Imagens de cavernas protegidas de Carajás estarão em livro lançado em 2024

Oito dos mais experientes fotógrafos de caverna do mundo assinam as fotos, parte da terceira expedição do projeto Luzes na Escuridão
Cavidade no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, mantido com o apoio da Vale (Foto: Ataliba Coelho)

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Experientes fotógrafos brasileiros e de outros cinco países percorreram mais de 30 cavernas espalhadas por cinco municípios do Pará e Amazonas, durante uma jornada que teve início em junho deste ano e durou 21 dias. Parte do projeto Luzes na Escuridão, as imagens capturadas por estes profissionais estarão em um livro que será lançado em 2024.

Na última semana, eles percorreram cavidades do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e da região da Serra Sul, na Floresta Nacional de Carajás (PA), encerrando a terceira expedição da iniciativa, que visa divulgar a importância destes patrimônios espeleológicos brasileiros por meio das imagens de alta qualidade e, com isso, obter apoio para a sua conservação. 

“O projeto surgiu da ideia de trazer alguns dos maiores fotógrafos de caverna do mundo para, juntamente com grandes fotógrafos brasileiros, registrarem imagens inéditas de algumas das mais belas cavidades do Brasil,” explica Leda Zogbi, co-coordenadora do Luzes na Escuridão. “Hoje, temos cerca de 24.000 cavernas identificadas no país, um patrimônio desconhecido da imensa maioria dos brasileiros e que precisa ser divulgado e preservado”.

Na Floresta de Carajás, o grupo de fotógrafos se dividiu. Parte visitou o Parque dos Campos Ferruginosos, mantido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde 2017, com apoio da Vale, onde se identificam 377 cavidades preservadas. Outra parte seguiu para S11B e S11C, corpos minerais na Serra Sul de Carajás, onde estão localizadas cavernas de máxima relevância monitoradas e preservadas pela mineradora.

“Trata-se uma das unidades de conservação com maior quantidade de cavernas do Brasil, a área protegida com mais cavidades em rochas ferríferas do mundo,” resume Allan Calux, também coordenador do projeto.

Gerente de Espeleologia e Tecnologia da Vale, Iuri Brandi expressa satisfação com a iniciativa: “Estamos felizes com a visita desses fotógrafos, porque ela representa um reconhecimento do nosso trabalho de conservação desses ambientes tão importantes para a biodiversidade do país”.

Atualmente, a empresa conta com uma equipe de 25 profissionais dedicados ao estudo das cavidades naturais por todo o Brasil. Especialistas coordenam trabalhos de monitoramento espeleológico, pesquisas científicas e projetos técnicos, promovendo operações sustentáveis nas minas onde a Vale atua. Ao longo dos últimos dez anos, foi promovida a criação de 12 áreas de proteção ambiental com foco na preservação de cavernas.

Luzes na Escuridão

O projeto Luzes na Escuridão teve início no final de 2015, com a primeira expedição sendo realizada em junho do ano seguinte e culminando em um livro de 300 páginas com as imagens capturadas, lançado em quatro idiomas e três países. Na ocasião, cerca de 5,5 mil quilômetros foram percorridos entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia, de modo a registrar algumas das suas mais significativas cavernas.

Em junho de 2019, o grupo voltou a campo, visitando cavernas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Como seu antecessor, o livro de fotos foi publicado em quatro idiomas, em outubro de 2021.

Caverna de máxima relevância no corpo mineral de S11B, na Floresta Nacional de Carajás (Foto: Daniel Menin)

A primeira expedição dedicada à Amazônia partiu da cidade de Presidente Figueiredo (AM), seguindo para Aveiro e Rurópolis, ambas no Pará. Em Aveiro, os fotógrafos estiveram na caverna Paraíso, considerada a maior da Amazônia Legal, com mais de 7,5 km de extensão. Em Rurópolis, o grupo visitou a caverna das Mãos, uma das maiores em arenito do Brasil, com 1,5 km de extensão, que guarda importantes registros arqueológicos.

A seguir, a iniciativa visitou o Parque Estadual de Monte Alegre (PA), no município que lhe dá nome, para registrar as pinturas rupestres, entre as mais antigas das quais se tem conhecimento até hoje no Brasil, com mais de 12 mil anos. Por fim, foram visitadas as cavidades de formação ferrífera da Floresta Nacional de Carajás.

Para marcar a terceira edição do projeto, além do lançamento de um livro nos moldes dos anteriores, o projeto prevê a realização de vídeos com os bastidores da expedição e uma exposição virtual com as melhores fotos feitas durante o período.