Homoafetividade

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É obrigação constitucional do Estado reconhecer a condição familiar e atribuir efeitos jurídicos às uniões homoafetivas. Entendimento contrário discrepa, a mais não poder, das garantias e direitos fundamentais, dá eco a preconceitos ancestrais, amesquinha a personalidade do ser humano e, por fim, desdenha o fenômeno social, como se a vida comum com intenção de formar família entre pessoas de sexo igual não existisse ou fosse irrelevante para a sociedade.

A frase acima é do Ministro Marco Aurélio, em trecho do voto na ADIn 4.277 ontem, quando o STF reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo por 10 x 0.

16 comentários em “Homoafetividade

  1. Danielle Santos de Miranda Responder

    Claudio, historicamente esse termo (homossexualismo) se inscreveu como uma associação de homossexualidade à doença, não é o mero caso de um preconceito contra o ‘ismo’.

    Você pode conferir nos estudos sobre relações gênero, encontrará por lá com certeza.

    Até.

    ps: Entendi agora o posicionamento do site, apenas sugiro a alteração do termo para não provocar uma leitura contrária ao que se quis dizer deste modo de sexualidade.

  2. claudio feitosa Responder

    caro Bruno,

    volto a esta “sala de debates” apenas para manifestar total concordância com o seu comentário (n.13).

    abraço,

    CF.

    ps: minha ressalva foi enviada antes da sua resposta ao anônimo n.6.

  3. Bruno Monteiro Responder

    Caro Ricardinho,

    Ledo engano o seu em acreditar que só existe família em relações heterossexuais. Antes do decido pela Suprema Corte, esta visão já era considerada ultrapassada por juristas e por boa parte da sociedade civil. Agora então, querendo ou não os homofóbicos, o conceito de família foi formalmente elastecido para incluir homossexuais.
    Como dito anteriormente, preconceitos e discriminações não são eternos. Da mesma forma que um dia pessoas defenderam com fervor e até mesmo violência a continuidade da segregação de negros e mulheres em nossa sociedade (o que hoje se reconhece como inaceitável e absurdo), ainda nos dias de hoje existem pessoas que invocam religião ou uma moralidade enviezada para apresentar como louvável e aceitável argumentos preconceituosos.
    Da leitura que tenho sobre o cristianismo, sinceramente não consigo recordar-me de qualquer passagem onde Jesus Cristo tenha dito – ou que se tenha atribuído a ele tais palavras, já que o “messias” não deixou textos por ele escritos – que devemos tratar homossexuais com discriminação, indiferença, violência, desprezo, irritação etc. Do que me recordo, ele pregou – se é que realmente pregou – o amor, a tolerância, a fraternidade e o respeito ao próximo.
    Noutro giro, também não se sustenta a tese de se praticar discriminação com homossexuais tendo em mira uma suposta moral que condena a prática da homossexualidade, haja vista ser princípio básico da eticidade, sob qualquer ponto de vista, o respeito ao próximo e a preservação da dignidade da pessoa humana. Quanto à moral de cada um, aos que alimentam a discriminação e, por consequência, a violência e o ódio, só nos cabe lamentar, pois se vive infinitamente melhor na reiteração diária da prática da tolerância.
    No meu caso em específico, sinto-me muito bem convivendo como homossesuais. O difícil é tolerar homofóbicos e preconeituosos em geral, mas estou trabalhando isso em mim atualmente. Faça o mesmo, verás que é bem melhor incluir do que discriminar, tolerar do que segregar, unir do que separar.

    Cordialmente,
    Bruno Monteiro.

  4. Bruno Monteiro Responder

    Caro Cláudio Feitosa,

    Não tenho suas observações como intromissões, e fico contente com a atenção que dispensas aos meus comentários.

    Sobre a questão que levantastes, já fiz o arrefecimento que julguei necessário justamente em relação ao trecho de meu comentário que fizestes remissão (loucos que berram nas igrejas evangélicas), no comentário de n.º 7.

    Abraços,
    Bruno Monteiro.

  5. carlos refribom Responder

    quando o diluvio aconteceu várias coisas erradas estava acontecendo na terra, mas uma delas era exatamente essa, pessoas do mesmo sexo vivendo na mesma casa, mas as pessoas que estão envolvidas nesses casos, muitas delas é uma questão espititual e nem elas mesmo sabem.
    hoje em dia existe uma decadencia acentuada na questão familiar, os valores morais estão se invertendo, não é muito dificil examinar e perceber que a maneira mais correta seria como Deus criou, um homem e uma mulher sendo um casal e quando chegam os filhos daí sim se forma a familia. não quero aqui ser o dono da verdade e colocar uma venda na minha cara, mas, não é muito facil um pai e uma mãe aceitar quando descobre que seu filho é homossexual, mas, apesar de tudo é filho, e principalmente pra mãe filho não tem defeito. Esse debate ele é muito interessante eu mesmo conheço alguns homossexuais tanto masculino quanto feminino e até tenho amizade e respeito por todos eles, mas no meu entender não foi dessa maneira que Deus criou tudo.

  6. Ricardinho Responder

    Por que será que ninguém está interessado em discutir sobre o nosso bem maior?
    A Família cada vez mais é deixada de lado! Ela só existe com relações heterossexuais! ” macho e Fêmea os criou”. nisso consiste a preservação e procriação de toda espécie animal.

    Mamãe e papai eu amo vocês!!!!

  7. Bruno Monteiro Responder

    Caro Arthur Marques, respeito seu posicionamento, apesar de julga-lo reacionario e calcado numa moralidade que discrimina e violenta pessoas. Para mim e perfeitamente normal duas pessoas do mesmo sexo trocando caricias de publico. No meu sentir, o amor e assexuado, sem qualquer possibilidade de se estabelecer uma escala de decencia entre o amor hetero ou homossexual. Por ultimo, crenças como a minha nao sao o fim de nada, mas a consolidação de uma nova forma de ver e encarar a questão homossexual. Bruno.

  8. claudio feitosa Responder

    Para a Danielle.

    Realismo, determinismo, capitalismo, ocultismo, solecismo, socialismo, tradicionalismo, feminismo, modernismo, e, para terminar, dois exemplos doenças graves (rs!): catolicismo e protestantismo (religiosos: é apenas uma ironia).

    Viu como sua tese não se sustenta tão facilmente?

    Aliás, eu acho que o problema de preconceito, neste caso, é contra o pobre do sufixo.

    Contudo, penso que se há um movimento em defesa da liberdade de orientação sexual (termo que se impôs corretamente ao “opção” sexual), e este movimento defende formas de se auto-intitular, é de bom alvitre segui-lo.

    ……………………………………………

    Para Bruno.

    Inicialmente, perdão por mais esta intromissão em tuas postagens.

    Concordo com quase tudo que dissestes, menos na citação aos “loucos que berram nas igrejas evangélicas”.

    São muito comuns as manifestações de repúdio a preconceitos se sustentarem em argumentos preconceituosos. Não acho que isso desmereça as tuas observações – sempre muito bem embasadas e escritas, por sinal. Mas, no mínimo, tiram-lhe parte da força argumentativa.

    Se eu tivesse que escolher uma parte de teu texto que mais me agrada, escolheria: “o ato sexual é algo pessoal que não diz respeito a ninguém, excetuados os amantes participantes do ato”. Digo isso porque nestas palavras está, a meu ver, o cerne do debate: a questão das liberdades individuais.

    A invenção do indivíduo, uma criação da era moderna, do mundo industrial, talvez seja o problema mais complexo das ciências humanas, já que em cada indivíduo pode habitar um universo de percepções, acepções e idiossincrasias.

    Mas, apesar desse complexo tema, uma coisa é certa: todos gostamos de nos ver como indivíduo, com o livre arbítrio a nos oferecer possibilidades – palavra derivada do verbo poder.

    Portanto, é bom “poder” ter: a “minha” sexualidade, a “minha” religiosidade e a “minha” opinião garantidas e respeitadas. E por esse aspecto devemos exclamar de alegria com a decisão do STF.

    Cláudio Feitosa

  9. Bruno Monteiro Responder

    Ao comentário n. 6: Caro(a), nao acredito que todo evangelico seja louco e fique a berrar em igrejas. No entanto, acredito que exista sim muitas loucuras e improperios ditos em nome de deus, a exemplo de todos os absurdos e crimes praticados pela religião, que a História registra. Bruno Monteiro.

  10. Arthur Marques Responder

    É Bruno Monteiro !!

    Fica claro a decadencia da familia. O pilar principal da formação de personalidade e carater do ser humano.
    Já não existe mais valores morais e estamos caminhando para a degradação total de tudo que ate agora julgamos essenciais para a formação de pessoas de moral.
    Duas pessoas do mesmo sexo em área pública trocando caricias e seu vc achar isso normal. É o fim !!!]
    Sinceramente.

  11. Nome (obrigatório) Responder

    Como bem disse um leitor do blog do Reinaldo Azevedo:

    “É a inversão dos valores, que corrompe a moral da sociedade, se concretizando; é a demolição da família – instituição não humana, mas, sim, de Deus – sendo demolida; é a zombaria da doutrina cristã, principalmente a Católica, fazendo um coro cada vez mais alto; é, por fim, mais uma ferramenta de subversão para o controle TOTAL da nação por parte do Estado. Pois é, Tio Rei, Antônio Gramsci, lá no inferno, junto com Marx, Lênnin, Stálin, Mao, Pol Pot e outros vermes, devem estar orgulhosos dos seus pupilos esquerdistas neste pobre, tolo, desgraçado e condenado país chamado Brasil.” (Danilo Max)

  12. Bruno Monteiro Responder

    Caro Zé,

    Bem disse Ivan Teorilang ao referir-se à discriminação:

    “Discriminação, este câncer da humanidade, deveria ter como exemplo a sabedoria dos vermes, que se alimentam de todos, após a morte, sem escolher o cardápio.”

    A escolha da frase – um tanto ácida – deve-se à irritação de se saber que ainda existem muitas pessoas que acreditam com todas as suas forças e sinceridade que homossexuais são pervertidos (do dizer dos falsos moralistas), demônios na Terra (no dizer dos loucos que berram nas igrejas evangélicas) ou pessoas que padecem de um desvio comportamental (no falar dos intelectualóides).

    O que me alenta é saber que a discrimação e os preconceitos não são eternos. Uma sociedade não pode pretender ser moderna e avançada sem, antes, libertar-se de seus preconceitos, e educação de qualidade é condição sine qua non para que isso se torne realidade. A votação por unanimidade (10×0) tem uma significação especial: TODOS os ministros votantes decidiram pelo fim dessa distorção moral, ética e jurídico-civil até então presente em nossa sociedade.

    Objetivamente falando, homossesuais são pessoas se sentem atraídas sexualmente por pessoas do mesmo sexo, e ponto final. Qualquer outra observação ou qualificação negativa é produto de ignorância ou fanatismo religioso (apesar de uma, necessariamente, conduzir à outra). O ato sexual é algo pessoal que não diz respeito a ninguém, excetuados os amantes participantes do ato.

    Vejo esta chaga social (discriminação contra homossexuais) sendo paulatinamente estrangulada, sufocada, apesar de ainda haver muito a ser feito e muito a avançar. O reconhecimento jurídico da união entre homossexuais não tem o condão de fazer com que os homofóbicos sejam pessoas melhores, nem evita as babaridades que tomamos conhecimento pela imprensa, mas representa mais uma conquista que na verdade nem é dos homossexuais, mas de toda a sociedade brasileira.

    Escrevo este texto, caro Zé, com o ostensivo propósito de instigar os homofóbicos ao debate, sejam eles religiosos ou não, para que se mostrem e opinem sobre a questão. Só com o debate democrático crescemos enquanto ser humano e sociedade.

    Fraterno abraço,

    Bruno Monteiro.

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