Energia: Pesquisa desenvolvida pela UFPA beneficiará comunidades isoladas

Projeto é uma parceria entre a universidade paraense e a Norte Energia
Pesquisadores da UFPA recebem prêmio “O Setor Elétrico” pelo projeto Supercapacitores

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Uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, desenvolveu uma tecnologia de geração de força elétrica que pode operar de forma autônoma e isoladamente do sistema de distribuição convencional. A expectativa é que comece a ser a ser testado em Altamira, a partir de 2024.

Pesquisadores e alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram o projeto que tem como objetivo levar energia renovável a localidades isoladas do Brasil e contribuir para a descarbonização da Amazônia.

Atualmente, o país possui 1,4 milhão de domicílios sem energia elétrica, segundo dados do Censo 2022. Inovadora e sustentável, a tecnologia vem sendo testada, de forma experimental, no laboratório da universidade, em Belém, e poderá beneficiar os 4 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso à energia.

O desenvolvimento do projeto é uma parceria da UFPA com a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que investe na pesquisa desde outubro de 2022. Em 2024 a primeira simulação está prevista para acontecer na Usina de Belo Monte, em Altamira, no Oeste do Pará.

A elaboração do trabalho dos pesquisadores da UFPA acontece na estrutura do projeto Supercapacitores, que obteve o primeiro lugar do prêmio “O Setor Elétrico”, na categoria inovação e tecnologia.

O projeto

O estudo propõe uma estratégia de gerenciamento de energia para um sistema fotovoltaico híbrido, a partir do armazenamento de energia feito por bateria e bancos de supercapacitores para uma microrrede — rede local de distribuição e consumo de energia elétrica que pode operar autônoma e isoladamente do sistema de distribuição da concessionária, de forma a manter o fornecimento de energia local.

Segundo o coordenador do projeto, pesquisador Thiago Mota Soares, o ponto inovador do sistema é o desenvolvimento de um conversor eletrônico que faz o armazenamento e despacho da energia. Esse gerenciamento será feito por meio de um algoritmo, em fase de aprimoramento pelos pesquisadores. “Também estamos desenvolvendo um software para fazer a gestão do processo de geração de energia, armazenamento e despacho para a rede elétrica, ao mesmo tempo em irá gerar, em tempo real, dados da medição das operações e projeção de cenários. Assim, o software atuará como um simulador para evitar a possibilidade de falhas no sistema”, explica o pesquisador.

Combate às mudanças climáticas

De acordo com o Censo 2022, o Brasil possui 1,4 milhão de domicílios em localidades isoladas. Além disso, segundo dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4 milhões de brasileiros não têm acesso à energia. São cidadãos que, pela falta de eletricidade, também não conseguem ter acesso à comunicação, à educação de qualidade e à melhoria na sua produção agroextrativista. 

Contudo, para conseguirem ter eletricidade poucas horas por dia, são obrigados a usar combustíveis fósseis para o funcionamento de motores, emitindo uma quantidade de gases de efeito estufa maior do que um cidadão conectado 24 horas à rede convencional de eletricidade. O descarte desse combustível também é um ponto de atenção porque nem sempre é feito da forma adequada.

A inovação compreende uma estratégia de gerenciamento de energia para um sistema fotovoltaico híbrido, a partir do armazenamento da produção gerada por bateria e bancos de supercapacitores para uma microrrede.

Essa rede local de distribuição e consumo de energia elétrica pode ser separada da concessionária, ajudando a manter o fornecimento de energia local.

O projeto ganhou o prêmio “O Setor Elétrico”, na categoria inovação e tecnologia, e contribui com a diminuição do uso de combustíveis fósseis e no combate às mudanças climáticas.

Thiago Mota Soares coordenador do projeto, destaca o desenvolvimento de um conversor eletrônico que faz o armazenamento e despacho da energia. Tudo será feito por meio de um algoritmo, em fase de aprimoramento, destaca o pesquisador.

“Também estamos desenvolvendo um software para fazer a gestão do processo de geração de energia, armazenamento e despacho para a rede elétrica, ao mesmo tempo em que irá gerar, em tempo real, dados da medição das operações e projeção de cenários. Assim, o software atuará como um simulador para evitar a possibilidade de falhas no sistema”, explica Soares.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.