Segurança: para refletir

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Já disse Paulo Coelho, “ aos poucos, fomos perdendo a suave visão da morte. Mas não importa o que pensamos, o que fazemos ou em que acreditamos: queiramos ou não, vamos todos morrer um dia”.

Sim, mesmo com todo o avanço de nossa medicina, mesmo com o avanço nas pesquisas por novos medicamentos, vamos todos morrer um dia.

É necessário que aceitemos a morte para que vivamos bem.

Aceitar a morte é difícil, ainda mais quando perdemos um ente querido de forma violenta como foi o caso do Altamiro. Todos nós, pais, filhos, familiares, quando saímos de nossas casas pela manhã para trabalhar, saímos com a esperança do reencontro a noite.

Ontem, depois de noticiar aqui a morte violenta do empresário Altamiro Borba Soares, me coloquei a pensar em quanto somos frágeis e dependentes. Dependemos de um sistema de segurança que se mostra, a cada dia, falido.

Não há a necessidade de se achar culpados para a morte de Altamiro ou de qualquer outro que perdeu a vida violentamente nos últimos anos. A culpa é da quadrilha de assaltantes que agiu de forma truculenta nesse caso. Talvez sabendo que estava sendo seguido, Altamiro se apressou para entrar na agência bancária. Vendo que sua intenção de roubar o empresário estaria prejudicada se o mesmo adentrasse à agência não restou alternativa ao assaltante se não atirar pelas costas, matando-o.

Tinha o assaltante outra alternativa?

Sim! Poderia o imbecil ter atirado nas pernas do empresário. Poderia ter-lhe dado voz de assalto, parando-o antes da porta do banco. Poderia até mesmo sequestrado o empresário, soltando-o mais tarde em algum lugar ermo do município.

Mas não. A certeza da impunidade tem levado os bandidos a ações extremas. Tirar a vida virou coisa corriqueira. O temor a Deus eu sei que não existe nesses escroques da sociedade. Restaria a eles o temor ao poder de polícia. Porém, os bandidos sabem melhor do que muitos a fragilidade com que nossa polícia trabalha aqui em Parauapebas.

Altamiro foi assassinado dentro de uma agência de um banco federal. Porque não envolver a Polícia Federal, mais aparelhada e acostumada a agir contra esse tipo de crime, já que o banco é federal?

Cabe ao Estado garantir a segurança pública à população. No Pará, a logística da PM é feita de forma irracional. Já disse aqui que as guarnições da PM são mal distribuídas. Parauapebas, Canaã dos Carajás e Curionópolis, cidades que recebem gente estranha a todo dia e cuja a população não se conhece, recebem menos policiamento que, por exemplo, a centenária ,Castanhal, onde todos se conhecem e onde os crimes contra a vida tem índices irrelevantes.

Em Parauapebas poucos sabem o nome do vizinho. As chances de dois desconhecidos se encontrarem em uma festa e ali irem às vias de fato são muito grandes pois não existe qualquer vínculo entre eles. Em Castanhal, por exemplo, os que estão em uma festa sabem quem são os outros, conhecem suas famílias, seus endereços, provavelmente estudaram na mesma escola, há um vínculo entre eles. Esse fato deveria fazer parte dos itens de segurança quando se faz a distribuição dos novos praças.

O Quartel da PM em Parauapebas é responsável por garantir a segurança em Eldorado dos Carajás, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Serra Pelada, Carajás e Zonas Rurais. Atualmente o comandante Tenente Coronel Mauro Sergio conta com pouco mais de 100 militares em seu efetivo. É bom lembrar que tais militares tiram férias, adoecem, trocam turno… A região está constantemente em conflito. Interdições na portaria de Carajás, em Serra Pelada, em rodovias. . .  Monitoramento nos bancos quando é data de pagamento, reintegrações de posse e auxílio ao poder judiciário são ações em que a PM de Parauapebas tem obrigação de estar presente.

Imagine uma interdição da ferrovia, da portaria da Vale e em Serra Pelada e ao mesmo tempo os bancos fazendo pagamentos de funcionários. Como agir com tão pequeno aparelhamento humano.

Nossos edis deveriam fazer uma visita ao governador Jatene, ao Secretário de Segurança Pública e ao Comandante da PM no Pará e explicar-lhes esse  pequeno detalhe que nossa região vive, tentando sensibilizá-los de que merecemos uma atenção diferenciada antes de cobrar do comandante local uma melhor segurança ao nosso povo.

Querem segurança de excelência?

Dê-lhe ferramentas para tal. Quem sabe bem aparelhada e com pessoal suficiente para suprir nossa demanda a PM possa impedir que outras mortes violentas aconteçam pois mais bandidos serão presos ou se mudarão para os quintos dos infernos, de onde nunca deveriam ter saído.

Que a morte do amigo Altamiro sirva para que as coisas mudem. Se mudarem pelo menos ficaremos com o sentimento de que ele não morreu em vão.

6 comentários em “Segurança: para refletir

  1. Mauricio Responder

    A verdade é que ninguém precisa morrer para que tenhamos aquilo que nos é devido: SEGURANÇA! A Marginalidade na cidade é cada vez maior, isso é absurdo.

  2. Leitor Responder

    Ótimo texto e reflexão Zé!
    eu cheguei aqui por volta de 1988! Até uns tempos atrás conhecia quase todo mundo, ao menos sabia quem estava por perto. Me sentia seguro. Hoje pra onde nos viramos nos deparamos com gente estranha, pessoas que só pelo analise de olhar sabemos que não são gente de boa indole. E isso só tem crescido, o indice de violência por parte desses bandidos que aqui chegam a todo dia vem crescendo. A cidade tá inflando, e não é só de pessoas que vem com boas intenções, em trabalhar e viver honestamente. Eu não frequento certos locais, bares, casas de festas porque sei que alí além de ter pessoas boas e honestas, vai ter pessoas más, na sua maioria bandidos, disfarçados de cidadãos como nós, que aqui chegamos ha muito tempo, e aqui vivemos dignamente. É triste ver essa cidade crescer, acompanhar tudo desde antes dela se tornar cidade e hoje sentir se acuado, com medo, e refém dessa violência que tem imperado. E as autoridades nada fazem, ou pouco fazem!

  3. Beto Oliveira - Liderança FM Responder

    O seu comentário está aguardando moderação.
    23 de julho de 2013 às 11:51
    É a falta de humanidade, respeito ao próximo que existe por parte desses fungos que se infiltram na sociedade em busca de adquirir bens de forma fácil, desonesta, violenta e sem nenhum sentimento de amor ao próximo! A certeza da impunidade os fortalecem a cometer tais atrocidades. Assim também como a falta de respeito dos governantes com a sociedade, onde impera a ganancia e a falta de interesse da maioria deles pelos mesmos que lhes deram a oportunidade de fazer valer por uma sociedade mais justa com direito ao emprego a moradia digna e a segurança! Sabemos também que a violência pode ser praticada em qualquer lugar, quando a intenção de certos indivíduos é essa! De fazer o mal sem olhar a quem, em nome de um propósito covarde e desumano! Maldito seja tais elementos, se a justiça dos homens não for capaz de fazer justiça, sabemos que Deus é justo! E que ele não deixará um só crime impune! Meus sentimentos a família de um pai, um esposo,um amigo, empreendedor e acima de tudo um ser humano assim como nós.

  4. Anônimo Responder

    Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.
    Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.
    parauapebas precisa buscar Deus, Deus proteje e tudo acontece com sua permissão, aí sim, depois a segurança dos homens.

    Salmos 127:1-2

    • Marcos Responder

      Não discordo do seu pensamento, mas venhamos e convenhamos: De nada adianta uns buscarem a Deus se aqui chega todo dia milhares de bandidos. E se o governo não investe em segurança. E quanto a citar religião, isso não tem nada a ver, haja vista o povo evangélico ser tanto na cidade. E a violência continua a mesma. O que tá faltando é controle na entrada de pessoas que chegam principalmente pela ferrovia. E investimento pesado na segurança e em projetos sociais.

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