Há 38 anos o presidente Geisel entregava a BR-163

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Predestinada. Este é o nome que a BR-163 recebia do coronel José Meirelles. Melhor definição para essa rodovia, impossível. Meirelles sabia sua importância estratégica ao transporte no Brasil interior e melhor que ninguém a conhecia, pois na condição de comandante do 9º Batalhão de Engenharia de Construção (9ºBEC), de Cuiabá, foi o responsável pelo maior trecho de sua construção, na década de 1970.

imageEm 20 de outubro de 1976 o presidente Ernesto Geisel acompanhado por ministros e os governadores de Mato Grosso e Pará oficialmente entregou a BR-163 ao tráfego, numa solenidade na Cachoeira do Curuá situada numa área em litígio entre os dois estados.

Transcorridos 38 anos de sua inauguração a BR-163 aguarda pela conclusão de 260 quilômetros de pavimentação em trechos não contínuos no Pará, para se tornar um dos principais corredores rodoviários da integração nacional e com a vantagem de ser parte integrante de um multimodal que se completa com a Hidrovia do Amazonas e a Ferrovia da América Latina Logística (ALL).

A espera pela conclusão da pavimentação até Santarém não impede a comemoração pelo aniversário da grande rodovia longitudinal que foi a alavanca do desenvolvimento mato-grossense nos primeiros momentos da pós-divisão territorial. É preciso que se leve sempre em conta que sua construção permitiu a ocupação do vazio demográfico em parte da Amazônia e em suas margens e eixo de influência brotaram cidades a exemplo de Sinop, Lucas do Rio Verde, Alta Floresta, Nova Mutum, Juara, Sorriso, Tapurah, Guarantã do Norte, Colíder e Marcelândia.

A construção da BR-163 foi idealizada pelo presidente Juscelino Kubitschek e isso se atesta no Plano Nacional de Viação de 1957. Sua materialização leva as impressões digitais do governo militar de 1964 como parte da política de integração nacional com o bordão: “Integrar para não entregar”. Sua pavimentação entre Cuiabá e Nova Santa Helena tem a chancela do governo João Figueiredo.

Rumo norte após a capital mato-grossense a nomenclatura rodoviária BR-163 tem dois nomes. Em Mato Grosso ela é conhecida por Cuiabá-Santarém. No Pará é a Santarém-Cuiabá. Dois também são os grandes construtores dessa via de integração nacional e de interiorização do Brasil. Um, foi Meirelles e, o outro, Luiz Antônio Pagot.

Meirelles, de saudosa memória, foi além de sua missão enquanto comandante do 9° BEC, colaborando com os colonizadores e pioneiros, e lutando pela regularização fundiária no raio de influência da Predestinada. O avanço do asfalto acima de Guarantã do Norte tem que ser creditado ao ex-presidente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Pagot, que soube com maestria romper barreiras, desmontar resistências a obra e transformar caciques de etnias nos dois estados em aliados do projeto de pavimentação. Pela ousadia de homens iguais a Meirelles e Pagot Mato Grosso aplaina caminhos. Parabéns BR-163. Que em breve sua predestinação seja num trajeto totalmente pavimentado. (Diário de Cuiabá)