Valmir Mariano, prefeito de Parauapebas, concede entrevista exclusiva ao Blog

O Blogger entrevistou o prefeito de Parauapebas Valmir Mariano Queiroz. Durante a entrevista o Valmir comentou a campanha, as dificuldades encontradas em sua gestão e projetou o futuro do município anunciando obras e reformas administrativas. Confira o que disse o prefeito.

Zé Dudu – O senhor foi eleito usando como tema para a sua campanha a mudança. Passados dez meses de sua posse o que efetivamente mudou.

Valmir Mariano – Nós estamos mudando totalmente o conceito administrativo. Os  primeiros efeitos não aparecem de imediato. Estamos impondo mais austeridade nos processos da administração, criando novas metodologias e gerenciamentos de obras com o objetivo de dar austeridade e seriedade à administração pública.

Zé Dudu – Quando o senhor se candidatou a prefeito o senhor tinha o real conhecimento dos problemas que teria ao administrar Parauapebas ou, assim como a grande maioria da população, acreditava que todos os problemas seriam de fácil solução em virtude da também alta arrecadação?

Valmir Mariano – Como eu fui muito bem votado, o anseio da população é muito grande e a população espera o retorno de forma imediata. Isso é muito difícil, é praticamente impossível. Nós pegamos o município com demandas em todos os níveis. Eu não poderia nem pontuar aqui pois há uma grande demanda reprimida em todos os setores da administração. Nosso primeiro passo foi avaliar todas essas demandas e entrar dentro dos processos licitatórios. Eu confesso que esperava um retorno mais rápido, mas isso foi uma ansiedade minha como empresário. A gente vê que a máquina pública funciona de forma mais lenta. Então essa tem sido uma de nossas dificuldades.

Zé Dudu – Problemas burocráticos notadamente atrapalharam o primeiro ano do seu governo. Orçamento, formação do secretariado e a licitação estão entre eles. O senhor tem consciência que 2014 terá que ser um ano diferenciado, sob a pena da rejeição ao seu governo, que atualmente já é alta, chegar a patamares irreversíveis? O que está previsto para que essa rejeição fique em patamares aceitáveis?

Valmir Mariano – Executar tudo aquilo que foi comprometido. Todos os nossos compromissos de campanha estão sendo trabalhados. Alguns estão em fase de projetos, outros sendo licitados e alguns sendo executados. Repito que todos os compromissos, sem exceção, serão cumpridos ao longo do mandato. O povo clama por rapidez, todavia nada feito de forma acelerada fica bem feito.

Zé Dudu –   No que pese ao futuro de Parauapebas, com o malfadado término do minério de ferro daqui a alguns anos. O que o atual governo tem feito ou pretende fazer para que o impacto do fim do minério seja minimizado no município, ou, citando Fernando Pessoa, a regra é: “Esperar pelo melhor e preparar-se para o pior” ?

Valmir Mariano –  Essa tem sido a maior preocupação do nosso governo. Já era um dos nossos compromissos de campanha começar a pensar em outras alternativas econômicas para o município em um espaço de tempo menor, já que a tecnologia avança e com ela a extração do minério também avança. Visando esse ponto, nós convidamos a Fundação Paulo Haddad – eles já estão trabalhando com a gente –  para nos auxiliar na elaboração de projetos nesse sentido e uma das pautas é a criação de alternativas econômicas para o município. Esse é um processo lento, mas nós já estamos procurando essas alternativas. Uma delas será a criação de um Centro de Inteligência tornando Parauapebas um grande centro de serviços que abrigará os municípios vizinhos, como já é Marabá.

Zé Dudu – Detalhe melhor esse Centro de Inteligência.

Valmir Mariano – Será um centro de formação técnica e pedagógica. Traremos pra Parauapebas algumas universidades com cursos superiores nas áreas de engenharia, exatas e humanas. Nós agregaremos vários cursos para que a cidade seja uma cidade de estudantes para que aqui continue tendo uma alta circulação financeira.

Zé Dudu – Por falar em educação, o compromisso de acabar com os anexos até o final do ano está mantido?

Valmir Mariano – Nós temos dois problemas distintos. Um são os anexos e o outro é o turno intermediário. O primeiro será cumprido ainda esse ano ou no máximo no início do próximo. O turno intermediário será extinto até o final do mandado. Para isso nós já inauguramos cinco novas escolas – três na zona rural e duas na zona urbana –  todas com um novo modelo e padrão de qualidade bem melhor. Vamos inaugurar mais cinco escolas até o final desse ano.

Zé Dudu – Prefeito, a Vale, em recente reunião na ACIP afirmou que estaria tudo certo para o início do Projeto do ramal ferroviário entre Canaã dos Carajás e a EFC, em Parauapebas. Qual a posição da prefeitura de Parauapebas sobre esse ramal. O senhor já autorizou a Vale a iniciar as obras?

Valmir Mariano – Na verdade esse ramal já estava totalmente definido. No início do mandato eu cheguei a conversar com a Vale para ver se haveria a possibilidade de mudar esse percurso e nos foi informado ser totalmente inviável no atual momento, já que o projeto já tinha mais de seis anos. Como não foi possível alterar essa rota, nós procuramos acrescentar algumas condicionantes que beneficiarão o município. Buscamos comprometer mais a Vale com uma compensação financeira para Parauapebas. Quanto ao ramal, a Vale já recebeu do município a autorização para iniciar as obras.

Zé Dudu – Quais são essas condicionantes?

Valmir Mariano – Eram quatro condicionantes do governo anterior e nós acrescentamos mais quinze condicionantes. Inclusive, um dos motivos da parceria entre a Fundação Paulo Haddad e a PMP foi para que ele possa fazer frente as negociações com a Vale nessas condicionantes. Essas condicionantes serão materializadas por um Grupo de Trabalho exclusivamente formado para esse fim.

Zé Dudu – Parauapebas deve receber até o final do ano cerca de 900 milhões de reais do acordo que foi feito com a Vale sobre recuperação de créditos, o caso Pazzinato. Estes recursos devem, por força da lei, serem aplicados em infraestrutura. A sua administração já tem projetos para aplicar esses recursos?

Valmir Mariano – Sim. Temos vários projetos prontos e um outro tanto em andamento. Ontem mesmo concluímos o projeto de ampliação da PA-275, que trará um grande desafogo para o trânsito local; e o projeto da orla do Rio Parauapebas. Temos vinte escolas de nível intermediário para serem construídas, assim como vinte creches e três UPA’s – duas delas serão iniciadas já em novembro.

Zé Dudu – A obra da orla vem sendo prometida à população de Parauapebas desde o governo da ex-prefeita Bel Mesquita. Passaram Bel, Darci e não fizeram.

Valmir Mariano – Ela será feita no governo Valmir Mariano. É compromisso feito, e volto a dizer, todos os compromissos assumidos em campanha serão cumpridos. A primeira etapa dessa obra vai à licitação ainda este ano.

Zé Dudu – Me tira uma dúvida. Quanto o senhor cita a ampliação da PA-275, na realidade são as Ruas E e F pois a PA-275 é estadual, ou municipalizaram o trecho da PA que corta a sede do município?

Valmir Mariano – Nós estamos dando entrada em um projeto de Lei no sentido de municipalizar esse trecho, até porque ele sofre várias interferências do município. Para que você tenha uma ideia, hoje na PA o DMTT, que é um órgão municipal, não pode agir. Nós estamos trabalhando nessa municipalização e acredito que na próxima visita que o governador fizer a Parauapebas esse assunto estará na pauta.

Zé Dudu – Quando será essa próxima visita do governador?

Valmir Mariano – No próximo dia 23.

Zé Dudu – Denúncia da OAB-PA na justiça federal dá conta de supostas irregularidades na aplicação de recursos na educação em Parauapebas. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Valmir Mariano – Todas as denúncias recebidas pelo meu governo serão incansavelmente apuradas. Isso é uma determinação minha aos colaboradores, feita já no início da gestão. A minha tolerância com a corrupção é zero!  Os erros que porventura acontecerem serão tratados de forma rígida e os culpados deixarão o governo imediatamente e responderão administrativa e judicialmente por tais erros. Quanto a denúncia mencionada por você o município ainda não foi formalmente citado e eu não tenho conhecimento do teor da mesma. Por isso deixarei pra comentar somente quando tiver elementos para tal.

Zé Dudu – Me tire uma duvida. A Polícia Federal esteve no prédio da prefeitura de Parauapebas ou em alguma outro local colhendo informações, computadores e documentos que supostamente comprovariam tais denúncias.

Valmir Mariano – Não, isso nunca aconteceu! O que aconteceu foram boatos maliciosos jogados na internet por gente que não tem o que fazer e tenta, a qualquer modo, denigrir a imagem do meu governo e de alguns dos meus colaboradores. Mas eu não fico preocupado com isso. Como te disse, tenho muito o que fazer para cumprir todos os meus compromissos de campanha e farei isso.

Zé Dudu – A Câmara Municipal de Parauapebas atualmente conta com três grupos. O Solidariedade, com sete vereadores; o PT, com quatro vereadores e o grupo dos partidos de um vereador. Houve certo desgaste na relação executivo/legislativo em um primeiro momento de seu mandato. Como está essa relação hoje?

Valmir Mariano – Você colocou muito bem. Realmente no primeiro momento houve um desgaste. De uma parte por minha própria inabilidade política, mas a relação com o legislativo hoje está boa e hoje pelo menos dez dos quinze vereadores apoiam o governo. Com aqueles que hoje são oposição ao governo eu também tenho uma boa relação e procuro sempre usar do tratamento respeitoso e cordial com todos. Acredito que a CMP vem cumprindo bem seu papel de fiscalizar e estreitar a relação da comunidade com o executivo. Encaminhas a reforma administrativa para análise dos vereadores e estamos discutindo esse assunto com muita tranquilidade. Administrativamente a prefeitura de Parauapebas está uma colcha de retalhos, a última reforma foi há 21 anos, em 1992 e isso vem travando o governo; Faremos fusões de secretarias e desmembraremos outras; discutiremos cargos e salários dos funcionários públicos, criação de novos cargos.

Zé Dudu – Nos primeiros meses do seu governo se comentou a vinda do Ceasa para Parauapebas. A quantas anda essa ideia?

Valmir Mariano – Nos fizemos um contato com a Secretaria de Produção do Pará no sentido de trazer o Ceasa pra Parauapebas. Esse estudo está avançado e é um dos projetos que serão executados.

Zé Dudu – Na área da habitação, quais são seus projetos.

Valmir Mariano – A déficit de moradias em Parauapebas é muito grande. E além de ser grande temos uma dificuldade igualmente grande para equacionar esse problema de moradia. Durante a campanha eu assumi o compromisso de construir cinco mil casas. Nós já estamos com processos licitatórios para a construção de mais de oito mil casas, todas com os projetos definidos. Serão quatro mil e duzentos apartamentos em áreas adquiridas pela prefeitura e no Morro do Chapéu vão ser construídas duas mil e quatrocentas casas. Chegamos a conclusão que isso ainda não será suficiente para resolver a demanda por moradias em Parauapebas, pois em Parauapebas chega cerca de cem famílias por semana, o que dificulta as ações nesse sentido. Outro agravante na área habitacional é no que pese a regularidade das invasões. O bairro Paraíso, por exemplo, ali não se pode fazer nada em virtude das irregularidades apresentadas – a declividade do bairro é superior a 45º e existe uma demanda judicial pela posse da área, que é do Incra e uma Associação teria efetuado uma compra indevida – fatos que impedem que as solicitações por infraestrutura daqueles moradores sejam atendidas. Especificamente ali, o que será feito é o remanejamento daqueles moradores para outras áreas. Isso já está sendo providenciado e é do conhecimento das lideranças do bairro. Infelizmente eles continuam com as interdições das vias públicas, mas, nem isso fez com que o governo paralisasse os projetos para aqueles moradores.

Zé Dudu – As obras no Complexo Altamira, em fase final e onde foram investidos cerca de R$120 milhões estão paralisadas. Quando estas obras serão retomadas?

Valmir Mariano – Realmente, ali já foram investidos R$120 milhões. Eu estive pessoalmente lá essa semana verificando a situação e estamos reavaliando o projeto. Eu não gosto de falar das gestões anteriores, todavia, a verdade é que o dinheiro para a execução terminou e a obra não. Esta semana estaremos concluindo essa avaliação e provavelmente daremos início na conclusão da mesma.

Zé Dudu – Desde o início da sua gestão já aconteceram nove trocas no secretariado. Novas trocas virão até que a equipe esteja jogando limpinho, afinada com as suas intenções?

Valmir Mariano – É possível. É preciso enquadrar o time. A coisa mais difícil – como empresário eu posso te adiantar – é formar equipe. Minha empresa tem vinte e cinco anos em Parauapebas e eu ainda tenho dificuldade de montar e manter a equipe. A atual equipe do meu governo está afinada com os compromissos que fiz e salvo algum fato excepcional ela será mantida. A tolerância é zero com quem não se enquadrar nas orientações de austeridade com os recursos públicos.

Zé Dudu – No dia 3 de janeiro, logo após sua posse, eu lhe entrevistei. Naquele momento o senhor me disse que estava 10% político e 90% empresário. E hoje, passados dez meses, a quantas anda esse percentual, já adquiriu mais traquejo político?

Valmir Mariano – Deve ter avançado um pouco. Reconheço que sou muito técnico e muito empresário isso me faz passar por algumas dificuldades no que pese à política. Mas você aprende, o trabalho é que faz o aprendizado. Eu quero te dizer uma coisa: o meu sentimento nesses dez meses é que o político deveria ser um pouco mais empresário e o empresário um pouco mais político, existe um desnível muito grande entre os dois e isso distancia na área de gestão.

Zé Dudu – Fazendo um balanço do seu governo, como o senhor o analisa?

Valmir Mariano –  Nos últimos oito anos foram inauguradas quinze escolas. Nós vamos inaugurar dez só esse ano, e, com exceção de uma, todas elas pegamos no chão. A água era um problema de 16 anos. Nós dobramos a nossa capacidade de produção de água em menos de cinco meses – recebemos com capacidade de produção de 25.000 l/dia, hoje já produzimos 40.000 l/dia e o projeto de água e esgoto para mais 350.000 habitantes já está pronto. Isso foi compromisso assumido durante a campanha que está sendo cumprido.

Com relação ao trânsito, fechamos um compromisso com a empresa do Jaime Lerner. Sua equipe já esteve em Parauapebas para fazer um estudo do nosso trânsito e depois de apresentado tomaremos medidas para melhorar as condições de trafegabilidade e diminuir os acidentes que atualmente estão acontecendo. Ampliamos o DMTT mas ainda não o resultado.

Já praticamente concluímos as desapropriações necessárias para a duplicação da Rodovia Faruk Salmen e a obra deve ser iniciada ainda esse ano. Negociamos com a Vale e ela tocará a obra e nos entregará pronta.

Outro compromisso assumido e que está em fase de execução é a Escola de tempo integral. Inauguraremos a primeira no ano que vem, uma obra de 4.200 metros quadrados de construção.

O governo não está parado, pode estar certo disso. Estamos trabalhando muito para cumprir tudo que foi compromisso de campanha, trabalhando para organizar a casa e cumprir o mandado de uma forma que a população fique satisfeita, pois garantir a felicidade do cidadão parauapebense é o dever de quem se elege para esse cargo.