Deus viu, o Blog do Zé Dudu também e Parauapebas quase inteiro. Não adiantou o prefeito Aurélio Goiano mandar tirar “do ar” (na verdade, do Portal da Transparência) a nota fiscal de R$ 10.597.590,81 (relembre aqui) para pagar a forasteira Pavifênix, porque o documento foi extraído a tempo e passou a circular nas redes sociais, levando os cidadãos a questionarem a máfia do “asfalto Sonrisal”. A repercussão de mais uma nota fiscal milionária da empresa em tempo recorde foi altamente negativa.

Aplicado por uma empreiteira com sede em Barcarena, a 640 quilômetros de Parauapebas, o asfalto da alardeada “Operação Buraco Zero” virou símbolo da “competência técnica” do governo de Goiano, que tapa um buraco pela manhã, mas dois novos, ao lado, se abrem à tarde. Além disso, o pavimento usado para cobrir as crateras das ruas se esfarela ao menor sinal de pingo d’água. Chamam-no — os experientes apreciadores “técnicos” de seu governo — de “borra de café”.

Inventando números de aceitação popular que só existem em sua cabeça, já que cada vez aumenta o descrédito na praça pelo que promete ou fala, Aurélio Goiano insiste em olhar para o retrovisor e culpar o governo passado, mas nem seus apoiadores mais fiéis aguentam mais tamanha ladainha.

Desta vez, a culpa pelo “asfalto Sonrisal” — que Goiano tanto criticou quando vereador — é dele próprio. E os altos valores que estão no gatilho para serem pagos por um contrato que começou em 20 de março confrontam falas soltas e controversas do gestor de que em seu governo “não existe corrupção”. O tapa-buraco já se notabiliza como uma das maiores operações de lavagem de dinheiro que Parauapebas já viu.

R$ 20 milhões em dívidas

Ainda que tenha retirado na calada da noite o anexo da nota fiscal da liquidação dos R$ 10.597.590,81 da Pavifênix do Portal da Transparência, o valor continua lá, escancarado. Também está lá a primeira nota fiscal da empresa, no valor de R$ 9.851.973,26, liquidada 20 dias após assinar o contrato, na negociata mais rápida da história. Aurélio Goiano já comprometeu R$ 20.449.564,07 dos cofres de Parauapebas apenas com a Pavifênix, valor suficiente para fazer 20 quilômetros de asfalto da melhor qualidade cidade adentro.

Enquanto isso, 18 mil parauapebenses vivem em ruas de chão batido, conforme revelou o Blog do Zé Dudu (relembre aqui), e outros milhares de cidadãos sonham que um asfalto digno chegue a porte de suas cassa para tapar os buracos, como prometido por Aurélio Goiano, que chegou a dizer por diversas vezes que acabaria com os malditos buracos em três meses, enganando 300 mil habitantes.

Entre tantas promessas falsas, uma verdade: o prefeito provou que, com ele, o buraco — para tratar de milhões com empreiteiras forasteiras em negócios suspeitíssimos — é mais embaixo. É a era do rombo que se avizinha.