Coluna do Frede

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Somos e seremos bons irmãos

A cada dia que passa e vemos aproximar-se o 11 de dezembro, data do plebiscito que deverá ou não dividir o Estado do Pará visando à criação dos estados do Tapajós e Carajás, aumentam as expectativas em torno das discussões que se travam em público e, mais tensas ainda, no âmbito privativo de cada uma das Frentes representativas do Sim (77) e do Não (55).

Na esteira dessas discussões vão ficando algumas evidências que dão aos defensores da divisão motivos para maior otimismo em relação à criação dos dois novos entes federativos. Principalmente com as entrevistas ocorridas num canal de televisão de Belém, onde todos os presidentes de suas respectivas Frentes defenderam suas teses.

Vai ficando cada vez mais clara a escassez de argumentos em favor da manutenção da integridade geopolítica do Pará. Mesmo tendo em sua defesa políticos muito bem preparados. A questão é a robustez dos fatos. Por exemplo, um dos defensores desta tese demonstrou visível dificuldade em responder as questões relacionadas a quase absoluta ausência de políticas públicas do Governo Estadual para a região do Carajás. Quase que inevitavelmente, sua resposta padrão para as nossas carências de serviços essenciais era a de que “a partir de agora”, vai acontecer isso e aquilo. Com tal clichê o ilustre entrevistado mais fortalecia as teses emancipacionistas do que a defesa propriamente dita de sua tese, embora seu esforço hercúleo em demonstrar o contrário.

Diversamente, os representantes das Frentes pro emancipação, como que afinados entre si, demonstraram cabalmente a urgente necessidade da revisão territorial da terra parauara. Em alguns casos as próprias perguntas da apresentadora do programa televisivo já embutiam as óbvias respostas. Como, por exemplo, quando perguntou ao presidente da Frente favorável a criação do estado do Carajás o que ele teria a dizer sobre Marabá ter sido recentemente considerada uma das quatro cidades mais violentas do país. Com tantas alternativas a seu favor escolheu a que melhor se coadunava ao questionamento argumentando ser natural a situação em face de que a região do sul e sudeste paraense dispõe de um policial para cuidar de mais de 700 habitantes. Enquanto isso, a capital e os demais municípios que formam a Região Metropolitana dispõe de um policial para cada grupo de pouco mais de 200 habitantes. Claro, com tamanha evidência não poderia haver, como não há, contra argumentação capaz de esconder tão deplorável estado de coisas pelas terras carajaenses.

Porém o que mais me impressiona é o debate fervoroso que ocorre entre os vários grupos das chamadas redes sociais, principalmente o Twitter e o Facebook. Com embargo de uma meia dúzia de descerebrados de ambos os lados, no geral o embate se trava dentro de um nível de conhecimento que chega, por vezes, a eclipsar a verve de alguns experientes políticos profissionais. Vejo, inclusive, respeito mútuo entre os principais representantes grupais opositores. Eu mesmo, como um dos vários representantes da tese do Sim, já tive oportunidade de debater com membros de grupos pro Pará e pude constatar não só o excelente nível de conhecimento de alguns de seus líderes, bem como o respeito devotado aos adversários. Esse exemplo, o dos embates respeitosos entre irmãos que pensam diferente entre si, pode muito bem servir a um grande número de políticos, nossos representantes democraticamente eleitos, para corrigir conhecidas posturas corriqueiramente expostas em rede nacional onde desforço físico figura como algo absolutamente natural.

O que fica parecendo, ao contrário do que alguns poucos, maldosamente apregoam, é que independentemente do resultado final do plebiscito, a poeira logo irá baixar e iremos continuar sendo irmãos. Com uma diferença em relação ao nível de benquerença atual: seremos muito mais unidos e generosos do que somos hoje.

2 comentários em “Coluna do Frede

  1. anônimo Responder

    “…depois da poeira sentar continuaremos todos irmãos, mais generosos e unidos…” Gostei! é verdade! esse FRADE é fantástico!!! Inclusive os “generosos” fazendeiros irão propor à nação reforma agrária e, então, não haverá mais violência no campo. O Sul/Sudeste do Pará será uma BÊNÇÃO! : ” como o compositor baiano dizia : TUDO É DIVINO; TUDO É MARAVILHOSO…!”

  2. Senna Responder

    Também concordo. Não adianta ficar com previsões maldosas que só acirram os ânimos maldosos…
    O Pará é todos querendo ou não!
    Povo dividido é povo enfraquecido!
    Não e Não! Ninguém divide o Pará!

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