Manicômio tributário obriga brasileiro trabalhar até 29 de maio só para pagar impostos em 2022

Contribuinte brasileiro trabalhou quase o dobro do que em 1970 para pagar as contas com o “Leão”
Sem reforma tributária o brasileiro continuará a pagar um dos maiores impostos do mundo

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Brasília – Levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) fez as contas e descobriu que o brasileiro precisou trabalhar até o dia 29 de maio somente para pagar tributos em 2022, o equivalente a 149 dias, ou 40% do total em um ano. O estudo transformou o percentual da carga tributária em número de dias trabalhados para chegar no resultado. O fato é atribuído ao manicômio tributário em voga no país.

O número de dias é o mesmo de 2021, mas ligeiramente inferior que os dias de trabalho exigidos para prestar contas com a Receita Federal na última década. Olhando para um passado mais distante, por outro lado, em 2022, o brasileiro trabalhou quase o dobro do que em 1970 para pagar as contas com a Receita Federal.

Segundo o IBPT, o cálculo foi feito por faixa de renda, considerando-se o período de maio de 2020 a abril de 2021. Utilizou-se, para fins tributários, a faixa mensal de rendimento de até R$ 3 mil (classe baixa), de R$ 3 mil a R$ 10 mil (classe média) e acima de R$ 10 mil (classe alta).

Gastos para tributação

Em 2022, o valor pago em impostos representava mais de 40% do rendimento médio do brasileiro.

No mundo

Se observar outros países, a Dinamarca é a nação com a maior quantidade de dias trabalhados para pagar impostos, com 179 dias, segundo dados de 2019, do levantamento mais recente feito pelo IBPT. Na sequência, aparecem Bélgica, com 171, França, com 163, e Finlândia, com 159.

Arrecadação por estado

No ano de 2021, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foram os estados brasileiros que registraram a maior arrecadação em tributos, com R$ 924,2 bilhões, R$ 353,49 bilhões e R$ 191,61 bilhões, respectivamente, segundo o Impostômetro.

Por outro lado, Amapá, Acre e Tocantins aparecem como os estados com a menor arrecadação no Brasil, com R$ 3,28 bilhões, R$ 4,22 bilhões e R$ 9,25 bilhões, respectivamente.

Quadro com a arrecadação das receitas federais de 2010 a 2021, em trilhões

Arrecadação federal

De 2010 a 2021, a arrecadação das receitas federais cresceu no Brasil, passando de R$ 1,62 trilhão em 2010 para R$ 1,97 trilhão em 2021, em valores corrigidos pela inflação, segundo dados da Receita Federal. Com isso, o resultado do ano passado representa um recorde e uma alta real de 17,36% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

De acordo com a Receita, destaques na arrecadação de impostos como a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o PIS/Pasep, tiveram alta graças à elevação dos preços dos combustíveis em 2021. Juntos, esses tributos apresentaram arrecadação de cerca de R$ 36,4 bilhões.

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também contribuiu para o resultado. Segundo a Receita, o IOF acumulou R$ 5,5 bilhões. Já o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) totalizaram arrecadação de quase R$ 400 bilhões.

Por Val-André Mutran – de Brasília

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