Forças de segurança tratam hoje como dia D para blindar escolas de Marabá

PM, Polícia Civil e Guarda Municipal estão mobilizadas e percorrem mais de 150 escolas da área urbana nesta quinta-feira
Nesta quinta-feira, a Polícia Militar está fazendo percorrendo todas as escolas públicas e privadas de Marabá

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Hoje, dia 20 de abril, faz 24 anos do massacre de Columbine High School, no Colorado, Estados Unidos. Esse foi um dos primeiros massacres registrado em escola, e foi marcado por um tiroteio em massa que resultou na morte de 13 pessoas, incluindo os atiradores. O crime foi transmitido em tempo real em muitos canais de televisão norte-americanos, levando as pessoas a refletirem sobre a influência negativa da mídia nesse tipo de crime.

Uma mesma foto, de armas e facas dispostas em cima de uma cama tem circulado entre grupos de pais – e professores – de diferentes cidades do País. Apesar dos indícios de que se trata de alarme falso, essas mensagens têm preocupado e alterado a rotina escolar.

Representantes de órgãos de segurança de Marabá dizem que o monitoramento dessas mensagens indica que a maioria delas tem como objetivo criar pânico.

Por conta disso, a ordem nesta quinta-feira, 15, é esvaziar os quarteis da PM e percorrer todas as escolas, várias vezes ao dia. Principalmente as públicas, porque boa parte das privadas já contratou segurança pública.

Além da presença ocasional de policiais e guardas municipais nos horários de entrada e saída dos alunos, a contratação de seguranças, aumento da vigilância e treinamentos com os estudantes estão sendo realizados pelas escolas privadas nas últimas semanas, a fim de evitar tragédias e tranquilizar pais e alunos.

Os colégios Claretiano, Globo, Adventista, Alvorada e Monte Castelo, alguns dos maiores da cidade, adotaram medidas extraordinárias e comunicaram os pais sobre elas. Algumas passaram a cobrar taxas extras pelo serviço.

Mesmo com o muro alto e cercado, a direção do Claretiano, situado na Folha 31, sentiu que não era o bastante e optou por aumentar a segurança do local. Cláudia Collinetti, diretora pedagógica, afirma que foram dispostos mais funcionários em frente à escola e mais câmeras internas e externas. E, embora já tivesse a cerca elétrica, mais cadeados foram colocados nos portões.

“Contratamos um segurança para fazer a vigilância ao redor da instituição”, disse. Mas, só a contratação não pareceu suficiente para Cláudia. Um treinamento de defesa pessoal foi direcionado ao profissional e aos demais membros da equipe de apoio. Agora, toda semana uma equipe diferente passa pelo treino como uma forma de intensificar as medidas de proteção.

Com relação ao temor dos pais, a diretora afirma que houve, inicialmente, um certo tumulto. E, diante isso, a escola manteve comunicação, ainda mais, com os responsáveis dos alunos, para inicialmente acalmá-los. Muitos foram chamados até a instituição para rodas de conversas e, segundo ela, é notável como essa atitude ajudou para que não houvessem mais faltas.

Quanto aos alunos, a atenção dos jovens foi desviada com gincanas esportivas. Além disso, o colégio, que possui uma doutrina católica, conta com uma pastoral educativa que tem procurado trabalhar, ainda mais, o emocional dos estudantes. Palestras foram realizadas visando pautar o socioemocional de cada um e reforçar o respeito e amor ao próximo, bem como o acolhimento e partilha.

Questionada sobre as ameaças de ataques nas escolas de todo Brasil nesta quinta-feira (20), Cláudia afirma que as aulas não serão suspensas. O Ministério Público aconselhou, durante uma reunião na semana passada, manter a normalidade para que não haja mais alarde.

Para finalizar, a diretora pedagógica pontuou que a segurança adicional implementada não teve custo adicional aos pais: “Partiu da escola essa iniciativa. É um momento difícil pelo qual estamos passando e o colégio se sente na obrigação de proteger seus alunos”.

O Centro de Educação Globo, na Folha 29, também reforçou a segurança do local. Um sistema com mais de 25 câmeras já existia desde antes das ameaças. As novidades são botões de pânico na sala da direção e em todos os andares da instituição privada em casos de emergência. A exigência de uniformes de todos os colaboradores, assim como dos alunos, também foi adotada.

A diretora Marlene Amaral esclarece que não houve ameaça interna, mas, diante os ocorridos em outros estados, a escola adotou um protocolo de segurança se baseando no que deu certo na maioria desses ataques que aconteceram nos Estados Unidos e em outros lugares do Brasil: “Os alunos do ensino fundamental 2 e ensino médio estudaram a regulamentação. O próximo passo é realizar uma simulação para garantir que todos possam aprender em como agir na pior das hipóteses”, disse.

A segurança privada não-armada também foi adotada pelo Globo. Quem passa em frente à unidade pode ver um profissional do lado de fora, fiscalizando quem entra e sai da instituição. Segundo a diretora, apesar da escola oferecer junto à matrícula a vigilância eletrônica através de monitores, todo esse aparato não atende a essas situações específicas que ela considera como “terrorismo”.

“A escola funciona o dia inteiro e, apenas as guarnições da PM e GM em períodos de grande fluxo não são suficientes. Queremos garantir que os alunos se sintam seguros aqui, o tempo inteiro”, explica, dizendo que uma taxa de R$20 foi cobrada dos pais que, não somente sugeriram, como concordaram em sua totalidade com a implementação do aditivo.

Questionada se o centro educacional pretende manter definitivamente as medidas de segurança, Marlene diz esperar que seja provisória. Ela, que tomou conhecimento da criação de um batalhão militar no município na data de ontem (18), espera que essa nova medida geral seja o suficiente para que não haja novas ameaças. 

Em relação às faltas, ela conta que nos dois primeiros dias após os tumultos pelos casos de possíveis atentados às escolas em Marabá, os alunos do Globo chegaram a perder avaliações, no entanto, após a implementação do segurança e dos botões de pânico, as presenças voltaram à normalidade.

“Nós chegamos a ter menos de 50% dos alunos dentro da escola nos dias que se seguiram ao alvoroço de casos, boatos e dos comentários em redes sociais”, destaca.

Como uma forma de prevenir a violência dentro da instituição, a diretora acredita que a família deve também fazer sua parte, revistando a mochila dos estudantes. Ela reforça que a instituição está inclinada a repassar à Polícia Civil casos de alunos que trouxerem armas brancas ou de fogo para dentro da escola. Por fim, Marlene esclarece que mesmo para fins de defesa pessoal, qualquer armamento não será tolerado pelo Globo.