Laboratório Central do Pará já realizou mais de mil testes para diagnosticar a Covid-19 na população paraense

Instituição ganhou reforço de pessoal e trabalha em três turnos devido o aumento substancial da demanda

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O Estado do Pará tem uma importante arma na guerra para derrotar a pandemia do novo coronavírus. Com as restrições de controle e quarentena determinadas pelo decreto do governador Helder Barbalho (MDB) para conter a curva ascendente de alastramento da nova doença, e a priorização para que nada falte à estrutura de Saúde do continental Pará, a estratégia de combate foi desenhada pelo médico Alberto Beltrame, ex-Ministro do Desenvolvimento Social e Secretário de Estado de Saúde.

Formado em Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Beltrame é especialista em Pediatria, administração hospitalar e mestre em Gestão de Sistemas de Saúde pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Tem larga experiência na administração de crises epidemiológicas, como a SARS, a INFLUENZA e a EBOLA.

Diretor Dr.° Alberto Simões Jorge Júnior em pé ao Centro e sua equipe do Lacen-PA

No Laboratório Central do Pará (LACEN/PARÁ), em Belém, referência estadual para os testes de diagnóstico do novo vírus, já foram realizados, até as 19h da noite de quinta-feira (2), com testes desde 26 de fevereiro, exatamente 1.040 testes para identificar a Covid-19 e outras doenças respiratórias; sendo que 952 foram descartados, 45 apontaram positivo para a Covid-19 e 43 estão em curso de análise. Não entra na conta os casos da gripe INFLUENZA.

As informações foram prestadas pelo farmacêutico Dr.° Alberto Simões Jorge Júnior, Diretor do LACEN/PARÁ, que assumiu o cargo em 2019. Em entrevista exclusiva ao correspondente da Agência Carajás em Brasília, que edita o Blog do Zé Dudu, o diretor explicou que devido ao aumento substancial da demanda, foram criadas três equipes de trabalho em três turnos de seis horas.

A equipe de linha de frente do LACEN/PARÁ contava com 11 técnicos e teve o reforço de mais 3 profissionais, cuja contratação foi autorizada pelo governador Barbalho, após aval do secretário Beltrame. Vale destacar que a equipe do laboratório é do mais alto nível. São pós-graduados, mestres e doutores em suas respectivas áreas.

Com mão-de-obra altamente qualificada, instrumental e equipamentos atualizados, o LACEN/PARÁ, desde 2010 realiza teste de biologia molecular para as doenças respiratórias e para HIV, Hepatite e Meningite. Em meados de março a instituição foi submetida a uma capacitação, quando foi descentralizado o diagnóstico de Coronavírus para o Laboratório Central. “A partir do primeiro positivo diagnosticado, a amostra foi enviada para o Instituto Evandro Chagas que, a partir dai, nos validou e nos habilitou para fazer o diagnóstico da Covid-19”, esclareceu o diretor.

Ronaldo Magno, doutor em Química Analítica e analista do LACEN-PA

Jorge Júnior disse que: “O Laboratório Central do Pará realiza os testes de possíveis pacientes infectados com o Sars-Cov- 2 (doença infecciosa que pode levar a morte) a mais moderna técnica: o PCR em tempo real, desde o ano de 2010 para diagnóstico de INFLUENZA e demais vírus respiratórios. E agora entrou no rol também a detecção para o novo coronavírus”. A metodologia é a utilização da biologia molecular por RP PCR.

Coletas

O LACEN/PARÁ não realiza coleta de exames, o contato da instituição não é com o cliente final (pacientes); a relação se dá com as Secretárias de Saúde dos municípios através da sua rede de vigilância ou da sua rede de atenção básica. Uma de suas missões é capacitar os municípios para fazerem a coleta do material (secreção de nariz e boca) nos pacientes para que seja utilizada no diagnóstico em biologia molecular. “As coletas são de responsabilidade da estrutura de Saúde dos municípios”, explicou o diretor.

Perguntado sobre a conservação das amostras antes do teste, porque há denúncias alertando que o material está sendo conservadas em temperatura inadequada; e os testes têm demorado em média mais de uma semana para chegar o resultado, segundo fontes médicas da reportagem na cidade de Redenção, o diretor disse que desconhece tal situação.

“Nós recebemos aqui no laboratório, junto com a amostra a ficha de notificação do caso suspeito e o histórico do paciente. Não temos registros de coletas feitas há 20 dias atrás cujo exame não foi feito”, garantiu. “O que constatamos é que, embora o Pará tenha um território continental, as coletas têm chegado em até 48 horas”, completou.

Apesar do aumento significativo de testes que estão sendo realizados, o diretor do laboratório informou que as liberações dos resultados dos testes estão sendo feitas em no máximo 72 horas.

O Laboratório de Biologia I, do LACEN/PARÁ, que faz o diagnóstico por biologia molecular das doenças respiratórias, teve um salto multiplicado por 3 vezes acima da sua rotina.

Protocolos

Numa situação de emergência epidemiológica mundial como a que está a afetar o mundo, o LACEN/PARÁ adota como critério a urgência de cada caso. Jorge Júnior explica: “As prioridades são para os pacientes que estão internados, que estejam na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ou aqueles que precisam de transferência. Esses dados vêm na ficha do paciente. Embora o diagnóstico da Covid-19 seja confirmado em determinado paciente, em nada muda os critérios clínicos do profissional, até porque não há medicação para essa doença.”

No sábado (3), o Blog do Zé Dudu publicará a segunda parte da longa entrevista, tratando dos demais assuntos que envolvem as providências do Governo do Pará, na área de Saúde e da atuação do LACEN/PARÁ nessa cruzada a favor da vida, para derrotar esse perigoso inimigo invisível.

O Diretor do LACEN/PARÁ foi contundente nas recomendações a todos os paraenses: “Fiquem em casa, cuidem da higiene pessoal, lavem as mãos com frequência, tenham uma boa alimentação e pratiquem exercícios físicos”.

Por Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.