Taxa de detecção de hepatite A apresenta queda em Parauapebas

De 2012, quando o município atingiu o pico máximo de 39,1 casos por 100 mil habitantes, para cá, a taxa de detecção de hepatite A no município vem caindo vertiginosamente

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 400 milhões de pessoas em todo o mundo estejam infectadas pelos vírus da hepatite B e C. Número dez vezes maior que o de pessoas contaminadas pelo vírus HIV. Mas, a maior parte dos portadores sequer sabe que está doente. Segundo a OMS, apenas uma em cada 20 pessoas com hepatite viral sabe que está doente e só uma em cada 100 pessoas com a doença está recebendo tratamento.

No Brasil, milhões de brasileiros são portadores do vírus B e C e não sabem (PAHO, 2016); e mais de 70% (23.070) dos óbitos por hepatites virais são decorrentes da Hepatite C, seguido da Hepatite B (21,8%) e A (1,7%). O país registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017.

Em Parauapebas, entre os anos de 2008 e 2018, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 504 casos de hepatite virais. Destes, 45,8% (231) são de etiologia viral HAV, 44% (222) de etiologia viral HBV, 8,9% (45) de etiologia HCV e nenhum caso para hepatite D.

Após 2012, quando se atingiu o pico máximo de 39,1 casos por 100 mil habitantes, a taxa de detecção de hepatite A no município vem apresentando uma importante queda, com nenhum caso por 100 mil habitantes em 2018.

Nesse mesmo período, as taxas das hepatites B e C mostraram tendência de aumento, mas que logo foram controladas e também apresentaram queda. Em 2018, as taxas foram de 3,9 e de 1,5 casos por 100 mil habitantes para os dois agravos, respectivamente. Vale ressaltar que nenhum caso de hepatite D foi registrado em Parauapebas.

Observa-se ao longo dos anos uma queda na taxa de incidência em ambos os sexos, chegando à marca histórica de nenhum caso registrado no ano de 2018, podendo está relacionada à melhoria das condições de higiene da população e também pela incorporação da vacina contra a hepatite A no esquema vacinal do Programa Nacional de Imunização (PNI) desde o ano de 2014. No período de analisado, a proporção de casos de hepatite A no sexo masculino foi de 53,68% (124), e no sexo feminino, de 46,32% (107). Com relação aos casos notificados no ano de 2017, a proporção entre indivíduos do sexo masculino foi de 50% (1/2), e de 50% (1/2) entre indivíduos do sexo feminino.

A Hepatite A tem como transmissão a via fecal-oral, com maior incidência nos locais onde o saneamento básico é deficiente ou inexistente. Sendo que a incidência de hepatite A permaneceu mais elevada em crianças menores de 10 anos de idade em relação às outras faixas etárias até o ano de 2014.

Dos casos acumulados de hepatite A nos anos de 2008 a 2017, aqueles ocorridos nessa faixa etária correspondem a 61,04% (141). Crianças nesta fase de idade são mais suscetíveis devida à aglomeração e os hábitos característicos do período escolar e creches.

Em relação ao critério raça/cor, verificou-se uma melhoria na qualidade dos dados relativos a essa informação para a hepatite A. O percentual de notificações sem preenchimento ou com marcação do campo “ignorado” diminuiu a zero em 2017. Nesse mesmo ano 2017, aqueles autodeclarados pardos concentram 100% dos casos.

Analisando o bairro de residência dos indivíduos confirmados com hepatite A durante toda a série histórica, verifica-se que o Bairro Liberdade é o que apresenta o maior percentual de casos, com 11,25% (26/231) do total de casos acumulados.

Quando analisada a categoria de exposição dos casos de hepatite A, observa-se que a maioria desses casos tem sua categoria de exposição por via alimentar através de água ou alimentos contaminados com 126 casos do total de acumulados ao longo do período analisado. Em seguida aparece a exposição por medicamentos injetáveis com 107 casos, e por via sexual e ocupacional, ambos com 4 casos. Esses resultados confirmam que a causa da transmissão da hepatite A está relacionada, principalmente, a condições precárias de higiene e saneamento básico.

Apesar de a hepatite A não ser uma infecção sexualmente transmissível, no ato sexual o contato oral com a região perianal ou com material fecal pode transmitir o vírus de uma pessoa para a outra, o que acontece na maioria das vezes em homens que praticam sexo com homens (HSH).

Hepatites, o que são?

As hepatites virais são inflamações no fígado causadas por vírus, classificadas por letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E. As hepatites virais representam um grande desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo, gerando impacto de morbidade e mortalidade.

Em muitos casos, não há nenhum sintoma e isso aumenta os riscos da infecção evoluir e se tornar crônica, causando danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer. Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina, que detectam as hepatites.

Este cuidado é ainda mais importante nos seguintes casos: pessoas que não se imunizaram para hepatite B; ou que têm mais de 40 anos e que podem ter se exposto ao vírus da hepatite C no passado (transfusão de sangue, cirurgias).