Chacina do DF: Justiça aceita denúncia do MP contra os acusados

Os cinco envolvidos no assassinato de dez membros da mesma família irão responder por mais de cem crimes
Os acusados serão julgados pelo Tribunal do Júri de Planaltina

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Brasília – Num dos crimes mais violentos da crônica policial do país, os cinco homens acusados de matarem dez integrantes de uma mesma família, sendo três crianças entre seis e sete anos, no caso conhecido como a Chacina do DF, tiveram a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) aceita pelo juiz do Tribunal do Júri de Planaltina. Eles responderão por mais de cem crimes.

Foram denunciados Gideon Batista de Menezes, 55; Horácio Carlos Fernandes Barbosa, 49; Fabrício Silva Canhedo, 34; Carlomam dos Santos Nogueira, 26; e Carlos Henrique Alves da Silva, 27. Eles se tornaram réus pelo crime que ficou marcado como a maior chacina da história do Distrito Federal. O caso teve capítulos escabrosos e chocou até policiais experientes.

O magistrado do tribunal, Taciano Vogado Rodrigues Junior, recebeu a denúncia apresentada pelo MPDFT, que transformou a prisão de Carlomam e Carlos Henrique em preventivas – sem prazo de duração – e analisou o caso como “extremamente grave e merecedores de uma pronta intervenção Jurisdicional visando acautelar o meio social”.

“Esse inicial quadro fático-probatório, que será melhor esclarecido no decorrer da instrução criminal, está a indicar possíveis momentos de terror e pânico sofridos pelas vítimas, dentre elas três crianças, frise-se, as quais, conforme já narrado acima, antes de serem ‘levadas para sua morte’, teriam, em tese, sido mantidas reféns e supostamente amarradas/amordaças em um verdadeiro cativeiro montado pelos seus algozes, supostamente os ora acusados,” disse o juiz no despacho sobre a denúncia.

“Tais circunstâncias delitivas, a toda evidência, demonstram a extrema e concreta gravidade dos fatos apurados, o que está a indicar, reitere-se, uma frieza incomensurável e uma periculosidade exacerbada por parte dos acusados, fatores mais do que suficientes para decretar a imediata custódia cautelar como forma de resguardar a paz social e a tranquilidade da população local, bem como assegurar a própria credibilidade da justiça”, completou.

Com isso, os réus irão responder por quase cem crimes, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público. Entre eles, extorsão, homicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e sequestro sob grave ameaça.

Crimes em sequência

Veja por quais crimes os cinco acusados foram denunciados.

  • Gideon Batista é apontado como o mentor dos assassinatos. A motivação, segundo revelaram as investigações, foi a chácara onde moravam Marcos Antônio Lopes, 54, sua mulher, Renata Belchior, 52, e a filha do casal, Gabriela Belchior. Gideon foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime), homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, associação criminosa e roubo.
  • Horácio Carlos responderá por homicídio quadruplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos), homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, associação criminosa, roubo e fraude processual.
  • Carlomam dos Santos responderá por homicídio quadruplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos), homicídio triplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, associação criminosa, roubo e ameaça com uso de arma.
  • Carlos Henrique Alves da Silva responderá por homicídio duplamente qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime) de sequestro e cárcere privado.
  • Fabrício Silva Canhedo: extorsão mediante sequestro, associação criminosa, roubo e fraude processual
Das dez vítimas, três eram crianças

Veja como foi a trama

A maior chacina do DF começou com o desaparecimento da cabeleireira Elizamar da Silva, 37, e seus três filhos: Gabriel, 7, e os gêmeos, Rafael e Rafaela, 6. A mulher saiu do salão onde trabalhava, na 307 Norte, na noite de 12 de janeiro, após ser atraída para uma emboscada na casa onde moravam os sogros, Marcos Antônio Lopes e Renata Belchior, que também foram assassinados. A motivação, segundo revelaram as investigações, foi a chácara onde Marcos morava, avaliada em R$ 2 milhões. Os acusados mataram toda a família na esperança do plano dar certo pela ausência de herdeiros.

Durante o início do esquema, os réus descobriram que grandes somas de dinheiro circulavam na mão das duas mulheres mais velhas devido à venda de imóveis, que se deram quando o plano já estava em execução.

Após o sequestro de todos os membros da família, um a um foram mortos, mas antes, foram obrigados a revelar números de contas e senhas para que os criminosos pudessem sacar altos valores das vítimas.

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