Desmatamento na Amazônia caiu 70% entre agosto e novembro em relação ao mesmo período de 2012. No Pará o índice foi de 84%.

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Área desmatada no Pará, na Amazônia Foto: NACHO DOCE / REUTERS

Um estudo apresentado nesta quinta-feira mostrou mais uma face do desmatamento da Amazônia. Segundo a ONG Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desflorestamento caiu 70% entre agosto e novembro deste ano, em relação ao mesmo período em 2012. Parece contradizer os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados com exclusividade pelo GLOBO, que indicaram um aumento de 28% do desmatamento entre agosto de 2012 a julho deste ano. No entanto, os estudos retrataram diferentes dimensões da perda da floresta.

Enquanto a análise do Inpe é mais completa e cobriu um ano inteiro, a do Imazon focou nos grandes desmatadores e analisou um período menor.

Ambos os levantamentos, porém, apontam a dificuldade para acompanhar como a Amazônia é invadida por agricultores e madeireiros, além de ser alvo crescente da especulação imobiliária.

O sistema Prodes, usado pelo Inpe, detecta cortes superiores a 6,25 hectares. A fiscalização do Imazon, por sua vez, é menos detalhada. Suas imagens só identificam regiões cuja área devastada tem mais de dez hectares.

Pesquisador do Imazon, Heron Martins não se surpreende com a grande redução do desmatamento: “O aumento da fiscalização e de programas de sustentabilidade atingiu o desmatamento especulativo, a grilagem e a agroindústria. Mas ainda há o que fazer”.

Pesquisa aponta migração de atividades para áreas conservadas

Segundo o Imazon, entre agosto e novembro de 2012 e o mesmo período deste ano, os índices de desmatamento caíram 88% no Mato Grosso (de 249 para 30 hectares) e 84% no Pará (613 para 98 hectares). Também foram registradas quedas em Amazonas, Rondônia e Tocantins. Em Roraima e no Acre, o desmatamento aumentou, mas de forma irrelevante (inferior a 15 hectares).

O instituto, no entanto, constatou a migração de empresas ligadas à atividade madeireira e à agropecuária do Mato Grosso para o Pará, e de Rondônia para o sul do Amazonas.

“O arco do desmatamento está avançando para o interior da floresta, à medida que alguns municípios distantes não têm mais madeira para explorar”, lamenta Martins.

Vice-presidente da Conservação Internacional no Brasil, André Guimarães elogia o estudo do Imazon, mas considera que avaliar apenas o desmatamento é “olhar para o retrovisor”. “Temos que aumentar a produtividade da agroindústria nas áreas já desmatadas e evitar a invasão a terras indígenas e a unidades de conservação”.

Fonte: O Globo