Como jornalista esportivo e profundo conhecedor do futebol paraense, amparado pela liberdade de expressão garantida pela nossa Constituição Federal, escrevo este artigo para refletir sobre os motivos que, na minha opinião, culminaram na eliminação do Canaã FC na Série A2 do Campeonato Paraense de Futebol Profissional — a popular “Segundinha”.
Em 2023, o Canaã FC fez sua estreia na competição. O técnico Samuel Cândido iniciou o trabalho, mas foi demitido no decorrer da temporada, sendo substituído por Emerson Almeida — outro excelente profissional. Os jogos do time, carinhosamente apelidado de “Falcão”, foram disputados no Estádio Benezão, que, à época, contava com o devido laudo do Corpo de Bombeiros Militar do Pará e estava plenamente apto para sediar partidas oficiais.
A torcida de Canaã dos Carajás, apaixonada por futebol, foi um verdadeiro 12º jogador. Lotava o Benezão e empurrava o time para a vitória. O poder público municipal também fez sua parte: com aprovação da Câmara de Vereadores, repassou a administração do estádio para o Canaã FC e manteve os custos operacionais, como servidores e contas de energia, além de outros investimentos no clube.
O resultado desse esforço coletivo foi histórico: o Canaã FC sagrou-se campeão da Segundinha de 2023 e conquistou o direito de disputar a elite do futebol paraense em 2024. Lembro com emoção da grande final, com o Benezão completamente lotado.
Infelizmente, a estreia na primeira divisão não foi como se esperava. O time foi goleado pelo Clube do Remo no Mangueirão e, a partir daí, perdeu o equilíbrio técnico e psicológico, sendo rebaixado ao final da temporada.
Em 2025, a esperança se renovou. O experiente treinador Samuel Cândido foi novamente contratado para montar uma equipe competitiva — e o fez com sua já conhecida competência. No entanto, para surpresa geral da torcida, da imprensa e dos desportistas, a diretoria do Canaã FC decidiu mandar os jogos em Castanhal, cidade distante quase mil quilômetros de Canaã dos Carajás.
A justificativa? Falta de laudo para o Estádio Benezão. Mas aqui cabe a pergunta: se o Benezão recebeu jogos oficiais em 2023, por que não pôde fazer o mesmo em 2025? O que realmente aconteceu? De quem foi a falha para que não se conseguisse o bendito laudo?
O time estreou com derrota para o Itupiranga. Mas, mostrando força e bom futebol, se recuperou e chegou às semifinais da competição. No jogo de ida contra o São Raimundo de Santarém, no vazio Estádio Ninho do Japiim, em Castanhal, o Canaã FC sofreu uma derrota dolorosa no último lance: numa cobrança de falta, o adversário fez 2×1 e complicou a situação.
No jogo de volta, no último sábado, no Mangueirão, o Canaã FC pressionou, criou muitas chances, mas parou nas próprias finalizações. O placar de 0x0 foi injusto diante do volume de jogo apresentado — e o futebol, como sempre, puniu a ineficiência. Se os atacantes tivessem aproveitado as oportunidades, o placar poderia facilmente ter sido 3×0 para o Falcão.
Agora, resta juntar os cacos, reorganizar a casa e pensar na Segundinha de 2026. Que o clube volte mais forte — e, principalmente, mais atencioso com a imprensa. Durante toda a competição, estive cobrindo os jogos e escrevendo matérias jornalísticas com muito esforço. Infelizmente, a equipe de comunicação do Canaã FC não demonstrou profissionalismo: sequer enviava informações ou imagens dos jogos, dificultando nosso trabalho. A imprensa, ao contrário do que alguns pensam, é uma aliada importante da promoção esportiva.
Talvez o distanciamento da diretoria, que reside fora do país, explique esse descaso. Mas fica o alerta: ou o Canaã FC volta a mandar seus jogos em Canaã dos Carajás, onde nasceu e tem sua alma, ou muda de vez para Castanhal.
Essa é a minha opinião sobre o insucesso do Canaã FC na Série A2 do Campeonato Paraense 2025.
Por Carlos Magno
Jornalista filiado à Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Estado do Pará (ACLEP)
