Tanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado para medir a evolução dos gastos básicos do dia a dia, quanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve de parâmetro para correção do salário mínimo, ficaram oficialmente acima de 10% no Brasil em 2021. É o que acaba de divulgar nesta terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou os microdados dos indicadores que mensuram a inflação no país.
O IPCA bateu 10,06% e o INPC, 10,16%. Numa tradução livre desses números, é como se, a cada R$ 100 que uma pessoa tirou da carteira para comprar algo, ao menos R$ 10 tenham sido perdidos. A cada R$ 1 mil, pouco mais de R$ 100 não teve valor algum.
Em escala regional, a inflação oficial do Pará, mensurada a partir da Grande Belém, foi a menor entre as localidades pesquisadas pelo IBGE. No estado, o IPCA ficou em 8,1%, mais de quatro pontos percentuais e meio abaixo da inflação do Paraná, a maior do país, que fechou 2021 em 12,73%. Já o INPC paraense acumulou 7,75%, também o menor do Brasil, enquanto o registrado no Paraná, de 12,84%, foi o maior.
Atualmente, os gastos dos paraenses com alimentação representam 26,74% do orçamento familiar, mas foi um dos tipos de despesas que menos cresceram (3,87%) ao longo do ano passado. Já os serviços de transportes dispararam absurdos 17,73%, em razão dos consecutivos aumentos de preços dos combustíveis. Hoje, os transportes respondem por 19,38% no bolso da população do Pará.
E tem mais: a sensação de inflação não é percebida de maneira uniforme em um mesmo lugar. No Pará, por exemplo, a “carestia” reportada pelos moradores de municípios como Altamira, Vitória do Xingu, Pacajá, Canaã dos Carajás e Parauapebas supera em muito a das principais capitais brasileiras.
Impactos à vida do paraense
Quais os impactos desses dois índices no dia a dia do paraense? Muitos. Em primeiro lugar, por menor que seja a inflação do estado em relação à nacional, o preço da maioria dos produtos consumidos aqui é regulado fora dos muros paraenses, nos estados e até países de venda ou compra.
Depois, o Pará é um dos estados mais pobres do Brasil, do ponto de vista socioeconômico. Enquanto o rendimento médio do trabalhador brasileiro gira em torno de R$ 2.459, a média no Pará é de R$ 1.720, a 9ª pior do país. Embora a inflação potencialmente corroa R$ 250 mensais do trabalhador médio brasileiro e R$ 133 do paraense, o trabalhador médio brasileiro ainda tem cerca de R$ 2.209 para gastar, cerca de R$ 622 a mais que os R$ 1.587 do trabalhador médio paraense, e isso faz toda a diferença. Ao longo de um ano, o trabalhador paraense perdeu cerca de R$ 1.596 para a inflação, um verdadeiro absurdo.