Preço da carne vermelha só vai baixar no ano que vem, diz CNA

Superintendente técnico da entidade afirmou que vários fatores “culminaram para que a carne tivesse um preço elevado, que não permanecerá"

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Brasília – O vilão da inflação do governo Bolsonaro já se apresentou, trata-se da carne vermelha. Classificando o aumento do preço do produto no final de 2019 como algo atípico, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) prevê que os valores comecem a se acomodar a partir do início do ano que vem.

O preço da carne bovina chegou a um patamar que até mesmo os chineses não estão dispostos a pagar, o que deve provocar um recuo no valor, inclusive no Brasil, segundo a CNA.

Durante divulgação do balanço da atividade agropecuária e das perspectivas para 2020, nesta quarta-feira (04), o superintendente técnico da entidade, Bruno Lucchi, afirmou que vários fatores “culminaram para que a carne tivesse um preço elevadíssimo, que não vai permanecer”.

Os preços médios da carne bovina importada pela China saíram de US$ 4.600 por tonelada para US$ 5.200 por tonelada, com picos próximos aos US$ 6 mil por tonelada. “São valores recordes que nem os chineses estão dipostos a pagar. Por isso, haverá o ajuste”, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.

Apesar disso, o presidente da CNA, João Martins, afirmou que a tendência é a de que os preços não cheguem ao patamar de 90 dias atrás, considerado baixo.

Além do crescimento da demanda da China, que enfrenta uma epidemia de peste suína africana e também aumentou o consumo devido a um fator cultural, o Ano Novo Chinês, Bruno pontua que havia, ainda, uma oferta reprimida e demanda em recuperação.

Na Praça da capital do país, a alta de até 25% no preço, o brasiliense substitui carne bovina por outras opções. O preço do contra-filé nos açougues de Brasília amanheceu a R$ 40,00 o kg, nesta quarta-feira (4) e as vendas desabaram.

“Também houve um incremento da renda do brasileiro, que compra mais neste fim de ano; um período ruim da oferta de carne, porque abatemos muitas fêmeas e a seca se prolongou neste ano”, pontuou.

Segundo os dados da entidade, a China aumentou, entre janeiro e outubro, o volume de exportações tanto de carne bovina (54,5%) quanto de suína (49,4%) e de frango (49,2%).

Ele ressalvou, contudo, que a perspectiva é recuperar os preços da atividade agropecuária, o que deve estimular o produtor a responder a elevação da demanda.

“O produtor vai ter estímulo para aumentar sua produção, e nós temos capacidade de responder a isso. A população não vai pagar mais caro. No início do ano, que é de consumo mais acelerado, a tendência é que isso tudo já se equalize.”

Quanto à carne suína e de frango, segundo ele, a expectativa é que também haja redução. “Nesses casos, o produtor já começou a se preparar para esse aumento desde o início do ano. A gente vinha de uma crise em função do tabelamento de frete, greve de caminhoneiros, problema com Europa, mas a capacidade de recuperação é maior”, explicou Bruno.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu, em Brasília.

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