Câmara de Marabá prorroga CPI da Vale até o final deste ano

Revolta parlamentar com o tratamento da Vale ao município ganha destaque nas sessões ordinárias após o recesso
Ilker Moraes, presidente da CPI da Vale, anunciou prorrogação dos trabalhos da comissão até o final deste ano

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As sessões ordinárias retornaram na Câmara Municipal de Marabá nesta terça-feira, dia 1º de julho, após o recesso parlamentar. E o tema que dominou a sessão foi a revolta dos vereadores com o tratamento que a Vale vem dando ao município, o que fez com o que o Parlamento prorrogasse a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Vale até o final deste ano.

O presidente da CPI da Vale, vereador Ilker Moraes, lembrou a repercussão nacional da dívida da Vale com Marabá em relação ao ouro retirado do projeto Salobo, camuflado com o cobre. Ele revelou que a Mesa Diretora da CMM prorrogou os trabalhos de investigação da referida comissão até o final do ano deste ano, quando deverá apresentar um relatório final à sociedade. “Continuamos nos reunindo com a Vale, pegando informações, mas a mineradora continua alegando que o produto final da mina do Salobo e do Sossego é concentrado de cobre, sem se referir ao ouro que vai junto.

Ilker também criticou a grande concentração de licenças de pesquisa dadas pelo governo federal para Vale. “Essa mineradora chegou ao Pará e requereu tudo quanto era área para exploração mineral. Congresso Nacional tem culpa, porque deixou a legislação brasileira engessada, e com isso a Vale pode fazer o que bem quiser. Ela tem cerca de 100 mil hectares de terras na região para supostamente explorar, mas não explora. Fica sentada em cima dessas autorizações”, critica o Moraes.

Para ele, a Vale só gera riqueza para uma minoria. “A Cfem tem algo errado. No mundo todo, o pagamento é em cima do faturamento bruto, aqui no Brasil é em cima do faturamento líquido. Só aí, os entes públicos perdem bilhões de reais”.

O vereador Coronel Araújo também criticou a atuação da Vale no município, a quem considerou “madrasta de Marabá”, que não cuida adequadamente de quem deveria. “A Vale está duplicando toda a ferrovia para acelerar a retirada de minério de solo paraense, mas está ajudando muito pouco para Marabá. Corroboro com pensamento de Miguelito, de que uma das piores empresas para Marabá é a Vale”, alfinetou.

“USURPADORA DE MINÉRIO”

Outro que foi duro com a mineradora Vale em seu discurso na tribuna é Cabo Rodrigo, que considera que “até os tataravós dos acionistas da Vale estarão garantidos com muito dinheiro porque só eles que ganham, atualmente. Eu constatei de todas as formas que a mineradora não tem respeito pela comunidade marabaense. Ela é usurpadora do minério paraense”, comparou.

O vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito, presidente da Comissão de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá, voltou a declarar aquelas que ele considera as piores entidades para Marabá: Vale, governo do Estado, Equatorial e Buritirama. “Digo isso há muitos anos e continuo afirmando, porque estou certo de que essas quatro empresas e entidade pública pouco ou quase nada ajudam nossa cidade”.

BOAS VINDAS

A sessão também contou com a participação do vice-prefeito, Luciano Lopes Dias, o qual usou a tribuna para apresentar uma mensagem do Executivo ao Legislativo, lembrando que no início deste ano pediu cautela com as contas públicas, porque 2023 não se apresentava com otimismo, com queda de arrecadação com ICMS, e que os municípios perderiam muitos recursos.

“Tivemos queda de receita de quase R$ 50 milhões, com Fundeb que não correspondeu diante das despesas com educação. Isso requer cuidados ainda com contas públicas no segundo semestre para que consigamos administrar Marabá, levando serviços públicos de qualidade, mantendo projetos funcionando, pagamento de fornecedores e salários dos servidores em dia. Esperamos parceria com a Câmara para ter o segundo semestre de 2023 com muito trabalho, confiança e sucesso”, disse o vice-prefeito.