Instagram expulsa influenciadora após postagens promocionais de modelitos ao lado do caixão do próprio pai

Abusos cometidos nas redes sociais expõem necessidade de regulação das big techs
Influenciadora norte-americana tira fotos em frente caixão do próprio pai

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Brasília – De presidentes da República a traficantes pé de chinelo, os abusos cometidos em postagens nas redes sociais colocam em xeque a desenvoltura e falta de regulamentação das big techs. O último episódio que chocou a sociedade aconteceu no estado da Flórida, nos Estados Unidos. A influenciadora digital Jayne Rivera, de 20 anos, foi expulsa do Instagram que pertence ao Facebook, após ser alvo de diversos comentários negativos ao posar para fotos em frente ao caixão do próprio pai, o veterano de guerra José Antonio Rivera, 56, que morreu no dia 11 de outubro.

A jovem norte-americana aparece nas fotos usando combinações de roupas e fazendo poses, uma dela com as mãos em oração.

Na ocasião das fotos, ao mesmo tempo em que seu pai era velado dentro de um caixão aberto, durante o velório antes do enterro, Jayne Rivera não teve dúvidas e aproveitou a ocasião para exibir aos seus seguidores, várias opções de modelitos fashions.

Ela disse que seu pai apoiou sua carreira como uma “influenciadora em tempo integral”, então fez sentido incluir a foto com ele no caixão em sua página do Instagram. Nas imagens, a influenciadora não parece enlutada e faz poses exibindo um minivestido, blazer de uma manga com um decote profundo, meia-calça preta e botas de salto alto.

No esquema de tudo por um click, o plano da influenciadora deu certo as avessas. As imagens rapidamente se tornaram virais no Reddit (rede muito utilizada pelos americanos) e no Twitter, ganhando manchetes internacionais enquanto os críticos chamavam seu comportamento de vergonhoso — mas Rivera não se abalou e insistiu, em entrevista para a rede de TV NBC News que: “Nada [havia] de errado com o que eu postei, e mantenho isso”, sustentou na maior cara de pau.

Sem demonstrar qualquer constrangimento ou empatia com a situação a influenciadora disparou se vitimizando e partindo para o ataque: “Estou vendo os comentários, e eles são odiosos e abusivos”, disse uma Rivera contrariada à NBC 6 na sexta-feira (29). “Eu não senti que havia algo de errado com o que eu estava fazendo. Você não podia vê-lo nas imagens”, disse ela, referindo-se ao corpo do pai, que aparece ao fundo das fotografias.

Dois dias após o funeral do homem, que serviu no Exército norte-americano, no Afeganistão, a influenciadora teve sua conta no Instagram encerrada. Um porta-voz da empresa disse que a providência foi tomada porque a conta violou regras, não pelas fotos, mas também sem esclarecer qual foi a regra violada pela influenciadora desnaturada, o que revoltou usuários da plataforma — uma das mais utilizadas por influenciadores e celebridades que ganham dinheiro ao utilizar os seus perfis para emprestar prestígio e “dicas” para milhões de clientes potenciais de produtos os mais diversos. De roupas, jóias e comidas, a livros, discos e lugares descolados para visitar na próxima viagem de férias.

Os chamados influenciadores digitais são utilizados por várias empresas em suas estratégias de marketing. Alguns desses “palpiteiros” ganham fortunas pelo trabalho e são obcecados por números cada vez maiores de seguidores e cliques que lhes garantam estufar a carteira.

Jayne Rivera disse que não fez nada de errado e tem o direito de sofrer o que quiser por seu pai, que ela disse ter tirado muitas de suas fotos nas redes sociais. “É meu pai e posso postar o que quiser com ele”, defendeu. “Ele não ficaria bravo. Acho que meu pai está olhando para baixo, torcendo por mim, dizendo: “Essa é minha garota”, afirmou.
A influenciadora disse ainda que cada um lida com a perda de um ente querido à sua maneira. Segundo ela, “algumas pessoas são mais tradicionais e outras podem querer quebrar tabus. Para mim, tratei a celebração como se meu pai estivesse bem ao meu lado, posando para a câmera como ele havia feito em muitas ocasiões antes.“

Efeito colateral
Aos poucos o mundo começa a tentar entender o alcance das redes sociais controladas por meia dúzia de big techs.

A discussão é complexa e na Europa a Zona do Euro criou uma comitê exclusivamente para tratar do assunto. Aqui no Brasil, o assunto está engatinhando.

Se trata de empresas que são os maiores veículos de comunicação do planeta e que não pagam a quem produz as notícias, não empregam jornalistas ou fotógrafos. Reproduzem conteúdo gratuitamente que foram produzidos por profissionais e que custam muito dinheiro às empresas as quais prestam serviço.

É uma terra de ninguém onde pedófilos enganam adolescentes e mulheres carentes. Traficantes pé de chinelo postam fotos armados até os dentes e exibindo maços e maços de dinheiro fruto de suas delinquências. É um território no qual pedófilos e traficantes de pessoas recrutam as próximas vítimas. “Reis e Faraós dos Bitcoins” armam, do nada, pirâmides financeiras para perpetrar golpes milionários em incautos. Presidentes de Repúblicas e políticos sem noção, contam toda a espécie de mentiras ao eleitorado e nada acontece.

— Até quando?

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.