Os resultados da balança comercial brasileira de abril trazem uma mensagem subliminar um pouco melhor para Parauapebas: os royalties de mineração que serão recebidos pela prefeitura no mês de junho vão “paquerar” cerca de R$ 50 milhões, melhor que os R$ 41,5 milhões de junho de 2024. Ainda assim, abaixo da média geral dos últimos quatro anos, de R$ 70 milhões mensais. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.
Com 379,93 milhões de dólares exportados em commodities, predominantemente minério de ferro, Parauapebas praticamente repetiu a performance de abril de 2024, quando exportou 383,99 milhões de dólares. A grande diferença está no preço médio internacional com que o minério de ferro local foi negociado na bolsa de commodities de Dalian, na China: 97 dólares na média de abril deste ano, bem abaixo dos quase 120 dólares do mesmo período do ano passado.
Essa diferença de cerca de 20 dólares de um ano para outro no preço de venda do minério só não terá impacto negativo porque em abril do ano passado o dólar valia, em média, R$ 5,13, enquanto este ano passou a valer R$ 5,78. O dólar mais caro torna o minério mais competitivo no mercado internacional e ajuda no ganho da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).
Assim, numa conversão direta das exportações de minério de ferro de Parauapebas em abril (que gera a Cfem de junho) pelo dólar, aplicando-se a alíquota de Cfem incidente sobre a commodity, a Capital do Minério tem a receber no mês que vem, pelo menos, R$ 46,1 milhões. Porém, o valor nunca dá exato porque a metodologia de cálculo de algumas mineradoras é cheia de maracutaias devido a deduções aplicadas na formação bruta do preço de venda do produto. Inclusive, mineradoras como a multinacional Vale são partes em disputas judiciais bilionárias com a Agência Nacional de Mineração (ANM) por suposto calote no pagamento de royalties.
Cenário não é animador
Parauapebas enfrenta uma onda de redução na produção física de minério de ferro para que a produção em Canaã dos Carajás seja privilegiada, em linha com o plano estratégico da Vale, que detém a concessão de lavra da commodity nos principais projetos da indústria extrativa mineral.
Esse é um caminho sem volta e até já consagrou a Terra Prometida como maior produtor de recursos minerais do Brasil de agora por diante, ao passo que Parauapebas vai saindo sem aviso prévio do topo dos principais rankings nacionais de medição de exportações e produção de riquezas, nos quais reinou por anos.
A Capital do Minério chegou a ser o maior exportador do Brasil em 2013 e 2014 e até foi destaque no crescimento proporcional do Produto Interno Bruto (PIB) entre os municípios em 2015, 2016, 2017, anos extremamente difíceis para a economia local e que exigiram da Vale volumes recordes de extração de minério para compensar a baixa na cotação internacional do produto.
O resultado disso foi a menção de Parauapebas em pesquisas técnico-científicas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e publicações da imprensa especializada em economia sobre produção de riquezas. Veja, Exame, Valor Econômico, Folha de São Paulo, esses veículos, entre outros, por vezes pintaram uma realidade que nem era a do momento no município, principalmente quando mencionavam o PIB, indicador cuja apuração tem carência de dois anos em relação à data oficial de divulgação.
Mas os anos de ouro, e mesmo os saudosos períodos de controvérsias com os números produzidos por Parauapebas, ficaram para trás, e o próprio IBGE passou a notar a tendência de retração econômica da Capital do Minério, de modo que reportou até encolhimento das riquezas do município, algo inédito no país.
Agora, é a vez de Parauapebas lidar com sua dura, mas nova, realidade e conseguir se equilibrar de forma prática com as finanças abaixo do esperado para as suas despesas em uma gestão que se iniciou disposta a gastar como nunca. O desafio é homérico para uma cidade que pensou que suas riquezas fossem eternas e não se preocupou em se preparar adequadamente para os momentos que não fossem os de glória. E, pelo visto, entra governo, sai governo, a sensação de despreocupação nunca muda.
1 comentário em “Queda na Cfem de Parauapebas vai dar trégua em junho”
Não se preocupe Zé,um dia o juiz eterno reunirá os ratos e eles terão que prestar contas dos bilhões que roubaram da nossa gente, haverá choro e ranger de dentes.