Pará registrou 156 conflitos por terra em 2021, diz estudo da CPT

Números estão no relatório “Conflitos no Campo Brasil 2021”, apresentado na CNBB, em Belém, pela Comissão Pastoral da Terra

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O estado do Pará liderou o ranking nacional de conflitos por terra em 2021, com 156 casos. Entre os principais promotores dos conflitos por terra estão os fazendeiros (25%), seguido por grileiros de terras (19%) e garimpeiros (15%). Já entre quem sofre com os conflitos no campo no Pará, estão, principalmente, os povos indígenas (38%), sem-terra (29%) e assentados da reforma agrária (13%).

Os dados foram computados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Regional Pará, e apresentados ontem nesta quinta-feira (19), na 36ª edição do relatório “Conflitos no Campo Brasil”, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Norte 2, em Belém.

Segundo o levantamento feito pelo Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino (Cedoc-CPT), depois do Pará, os Estados que mais apresentaram conflitos por terra, no ano passado, foram Bahia (134) e o Maranhão (97). Ao todo, no Brasil, foram registradas 1.242 ocorrências de conflitos por terra, que envolveram 670.760 mil pessoas.

Um dado interessante desse levantamento é o conflito por água no Pará. Em 2020 foram registrados 31 conflitos com essa motivação, envolvendo 7.871 famílias. Já em 2021 ocorreram 47 conflitos, com 16.122 famílias envolvidas. Os indígenas são as principais vítimas: representam 43% desse total.

No Brasil, em 2021, a CPT contabilizou 304 conflitos por água, sendo 224.540 pessoas envolvidas. Entre todos os Estados brasileiros, o Pará só fica atrás da Bahia no número de conflitos. O estado nordestino registrou 80 ocorrências de conflitos pela água. Apesar da Bahia ter mais casos, o Pará é o que tem mais famílias envolvidas, mais de 16 mil.

O Cedoc-CPT levantou ainda que ocorreram 35 homicídios motivados por conflitos no campo em 2021. Rondônia é o Estado que mais registrou mortes (11), enquanto no Pará aconteceram dois assassinatos: Isac Tembé, da Terra Indígena Tembé, e Fernando dos Santos Araújo, que havia sobrevivido do massacre de Pau D’Arco (em maio de 2017). Mas, além deles, ocorreram quatro tentativas de assassinato; duas mortes em consequência de conflitos e há 18 pessoas ameaçadas de morte.

Crédito da foto: Lunaé Parracho/Repórter Brasil

LEGENDA: Fernando, assassinado ano passado, era sobrevivente e principal testemunha de chacina

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