Marabá: Presidente da Acim diz que sem coesão política o Pará continua “caranguejando”

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O anúncio de que a multinacional China Brazil New Energy Environment International Investment (CBSteel) pretende começar, ainda no segundo semestre deste ano, a construção de uma indústria siderúrgica em Bacabeira (MA), cidade distante 53,5 km de São Luís, deixou mais uma vez em alerta o setor produtivo do Pará, sobretudo desta região. É que, o Estado, de onde vai sair a matéria prima para mais esse empreendimento, continua marcando passo em seu projeto de verticalização mineral, sobretudo a região de Marabá, cujo meio empresarial trava uma luta contínua para mudar o quadro atual, em busca de empreendimentos que gerem emprego e renda.

Para falar sobre o assunto, o Blog procurou o presidente da Acim (Associação Comercial e Industrial de Marabá), Ítalo Ipojucan Costa, a fim de saber a opinião do setor produtivo sobre mais esse megainvestimento que aporta no Estado vizinho.

Ítalo reconhece que se trata de uma planta de musculatura invejável, como investimento anunciado da ordem de 8 bilhões de dólares, (aproximadamente R$ 26,56 bilhões), produção de 10 milhões de toneladas de aço e geração de 10 mil empregos.

Favorecimento

“Eu acho que é tudo o que o Pará queria. Mas, em verdade, é um empreendimento cuja discussão começou há cerca de três anos, quando uma missão chinesa, visitando a Presidência da República, assinou vários protocolos de intenção, de investimentos em diversos segmentos no Brasil”, explica Ipojucan.

Segundo ele, o que na época facilitou a ida da CBSteel para o Maranhão hoje foram as ligações políticas da então presidente Dilma Rousseff com aquele Estado, por conta de ministérios estratégicos nas mãos de políticos maranhenses na ocasião. “Creio que isso favoreceu a primeira linha de discussão com o Maranhão para, levar essa siderúrgica para lá”, afirma o presidente da Acim.

Outro componente importante – avalia Ítalo – é a logística da linha férrea, que dá condições de competitividade para projetos de grande envergadura, do setor siderúrgico, que em geral acontecem na base de produção, a mina, ou na ponta, o porto.

Frustração

“Então, é mais um quesito que favoreceu o Maranhão: ter uma linha férrea pronta com condição de dar vazão à produção com competitividade, com precificação diferenciada para o produto a ser transformado na planta chinesa”, afirma ele.

Para Ítalo o que deixa o empreendedor local frustrado é que o Pará, como o detentor das minas, onde tudo começa, não capitalizou e luta até hoje para agregar valor dentro da cadeia produtiva do minério de ferro. “É natural que lá atrás tudo tenha começado por conta de correntes políticas que definiram a ferrovia para desembocar em São Luís e isso faz um diferencial. O que eu quero crer é que esse empreendimento não liquida com as pretensões do Pará”, reflete o presidente da Acim.

Ele explica que o empreendimento da chinesa CBSteel é voltado para a exportação, já discussão em âmbito local passa pela construção de uma planta vocacionada para produtos com mercado doméstico, interno, notadamente, para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Mero produtor

“É essa a defesa técnica que eu tenho presenciado. O trabalho que tem sido executado dentro das linhas de governo, o qual, particularmente, acompanhei desde 2015, e tenho visto as complicações que ele enfrentou naturalmente, nos últimos desfechos desse processo”, destaca Ítalo Ipojucan.

Ele diz acreditar, porém, que, para que o Pará dê o tão esperado salto de crescimento e saia do estágio de mero produtor de matéria prima “é necessário que a classe política do Estado assuma um compromisso de fato, abandone as bandeiras partidárias, desça dos palanques e entenda que o Estado precisa sim alcançar um nível de desenvolvimento”.

Ítalo citou como exemplos Pernambuco, com o Porto de Suape, e o Ceará, com o Porto de Pecém, dois polos empresariais de primeira grandeza, com atração de empresas, estruturas de secretarias e de agências de desenvolvimento, que captam empreendedores no mundo inteiro.

Exemplos

“Mas, para que isso acontecesse, uma significativa força empresarial e política conduziram esses dois estados de forma que capturassem essas oportunidades e os transformassem. São estados que não detêm 10% da riqueza do Pará, mas possuem altíssimo nível de desenvolvimento”, atesta.

“E esse potencial o Pará tem. Temos hoje o Porto de Barcarena, que, se bem trabalhado e se tivermos capacidade de implementar carga, certamente tem tudo para  ser o porto mais importante do Brasil”, avalia Ipojucan, afirmando mais uma vez que, o que falta no Pará, é uma força-tarefa, de compromisso pelo Estado, em que todos os políticos que estão desempenhando seu mandato, tenham a atitude deixar as diferenças políticas de lado e caminhar na mesma direção, “porque as oportunidades têm janela temporal e essa é uma que se fechou”.

Projeto maior

Na opinião de Ítalo, o empreendimento da CBSteel no Maranhão demonstra claramente ao Pará que faltou atitude, faltou coesão de propósitos em que as diferenças fossem deixadas de lado. “Isso me preocupa porque não fecha totalmente as portas do Pará para ainda empreender ainda em uma, mas inibe bastante um empreendedor de vir para esta região, sabendo que tem uma estrutura da CBSteel, com 10 milhões de toneladas produzindo no Maranhão”.

Por fim, o presidente da Acim lembra que temos dois ramais logísticos sendo debatidos hoje no Estado do Pará, que são a condição futura para o Estado, crescer, se desenvolver ou continuar estagnado exportando matéria prima: a hidrovia e a Ferrovia Paraense. “São os dois que estão em discussão. Então, eu vejo que o Estado do Pará tem todo potencial, mas, vamos continuar ‘caranguejando’ se destoarmos ou deixando destoar o foco que deveria existir, de coesão política, em função de um projeto maior que se chama Estado do Pará”, encerra o presidente da Acim.

Por Eleutério Gomes – Correspondente em Marabá

6 comentários em “Marabá: Presidente da Acim diz que sem coesão política o Pará continua “caranguejando”

  1. aiguiton vaz Responder

    São oportunas, algumas das colocações mencionadas acima. Mas, deveríamos ir mais além, para entendermos as mazelas do nosso estado. Principalmente, da região sudeste, que vem amargando desde sempre com a falta de investimentos, principalmente, por parte do governo do estado. Que insiste em tratar essa região do estado, como o filho bastardo, que vive com as sobras, é muitas vezes, vergonhoso dizer que somos do sudeste paraense, lugar rico, com gente tão sofrida. Não por falta de vontade de trabalhar, mais por falta de apoio do estado. É triste ver nossas riquezas saindo do estado, sem deixar nenhum legado econômico. Até quando?

  2. Luis Sergio Anders Cavalcante Responder

    O Sr. Ítalo realmente é dos poucos, senão unico, que volta e meia vai a Brasilia tentar conseguir investimentos(Projetos) para Marabá e região..Faz o “mea culpa” sòzinho. Ele so não diz, e acho que deveria faze-lo, é esclarecer aos muitos que desconhecem o fato, é que ele(Ítalo)é filiado ao (P)MDB do cacique Jader e seu filho Helder, envolvidos na Lava Jato. Quanto aos demais politicos do nosso estado nada se pode esperar pois, suas introspecções so dizem respeito ao proprio umbigo. Enquanto não deixarmos de ser “almoxarifado” para o resto do pais, nao sairemos dessa pindaíba. O eleitor mais modesto ou menos informado, há que aprender a votar em candidatos comprometidos com o coletivo. Não sou pessimista, sim realista. Tais mudanças não acontecerão em nossa geração.Acredito que tais acontecimentos não serão presenciados por nós, nossos filhos nem nossos netos. 01.04.18.

  3. Antonio Carlos Campos do Nascimento Responder

    Muto coerentes as colocações do presidente da Acim, o Pará vem a décadas sofrendo com a falta de visão e coesão dos políticos deste nosso estado. O que nos faz ficar sonhando com entre outros com a verticalização dos diversos minerais aqui extraídos, enquanto outros estados que nem sequer tem produção ativa saem beneficiados, nos continuamos na era do extrativismo.

  4. Carlos Borromeu Responder

    Falando de economia.Das 5570 municípios no Brasil.83%.Não arrecadam 20% Do que gastamaltosusten17% São altosustentaves. Os seja investiram nas suas economias .Esse ovo que falta na nossa região. Investir na economia.Como por exemplo o cred cidadão.Que financia pequenos negócios.rural.ou urbano.e isentando à agricultura sustentável.Como cacau .Açai.cupuaçú.e etc…Gestor que investir na economia do seu município.Ficará eterno.para os munícipes.

  5. Carlos Borromeu Responder

    Boa noite..primeiro gostaria de informar sobre à ALPA. No qual como coordenador da Funai.encaminhei um Olívio para à VALE. pedindo uma reunião para discutir os impactos da obra da Alpa.e a operação do projeto nas terras indígena.Gavião.E foi marcada a reunião para fevereiro do ano seguinte.Em fevereiro à vale me comunicou que seria marcado para as 09 horas da manhã se não me engano em 18 de fevereiro.E véspera da reunião me convidaram para um café da manha as 07.00 horas.Antes um pouco da reunião com os índios.E no café me informaram que o projeto Alpa não mais seria feito.porque o goveroncador Jatene não mais ajudaria o projeto.que tinha uma contribuição de 270. Milhões de contra partida para o projeto.e que Jatene disse que o projeto era da Vale.que à vale teria que fazer o projeto sem a contribuição do estado.E na reunião com os índios eu informei que o projeto não mais sairia.Por isso não ia ter o estudo.ESTÁ É A REALIDADE DA ALPA. MAS APROVEITANDO À OPORTUNIDADE.QUERO PEDIR PARA TODOS OS INTERESSADOS NO FUTURO DAS REGIÕES SUL.E SUDESTE.FAZ 07 ANOS QUE O GOVERNO DO PARÁ CORTOU.OU BAIXOU DE 8,4%QUE AS DUAS RREGIÕES. TINHA DIRETO SOBRE O ORÇAMENTO DO ESTADO.PARA 2,8%.E PIOR.NÃO INVESTE NEM 2%.DOS 2,8%.VAMOS COBRAR DOS NOSSOS REPRESENTANTES.PARA QUE VOLTE NOSSOS 8,4 %.SEM FALAR DA TAXA MONETÁRIA QUE SOME E AS DUAS REGIÕES NÃO RECEBEM NADA.

  6. Wander Responder

    Projeto maior

    O Ítalo,esta nesta luta sozinho ha muito tempo .
    Tinha no Adnan seu patceiro de luta mas isto nao foi suficiente , porque ?
    Forcas politicas consrguiram neutralizar sua influencia e hoje o homem forte do governo Jatene nao mais consegui mostrar sua competência.
    Conclusão mais uma vez o Ítalo ficou no voou solo.
    Este empreendimento no escopo divulgado enterra um sonho e mais uma vez o Pará fica no hora veja , foi assim no projeto carajas e 40 anos depois continua do mesmo jeito .
    O Maranhão sempre com mais competência politica administrativa sai na frente e da uma aula de como desenvolver p estado criando oportunidades e melhoria na quslidade de vida dos maranhenses.
    Foi com Jose Sarney e se repete com Flavio Dino .
    Que isto sirva de lição para os paraenses .

    Papagaio come milho periquito leba fama .

    O empreendimento da CBSteel no Maranhão demonstra claramente ao Pará que faltou atitude, faltou coesão de propósitos em que as diferenças fossem deixadas de lado.

    Concordo com o Italo !

    “Isso me preocupa porque não fecha totalmente as portas do Pará para ainda empreender ainda em uma, mas inibe bastante um empreendedor de vir para esta região, sabendo que tem uma estrutura da CBSteel, com 10 milhões de toneladas produzindo no Maranhão”.

    Em tempo os chineses estiveram aqui na capital do minerio mas poucos pouquíssimos se perceberam a importância da vista .

    Infelizmente.

    Tenho como lembrança o proyocolo .
    convidei o Italo para ums conferencia e ele teve a oportunidade de conversar com os chinês também.

    WJN

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