Banco Central reduz taxa Selic em meio ponto percentual, na primeira reunião do Copom em 2024

Instituição não deve acelerar cortes tão cedo; entenda
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (ilustração)

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Brasília – Na “superquarta”, dia no qual coincidem as reuniões dos bancos centrais dos Estados Unidos (FED) e do Brasil, enquanto a autoridade financeira americana manteve a taxa de juros inalterada, o congênere brasileiro a reduziu em 0,5%, baixando o índice a 11,25% ao ano. A nova redução, aprovada de maneira unânime pelos dirigentes do Banco Central (BC), é a primeira de 2024 e marca o quinto corte consecutivo dos juros no país.

Com a queda de hoje, a Selic volta para o patamar de abril de 2022. Mas o movimento já era amplamente esperado pelo mercado: a dúvida real é quando o comitê amolará mais o fio de corte das espadas e promoverá reduções maiores nos juros.

Vale relembrar que esta foi a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) com quatro indicados pelo presidente Lula (PT) – um defensor vocal da aceleração do afrouxamento monetário. O encontro também marca o início do último ano de Campos Neto à frente do BC.

O que impede o BC de acelerar os cortes na Selic?

Um dos fatores que coloca a pulga atrás da orelha do mercado sobre se será realmente possível acelerar o ciclo de queda da Selic é justamente a trajetória dos juros nos Estados Unidos. Boa parte do mercado esperava que o Federal Reserve iniciasse os cortes por lá em março e abrisse caminho para reduções maiores por aqui. Mas o último comunicado do Fed jogou um balde de água fria nessa expectativa.

Mais cedo, o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) anunciou que manterá as taxas na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Além disso, os membros do Fomc afirmaram que a economia não “está pronta para o início de corte nos juros”. Jerome Power, o presidente do BC americano, diz que isso só ocorrerá quando a inflação chegar a 2% – atualmente, a taxa está cravada em 2,6%.

“O comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo dos juros até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%,” explicou o documento divulgado após a decisão, citando a meta inflacionária anual do Fed.

Logo após a divulgação da decisão desta quarta-feira (31), a ferramenta FedWatch do CME Group mostrava uma probabilidade menor do BC americano cortar os juros na próxima reunião: 47,2%.

As apostas para maio também caíram e passaram para 91,4%, ainda de acordo com os dados compilados pelo CME Group.

Selic

A Selic, ou taxa Selic, é a taxa básica de juros da economia. A cada 45 dias, ela vira notícia em todo o Brasil – seja por ter aumentado, diminuído ou se mantido estável após a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.

Basicamente, ela influencia todas as demais taxas de juros do Brasil, como as cobradas em empréstimos, financiamentos, e também afeta o retorno de aplicações financeiras.

Por Val-André Mutran – de Brasília