Novata em Brasília, a nova ministra Gleisi Hoffman (PT-PR) vai trocar o conforto do Senado pelo cargo mais instável da República na era petista, inaugurada em 2003. Desde a posse de Lula na Presidência, três políticos deixaram a Casa Civil sob suspeitas de corrupção ou tráfico de influência. A única sobrevivente foi Dilma Rousseff, premiada com a candidatura vitoriosa à Presidência no ano passado.
A maldição começou a assombrar a Casa Civil durante o reinado de José Dirceu. Enfraquecido em 2004 pelo caso Waldomiro Diniz, assessor acusado de pedir propina a bicheiros, ele resistiu no posto até o ano seguinte. Caiu no escândalo do mensalão, após o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) apontá-lo, em entrevista à Folha de S.Paulo, como chefe de um esquema de compra de apoio parlamentar.
Escolhida para sucedê-lo, Dilma quase perdeu o cargo em 2008, sob acusação de coordenar um dossiê sobre gastos sigilosos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Foi salva pelo empenho do presidente Lula, determinado a lançá-la à própria sucessão.
A cadeira ejetora voltaria a funcionar em 2010, na reta final da campanha. O alvo da vez foi Erenice Guerra, com o filho acusado de fazer lobby nos corredores do Planalto.
Escaldado, Lula não chegou a nomear outro ministro: manteve o discreto Carlos Eduardo Esteves Lima como interino até o fim do governo.
Com Antônio Palocci, o fantasma volta a rondar o quarto andar do palácio presidencial. Ele seguiu o script dos antecessores: sem condições de permanecer, entregou uma carta de renúncia para não sair como demitido
Fonte: FolhaPress