O vaqueiro Marcos Antônio Pereira da Cruz, contratado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foi morto nesta segunda-feira (15), após ser atingido por um tiro durante operação federal na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu.
A ação faz parte do processo de desintrusão determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que prevê a retirada de ocupantes não indígenas e de gado mantido ilegalmente dentro do território.
De acordo com informações obtidas no local, o vaqueiro participava da retirada de animais quando foi alvo de uma emboscada armada na região conhecida como Linha 10, na estrada do “Capacete”. Ele havia se afastado do grupo principal para reunir um gado que estava solto, momento em que foi atingido por um disparo à queima-roupa no peito.
Equipes de apoio tentaram prestar os primeiros socorros no local e removeram o homem de helicóptero até o Hospital Municipal de São Félix do Xingu, mas ele não resistiu. O corpo foi resgatado por via aérea em um helicóptero para a base da operação.
Fontes que acompanham a ação afirmam que não havia indígenas na área no momento do ataque. A operação de desintrusão tem se concentrado na retirada de cerca de 1,3 mil cabeças de gado distribuídas em aproximadamente 45 pontos dentro da terra indígena, segundo estimativas do órgão ambiental.

Em nota oficial, o Ibama confirmou a morte e informou que a equipe “foi alvo de um ataque durante o cumprimento de decisão judicial do STF”. O instituto afirmou ainda que as autoridades competentes estão investigando o crime para identificar os responsáveis e responsabilizá-los conforme a lei.
O órgão manifestou solidariedade aos familiares e amigos da vítima e reafirmou o “compromisso com o cumprimento das decisões judiciais, a proteção das terras indígenas e a atuação integrada com os demais órgãos públicos”.
Participam da operação equipes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará).
A Terra Indígena (TI) Apyterewa, que abriga o povo Parakanã, é uma das áreas mais conflituosas da Amazônia. O território é alvo de invasões há anos e, desde setembro de 2025, é palco de uma das maiores operações integradas de desintrusão já realizadas no país.
A TI já teve histórico de maior desmatamento por quatro anos seguidos no Brasil, perdendo área de floresta maior do que Fortaleza, segundo estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
“Mataram o Marcos”
O Blog do Zé Dudu teve acesso ao Boletim de Ocorrência lavrado na Delegacia de Polícia Civil de São Félix do Xingu, no qual uma analista ambiental relata que, no local, estavam somente ela e um PM identificado como Munhoz, enquanto o vaqueiro Marcos Antônio estava em uma base cerca de 10km distante.
Eles aguardavam transporte para sair dali, entre as 9h e 10h do dia 15, quando perceberam um grupo de pessoas se aproximando e se esconderam. O PM produziu barulhos a fim de que percebessem que ali havia alguém, para que uma tentativa de conflito fosse afastada. No entanto, ainda ouviram alguém chamando por Tonho.
Por volta das 11h, eles foram resgatados em quadriciclo – único veículo com capacidade para trafegar no caminho muito acidentado –, só conseguindo chegar à base às 14h. Foram recebidos por outro vaqueiro, que já gritava “mataram o Marcos”. Não havia mais apoio no curral.
(Com informações do G1 PA)








1 comentário em “Vaqueiro contratado pelo Ibama executado dentro de reserva indígena”
Mais gado para os cubanos,1,3 mil gados dá prá fazer uma boa festa de fim de ano.