Uma chuva no meio desta semana amenizou os incêndios em São Félix do Xingu, no sul do Pará. Mas a cidade ainda é a que mais registra focos de fogo em todo o Brasil para o mês de agosto. Segundo o Banco de Dados de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 12.766 focos de queima foram registrados no município desde o início do mês, quantidade maior do que a detectada na maior parte dos estados do país.
A situação é grave, segundo o secretário de Meio Ambiente de São Félix do Xingu, Vicente Alves de Paula. "O tempo está seco e o fogo se alastra por pastagens. A dificuldade é que ficamos esquecidos pelo poder público estadual e federal. A secretaria da cidade não tem brigada de incêndio nem Corpo de Bombeiros e ninguém se preocupa em combater o fogo", diz.
De acordo com o secretário, a Secretaria de Meio Ambiente do Pará foi comunicada a respeito dos incêndios na cidade desde meados de julho. "Não houve prevenção ou combate ao fogo", diz Vicente Alves de Paula.
Apenas entre quinta e sexta-feira (dias 19 e 20), São Félix do Xingu registrou 1.117 focos de queima, considerando imagens geradas por todos os satélites disponíveis no sistema do Inpe. A quantidade de focos registrados em agosto, de 12.766, representa mais do que o dobro de focos registrados para a segunda cidade mais atingida no mesmo período no estado, Cumaru do Norte, que teve 5.744 focos.
Sozinha, São Félix do Xingu registrou no mês de agosto mais focos de incêndio do que o detectado para cada estado do Brasil, exceto Tocantins, Mato Grosso e o próprio Pará. Rondônia, o quarto estado mais atingido por incêndios no país neste mês, teve 7.472 focos de incêndio em todas suas cidades.
De acordo com Vicente Alves de Paula, a região urbana de São Félix do Xingu está coberta de fumaça. Segundo ele, em 2009 o Ibama sobrevoou as áreas de queima com helicópteros. "Isso ajudou a intimidar as queimadas, mas este ano nada foi feito." A cidade tem 67.208 habitantes, de acordo com dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A área do município é de 84.212 km², semelhante ao dobro do tamanho do estado do Rio.
O diretor de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente do Pará, Hayman de Souza, explica que a região está sendo monitorada por representantes de Tucuruí e de Marabá. "A região está sob controle", diz ele. Segundo Souza, os dados do Inpe orientam o combate ao fogo, mas precisam ser avaliados antes da tomada de qualquer decisão. "Às vezes, os focos não são contínuos e todo dia há dados novos. Eles precisam ser verificados in loco", diz.
Para o comandante operacional do Corpo de Bombeiros do Pará, Mário Wanzeler, o sul do estado ainda é a região mais crítica do estado. "Isso ocorre porque nessa área há maior concentração de fazendas e assentamentos", diz ele, ressaltando que as principais áreas de atuação para o controle de fogo estão em Marabá, Parauapebas e Redenção.
Fonte: G.Amazônia
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