Produção de minério em Carajás é a menor em 4 anos

Levantamento exclusivo do Blog do Zé Dudu mostra que retirada do principal produto do Pará encolheu, ainda assim alcançou lucros escalafobéticos em razão da supervalorização na China

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Se, em 2021, tudo foi bem para a indústria mineral do ponto de vista de receitas, o mesmo não se pode afirmar no tocante à produção física de uma das principais commodities do país e que sustenta a maior parte das contas do Pará: o minério de ferro. Levantamento extraoficial realizado pelo Blog do Zé Dudu mostra que a produção mineral consolidada no ano passado foi a menor dos últimos quatro anos, embora o faturamento com esse produto tenha sido o maior da história.

Dados sem ajustes do Ministério da Economia mostram que as minas de Serra Norte, localizadas em Parauapebas, produziram no ano passado 100,06 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro. Na Serra Sul, em Canaã dos Carajás, foram extraídas 72,64 Mt da commodity. Ao lado, na Serra Leste, situada nos domínios do município de Curionópolis, a produção alcançou 3,22 Mt. Juntando toda a produção, Carajás rendeu 172,7 milhões de toneladas de minério de ferro.

No entanto, esse valor corresponde apenas ao total exportado. Por isso, frequentemente eles ficam abaixo dos relatórios finais da mineradora multinacional Vale, quando esta presta contas ao mercado de sua produção trimestralmente. Fazendo-se ajustes para sincronizar com os dados que a Vale deve apresentar em fevereiro, a região de Carajás terá fechado 2021 com volume de 180 Mt de minério de ferro.

Ainda assim, a tonelagem fica atrás dos resultados alcançados em 2020, que foi de 192,3 Mt; em 2019, no total de 188,7 Mt; e em 2018, quando foram registrados 193,6 Mt, recorde histórico ainda não superado.

Mesmo com a redução da produção, a dinheirama movimentada em minério de ferro na região de Carajás foi colossal e épica no ano passado, em decorrência dos picos de valorização do produto no mercado internacional, que assistiu à tonelada tocar 237 dólares em maio. Em 2021, as operações da região envolvendo minério de ferro totalizaram R$ 122,15 bilhões, quase R$ 50 bilhões a mais que os R$ 75,94 bilhões registrados em 2020. Em 2019, foram R$ 51,51 bilhões e, em 2018, quando o estado registrou recorde de produção da commodity, foram R$ 28,38 bilhões.

Vale não está mais só

Desde 2020, a Vale deixou de ser a única exploradora de minério de ferro no Pará. Hoje, além dela, a empresa Mineração Floresta está no ramo, lavrando o produto no município de Floresta do Araguaia. O faturamento da Mineração Floresta no ano passado foi de R$ 146,14 milhões, crescimento de 153% frente ao seu primeiro ano de atividade, em 2020, quando retirou R$ 57,712 milhões.

Se mantiver o pique de crescimento, a mineradora ultrapassa seu primeiro bilhão de reais em minério de ferro até 2025. A empresa literalmente está com a faca e o queijo para tornar-se uma das gigantes do Pará.