras ocasiões a Capital do Cobre registrou volume financeiro de comércio exterior superior a 100 milhões de dólares: em março de 2018 e em março de 2019. Em março, Marabá foi o 21º maior exportador nacional.

As exportações marabaenses reagiram bem por conta do “surto” de produção de cobre, que alcançou 207,02 milhões de dólares no mês passado. O cobre encareceu em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia. Além disso, é considerado uma das commodities do futuro porque a demanda deve aumentar em um terço até 2030, tanto pelo crescimento de veículos elétricos quanto por ser usado na transição energética.

Marabá tem a maior reserva medida, provada e provável de cobre do Brasil, e a mineradora multinacional Vale, que mantém o projeto Salobo no município, é a líder do setor. Ano passado, a Vale retirou de Salobo R$ 7,95 bilhões em cobre, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Este ano, em apenas três meses completos, já são R$ 2,32 bilhões.

Em março, os suecos compraram de Marabá 86,39 milhões de dólares, seguidos dos poloneses, que importaram 63,53 milhões, e dos alemães, que obtiveram 56,78 milhões. Os chineses compraram apenas 318,7 mil dólares em cobre.

Além do metal, Marabá exportou 12,57 milhões de dólares em ferro fundido, outra commodity em que é especialista; 5,76 milhões em manganês, minério do qual chegou a ser líder nacional de produção em 2019; 3,86 milhões em carnes bovinas congeladas, ramo que tem potencial de crescimento local gigantesco, uma vez que Marabá detém o terceiro maior rebanho brasileiro. Exportou ainda vísceras defumadas, miudezas comestíveis e carnes frescas.

Parauapebas e Canaã tombam

Se março foi bom para a saúde do centenário Marabá, para os jovens Parauapebas e Canaã dos Carajás, líderes nacionais da produção de minério de ferro, a situação foi debilitante. Movidos pela indústria extrativa mineral, que desacelerou nos últimos meses, os dois veem as repercussões se espalharem para além de meras estatísticas ― elas podem chegar ao ponto de ser sentidas na administração pública desses municípios, que sobrevivem com royalties gerados da atividade mineral. Sem royalties, as prefeituras locais podem desacelerar programas e projetos que levam serviços essenciais à população.

Em Parauapebas, as exportações totalizaram 609,93 milhões de dólares, 39,6% abaixo do movimento de março do ano passado, quando as transações comerciais originárias da Capital do Minério bateram recorde de 1,009 bilhão de dólares, desempenho que talvez nunca mais se repita. Parauapebas, que antes era o 1º do Brasil em exportações, agora está em 4º.

Já em Canaã dos Carajás março deste ano foi o primeiro de queda desde que o município passou a figurar oficialmente como exportador, em 2005, nas estatísticas nacionais. A Terra Prometida realizou 519,16 milhões de dólares em comércio exterior, 32,3% abaixo do pico de 2021, quando cravou 767,08 milhões. Canaã dos Carajás caiu do 3º lugar de maior exportador para a 7ª posição.

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