Brasília – De férias no Guarujá, litoral paulista, o presidente Jair Bolsonaro (PL) só deve anunciar o escolhido para liderar o Senado Federal após as festas de final de ano. Até lá, o presidente pretende se reunir com ministros como Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, para tratar do nome – as duas pastas são responsáveis pela articulação do Executivo junto ao Congresso Nacional.
A escolha do novo líder no Senado tem um peso político importante na articulação política. O cargo tem como principal função promover a articulação junto aos demais partidos para que pautas de interesse do Executivo avancem na Casa, o que não vem acontecendo desde que o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) assumiu a presidência do Senado, sucedendo Davi Alcolumbre.
Já dizia o sábio político do Pará, o cametaense e ex-deputado federal Gerson Peres, que em “política até boi voa”. A antológica frase ajuda a explicar como até o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) está cotado para o cargo, mesmo após travar a sabatina de André Mendonça, indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal.
Entretanto, na bolsa de apostas, o nome mais cotado é o do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que não admite publicamente, mas nos bastidores, acerta a sua saída do DEM para o PL, partido ao qual Bolsonaro assinou ficha recentemente. “Vai depender de vários acertos,” disse com pedido de reserva, um nome que está a par das negociações.
Outros cotados
Mas a lista não está restrita aos dois senadores da Bancada da Amazônia, vista com pouco peso político no Congresso e a mais desunida quando o assunto é votações em bloco a favor do governo. Outros dois nomes estão sendo ventilados: os dos senadores Jorginho Mello (PL-SC) e de Márcio Bittar (PSL-AC), este último também da bancada amazônica.
O demissionário, por exemplo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), da Bancada do Nordeste, pediu o boné após o Palácio do Planalto “fazer cara de paisagem” quando ele lançou sua candidatura a uma vaga aberta no Tribunal de Contas da União. Bezerra obteve sete votos (um vexame), contra 19 da senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO), e 54 do senador Antonio Anastasia (PSD-MG), que acabou ganhando a disputa.
Marcos Rogério lidera a preferência de Bolsonaro
Principal aliado do Palácio do Planalto, o senador Marcos Rogério ganhou destaque pela defesa intransigente do governo durante a CPI da Covid. Segundo integrantes do Executivo, o senador tem sido um dos principais cotados pelo presidente Bolsonaro para o posto da liderança.
Aliados do governo, no entanto, defendem que o próximo líder do governo no Senado seja um nome que não irá disputar nenhum cargo eletivo no ano que vem e pesa contra Rogério o fato dele ter pouco trânsito com partidos de esquerda, o que pode travar inúmeras negociações no ano que vem.
Com mandato de senador até 2027, Marcos Rogério tenta se viabilizar como candidato ao governo de Rondônia no ano que vem. Mas o senador já sinalizou que pode abrir mão da candidatura para assumir a liderança em 2022.
Outro aliado na Casa que também conta com a simpatia do Palácio do Planalto é o senador Jorginho Mello. No entanto, o parlamentar já sinalizou que pretende focar na sua candidatura ao governo de Santa Catarina no próximo ano, o que inviabilizaria assumir a liderança no Senado.
Por Val-André Mutran – de Brasília